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 EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA I — MÓDULO DE ESTUDO Nº II
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — A PRÁTICA MEDIÚNICA

Roteiro 2


O papel da mente e do perispírito nas comunicações mediúnicas


Objetivo específico: Identificar o papel da mente e do perispírito nas comunicações específico mediúnicas.



SUBSÍDIOS


1. O PAPEL DA MENTE


Sabemos que se acha a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam os característicos em que se expressem. […] Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que criamos. E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima. (19)

Se, o homem pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes de pensa- mento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunhão, segundo os princípios da afinidade. A associação mora em todas as coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existência de todos os seres. (20) No plano da Vida Maior, vemos os sóis carregando os mundos na imensidade, em virtude da interação eletromagnética das forças universais. Assim também na vida comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham. É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizando-nos com as emoções e ideias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia. (21) Pensando, conversando ou trabalhando, a força de nossas ideias, palavras e atos alcança, de momento, um potencial tantas vezes maior quantas sejam as pessoas encarnadas ou não que concordem conosco […]. (22)

É dessa forma que podem ocorrer as comunicações mediúnicas.

É importante entender que percepção e sintonia ocorrem por intermédio das correntes ondulatórias do pensamento. Na verdade, a Terra, com tudo o que contém, está mergulhada num imenso mar de ondas. Ondas luminosas, sonoras, caloríficas, mentais. Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras. Liguemos o aquecedor e espelharemos ondas caloríficas. Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas. Façamos funcionar o receptor radiofônico e encontraremos ondas elétricas. (18)

Em suma, todo movimento, toda agitação se realizam pela emissão de ondas, através dos inúmeros e diversos corpos da natureza. (16) As ondas são avaliadas segundo o comprimento em que se expressam, dependendo esse comprimento do emissor em que se verifica a agitação [agitação, aqui entendida como o foco propagador da onda, que produz a vibração]. Fina vara tangendo águas de um lago provocará ondas pequenas, ao passo que a tora de madeira, arrojada ao lençol líquido, traçará ondas maiores. Um contrabaixo lançá-las-á muito longas. Um flautim desferi-las-á muito curtas. As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma substância, diferenciando-se, porém, na pauta do seu comprimento ou distância […]. (17) As ondas eletromagnéticas, existentes no nosso mundo, são classificadas em longas, médias, curtas e ultracurtas.

Onda é uma oscilação ou vibração que se propaga no espaço ou num meio material, dentro de uma frequência de tempo (número de vibrações por segundo). As ondas longas têm comprimento maior que um quilômetro e menor que dez quilômetros, com frequência entre três e trinta quilohertz (1 quilohertz = 1000 hertz). As ondas médias apresentam comprimento entre cem metros e um quilômetro, e a frequência fica entre trezentos quilohertz e três mega-hertz. As ondas curtas têm comprimento situado entre um e dez metros, e a frequência está situada na região de 300 a 30 mega-hertz. As ondas ultracurtas não são percebidas pelo sistema auditivo humano, pois o comprimento fica abaixo de um metro e a frequência oscila em torno de duzentos hertz (1 hertz = 1 oscilação ou vibração por segundo).

 Dessa forma, quanto maior for a frequência das nossas ondas mentais, menores serão o seu comprimento e, consequentemente, maiores as probabilidades de o nosso pensamento atingir as regiões superiores da vida.

A prece, sentida e verdadeira, é um exemplo de emissão mental de alta frequência. A ideia fixa — ou monoideísmo — desencadeia emanações mentais de baixa frequência, características das ondas longas.

Ao pensar, o ser humano emite ondas mentais que lhe caracterizam o grau evolutivo: ondas mais longas, de pequeno alcance, por certo resultantes das preocupações ou atividades corriqueiras; ondas médias, direcionadas para interesses menos imediatistas; ondas curtas, de frequência elevada, voltadas para assuntos espirituais nobres, e ondas super-ultra-curtas, em que se exprimem as legiões angélicas.  (17) (18)


Vamos relacionar o que acabamos de considerar com a prática mediúnica.

1) A mente do Espírito emite ondas mentais [ideias], que poderão ser captadas pelo cérebro do médium e transmitidas aos componentes da reunião mediúnica, sob a forma de palavras grafadas ou verbalizadas, ou, ainda, de imagens de vidência. Nota-se que o cérebro do médium tem ação bivalente: capta e transmite ondas mentais de si próprio e de outros Espíritos.

2) Captado o pensamento do Espírito comunicante, pelo médium, inicia-se a comunicação mediúnica propriamente dita, devida à sintonia, fluídica e mental, estabelecida entre ambos. O processo dessa comunicação pode sofrer interferências das ondas mentais dos integrantes encarnados do grupo mediúnico; do próprio médium; dos trabalhadores da equipe espiritual, e do Espírito comunicante.

3) Se os pensamentos dos trabalhadores encarnados são harmônicos, isto é, se a equipe se mantém ligada à comunicação do Espírito, ajudando mentalmente o médium, o dialogador e o próprio Espírito comunicante, o trabalho de atendimento ao Espírito sofredor flui com tranquilidade. Se, no entanto, o pensamento da equipe dos encarnados e o dos médiuns vagueiam dispersivamente, de forma indisciplinada, a desarmonia se estabelece, tornando-se impossível a manifestação mediúnica dos Espíritos, ou, se esta ocorre, será distorcida, incoerente ou confusa.

Assim, todos os componentes do grupo mediúnico devem vigiar suas emissões mentais, durante o trabalho de intercâmbio espiritual, para que ocorram as comunicações previstas pelos orientadores espirituais.


