Roteiro 5
Vidência e audiência
Objetivos específicos: Conceituar vidência e audiência. — Analisar as principais características da vidência e da audiência mediúnicas.
SUBSÍDIOS
E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, ao alto do monte, e se transfigurou diante deles. […] E apareceram-lhes Elias e Moisés e falavam com Jesus. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. […] E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. Jesus (Marcos, 9. 2; 4-5 e 7)
Este texto evangélico exemplifica a mediunidade de vidência ou de efeitos visuais. Trata também, da transfiguração, um fenômeno de efeito físico. (6) Infelizmente, existem pessoas que qualificam as visões mediúnicas como alucinações ou como sendo algo demoníaco. A respeito, elucida Emmanuel:
Várias escolas religiosas, defendendo talvez determinados interesses do sacerdócio, asseguram que o Evangelho não apresenta bases ao movimento de intercâmbio entre os homens e os espíritos desencarnados que os precederam na jornada do Mais Além… […] Aliás, em diversas circunstâncias encontramos o Cristo em contato com almas perturbadas ou perversas, aliviando os padecimentos de infortunados perseguidos. Todavia, a mentalidade dogmática encontrou aí a manifestação de Satanás, inimigo eterno e insaciável. Aqui, porém, trata-se de sublime acontecimento no Tabor. Não vemos qualquer demonstração diabólica e, sim, dois Espíritos gloriosos em conversação íntima com o Salvador. E não podemos situar o fenômeno em associação de generalidades, porquanto os “amigos do outro mundo”, que falaram com Jesus sobre o monte, foram devidamente identificados. Não se registrou o fato, declarando-se, por exemplo, que se tratava da visita de um anjo, mas de Moisés e do companheiro, dando-se a entender claramente que os “mortos” voltam de sua nova vida. (12)
1. CONCEITOS
1.1 — Vidência
A vidência é a faculdade mediúnica de ver os Espíritos. Alguns videntes «[…] gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembrança precisa do que viram; outros só a possuem em estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo.» (9)
A visão de Espíritos ou de cenas da vida espiritual durante o sonho é uma variedade da faculdade de vidência, (9) «[…] mas não constitui, propriamente falando o que se chama médium vidente.» (9) Os médiuns videntes possuem uma espécie de segunda vista, (9) uma vez que a visão mediúnica extrapola a física. A dupla vista é mais acurada no estado de sonambulismo porque o médium encontra-se desdobrado, em «[…] estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. (1) Entretanto pode ocorrer a dupla vista sem que o corpo do médium esteja adormecido. «A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma.» (4) Costuma-se, então, dizer que o médium é clarividente ou que possui clarividência sonambúlica. (2) O sonâmbulo que é médium, recebe, durante o desdobramento, comunicações dos Espíritos «[…] que lhes transmitem o que devam dizer […].» (3)
1.2 — Audiência
A mediunidade de audiência é a faculdade de ouvir a voz dos Espíritos. Traduz-se, algumas vezes, «[…] como uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo; doutras vezes, é a voz exterior clara e distinta, qual a de uma pessoa viva [encarnada]. Os médiuns audientes podem, assim, travar conversação com os Espíritos.» (8) Existem situações em que o Espírito provoca apenas sons, ruídos e pancadas que ressoam pelo ambiente, às vezes tão intensos que são escutados por alguns circunstantes. São chamados de sons pneumatofônicos, produzidos pela utilização do ectoplasma do médium. (7) Há, porém, situações em que o som é verdadeiramente materializado no ar, caracterizando o fenômeno de voz direta, que está incluído entre os de efeitos físicos. O Espírito comunicante utiliza o ectoplasma do médium e, combinando-o aos fluidos ambientais e aos do Plano espiritual pode até moldar um aparelho fonador humano gargantas fluídicas produzindo sons audíveis a todos os presentes, indiscriminadamente. Neste caso, não se trata de mediunidade audiente, mas de materialização dos sons no ambiente físico.
A mediunidade audiente é muito comum. Entretanto, é preciso desenvolver certo discernimento, pois muitos «[…] imaginam ouvir o que apenas lhes está na imaginação.» (10) A audição, porém, pode ser tão nítida a ponto dos médiuns que «[…] se habituam a comunicar-se com certos Espíritos, eles os reconhecem imediatamente pelo som da voz.» (11)
«Esta faculdade é muito agradável, quando o médium só ouve Espíritos bons, ou unicamente aqueles por quem chama. Assim, entretanto, já não é, quando um Espírito mau se lhe agarra, fazendo-lhe ouvir a cada instante as coisas mais desagradáveis e não raro as mais inconvenientes.» (8)
2. CLARIVIDÊNCIA E CLARIAUDIÊNCIA
Os fenômenos de clarividência e de clariaudiência, tal como acontecem com os demais de efeitos intelectuais, resultam da conjugação mental ocorrida entre a entidade comunicante e do médium, restringindo a este as dificuldades ou limitações da filtragem mediúnica, segundo as disponibilidades interpretativas que lhes são próprias. (13)
O fenômeno da dupla vista ou clarividência sonambúlica, é conhecido como a vista da alma porque é possível ver-se coisas que ocorrem no presente e no futuro, ter a visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro. (5)
O clariaudiente, à semelhança do que acontece com o clarividente, ouve os Espíritos desencarnados igual ou da mesma forma que escuta uma pessoa encarnada, graduando-se o nível de percepção.
Pela […] associação avançada dos raios mentais entre a entidade e o médium dotado de mais amplas percepções visuais e auditivas, a visão e a audição se fazem diretas, do recinto exterior para o campo íntimo, graduando-se, contudo, em expressões variadas. […] Atuando sobre os raios mentais do medianeiro, o desencarnado transmite-lhe quadros e imagens, valendo-se das centros autônomos da visão profunda, localizados no diencéfalo ou lhe comunica vozes e sons utilizando-se de cóclea, tanto mais perfeitamente quanto mais intensamente se verifique a complementação vibratória nos quadros de frequência das ondas, ocorrências essas nas quais se afigura ao médium possuir um espelho na intimidade dos olhos ou uma caixa acústica na profundez dos ouvidos.[…]. (14)
As imagens inseridas a seguir, mostram, respectivamente, a localização do diencéfalo e da cóclea.
3. CARACTERÍSTICAS DAS MEDIUNIDADES DE VIDÊNCIA E DE AUDIÊNCIA AUDIÊNCIA VIDÊNCIA
1) AUDIÊNCIA | A mediunidade de audiência é classificada como de efeitos intelectuais. A de pneumatofonia como de efeitos físicos. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 12, itens 150 e 151. VIDÊNCIA | Os médiuns videntes são também audientes. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 14, itens 169 e 170. |
2) AUDIÊNCIA | À medida que a mediunidade de audiência aperfeiçoa, o médium consegue estabelecer conjugações mentais com os mais diferentes Espíritos, ouvindo desde os sons rudimentares aos mais sublimes. Exemplos: Léon Denis — No Invisível. Segunda parte, Capítulo 14, item: Visão e audição psíquica no estado de vigília, p. 172-173. VIDÊNCIA | O princípio das manifestações visuais reside nas propriedades e nas irradiações dos fluidos perispirituais, que têm a peculiaridade de modificarem-se pelo pensamento e pela vontade do Espírito. Exemplo: A Gênese, Capítulo 14, item 22. |
3) AUDIÊNCIA | A mediunidade de audiência é uma percepção mental, não está localizada nos órgãos de audição do médium. Exemplo: Nos Domínios da Mediunidade, Capítulo 12, quarta e quinta páginas. VIDÊNCIA | A vidência é uma faculdade transitória, raramente se mantém permanente, sendo quase sempre efeito de uma crise passageira. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 14, item 167. |
4) AUDIÊNCIA | Na clariaudiência o médium capta vozes e outros sons emitidos pelos Espíritos. Exemplo: Mecanismos da Mediunidade, Capítulo 18, item: clarividência e clariaudiência. VIDÊNCIA | As chamadas aparições surgem, em geral, quando o médium se encontra no estado de vigília. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 6, item 102. |
5) AUDIÊNCIA | O compositor austríaco e gênio musical Mozart (1756-1791) é um exemplo de médium clariaudiente, como comprova esta sua afirmação: os pensamentos musicais me vêm com abundância: Exemplo: Sylvio Soares Brito. Grandes Vultos da Humanidade e do Espiritismo, p. 243. VIDÊNCIA | As manifestações visuais mais comuns acontecem nos sonhos. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 6, item 101. |
6) AUDIÊNCIA | Obsessores há que podem implantar recursos de tecnologia no perispírito do obsidiado, semelhante a uma célula fotoelétrica gravada. Divaldo P. Franco: Nos bastidores da Obsessão. Por Manoel P. Miranda, Capítulo 8, p. 159-160. VIDÊNCIA | As manifestações visuais decorrem da faculdade dos Espíritos se tornarem visíveis, independentemente da classe espiritual a que pertençam. Exemplo: O Livro dos Médiuns, Capítulo 6, item 100, perguntas 2ª a 6ª. |
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, questão 425, p. 260.
2. Idem, ibidem - Questões 428, 429 e 430, p. 262.
3. Idem, ibidem - Questão 432, p. 263.
4. Idem, ibidem - Questão 447, p. 267.
5. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 79. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo VI, Item 101, p.145.
6. Idem - Capítulo 7, item 114, p.159.
7. Idem - Capítulo 12, itens 150 e 151, p. 204-205.
8. Idem - Capítulo 14, item 165, p. 218.
9. Idem, ibidem - Item 167, p. 219.
10. Idem - Capítulo 16, item 190, p. 241.
11. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, Capítulo 6 (Dos médiuns), item 43 (Médiuns audientes), p. 66.
12. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 67 (Os vivos do além), p. 149150.
13. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luís. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 18 (Efeitos intelectuais) item: Conjugação de ondas, p.148-149.
14. Idem, ibidem - Item: Clarividência e clariaudiência, p. 149-150.