2. O PAPEL DO PERISPÍRITO


Como sabemos, os Espíritos encarnados e desencarnados têm um corpo fluídico, a que se dá o nome de perispírito. Sua substância é haurida do fluido universal ou cósmico, que o forma e alimenta. (11)

O perispírito serve de intermediário ao Espírito e ao corpo. É o órgão de transmissão de todas as sensações. Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão o perispírito a transmite e o Espírito que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa. (12) Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. (13) Por meio do perispírito é que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. […] Não há, pois, motivo de espanto quando, com essa alavanca, os Espíritos produzem certos efeitos físicos, tais como pancadas e ruídos de toda espécie, levantamento, transporte ou lançamento de objetos […]. (14) Atuando sobre a matéria, podem os Espíritos manifestar-se de muitas maneiras diferentes: por efeitos físicos, quais os ruídos e a movimentação de objetos; pela transmissão do pensamento, pela visão, pela audição, pela palavra, pelo tato, pela escrita, pelo desenho, pela música etc. Numa palavra, por todos os meios que sirvam a pô-los em comunicação com os homens. (15) Citaremos, a seguir, a ação do perispírito nas comunicações mediúnicas.


2.1 O papel do perispírito nas manifestações físicas


Um Espírito produz movimento de um corpo sólido combinando uma parte do fluido [cósmico] universal com o fluido, próprio àquele efeito, que o médium emite. (1)

 O Espírito São Luís esclarece:

Quando, sob as vossas mãos, uma mesa se move, o Espírito haure no fluido universal o que é necessário para lhe dar uma vida factícia. Assim preparada a mesa, o Espírito a atrai e move sob a influência do fluido que de si mesmo desprende, por efeito da sua vontade. (2) […] O fluido próprio do médium [fluido vital] se combina com o fluido universal que o Espírito acumula. É necessária a união desses dois flui- dos, isto é, do fluido animalizado (do médium) e do fluido universal para dar vida à mesa, mas, nota bem que essa vida é apenas momentânea, que se extingue com a ação e, às vezes, antes que esta termine, logo que a quantidade de fluido deixe de ser bastante para a animar. (5)

 Os Espíritos que provocam as manifestações físicas […] são sempre Espíritos inferiores, que ainda se não desprenderam inteiramente de toda a influência material. (3) Já foi explicado que a densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos. Parece que também varia, em um mesmo mundo, de indivíduo para indivíduo. Nos Espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima dos Espíritos elevados nos Espíritos inferiores ao contrário aproxima-se da matéria […] Esta grosseria do perispírito, dando-lhe mais afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas […].  (4)


2.2 O papel do perispírito nas manifestações visuais


A explicação de como um Espírito se torna visível […] reside nas propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, ao sabor do Espírito. (7)

No estado material em que nos encontramos, isto é, de reencarnação, só podemos ver um Espírito, ou este só pode tornar-se visível à nossa visão mediúnica por meio dos nossos respectivos perispíritos. (8) Os Espíritos da Codificação nos esclarecem que o perispírito é o invólucro intermediário, por meio do qual o Espírito desencarnado atua sobre os nossos sentidos. Sob esse envoltório é que aparecem, às vezes, com uma forma humana, ou com outra qualquer, seja nos sonhos, seja no estado de vigília, assim em plena luz, como na obscuridade. (8) Nos fenômenos visuais não ocorre uma condensação dos fluidos perispirituais, como acontece nos fenômenos físicos, de modo geral. A combinação dos fluidos do médium com os do Espírito apresenta uma disposição especial — sem analogia para nós encarnados — necessária à percepção mediúnica. (9) Todas as pessoas podem ver Espíritos durante o sono; no estado de vigília depende, porém, da organização física que lhes permite maior ou menor expansão perispiritual e combinação com o perispírito do desencarnado. (10)


2.3 O papel do perispírito nas manifestações de efeitos intelectuais


Nesta categoria, o perispírito ocupa papel de intermediário das ideias e do processo de elaboração mental existente entre o Espírito comunicante e o médium. A ligação maior, entre as duas entidades, é no plano mental. A expressão das ideias, o teor da mensagem, contudo, são manifestados via perispírito.

O perispírito do médium transmite aos circunstantes de uma reunião mediúnica o pensamento do Espírito comunicante, os seus sentimentos o seu estado emocional, de alegria ou de tristeza, de dor ou de paz, de desarmonia ou de desequilíbrio.



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda Parte. Capítulo IV, item 74, pergunta 8, p. 93.

2. Idem, ibidem - Pergunta 9, p.93.

3. Idem, ibidem - Pergunta 11, p. 94.

4. Idem, ibidem - Pergunta 12. (Nota), p.94.

5. Idem, ibidem - Pergunta 14. p.95.

6. Idem -  Capítulo V, item 96, p. 119. [Obs. Não existe nesse Roteiro a referência nº 6]

7.  Idem -  Capítulo VI, item 100, pergunta 21, p. 136.

8. Idem, ibidem - Pergunta 22, p. 136.

9. Idem, ibidem - Pergunta 23, p. 136-137.

10. Idem, ibidem - Pergunta 26, p. 137.

11. Idem -  Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira Parte, Capítulo II (O perispírito como princípio das manifestações), item 9, p. 44-45.

12. Idem, ibidem - Item 10, p. 45.

13. Idem, ibidem - Item 12, p. 45.

14. Idem, ibidem - Item 13, p. 46.

15. Idem, ibidem - Item 14, p. 46.

16. XAVIER, Francisco Cândido, e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 1 (Ondas e percepções), p. 24.

17. Idem, ibidem - Item: Tipos e definições, p. 24.

18. Idem, ibidem - p. 23.

19. Idem -  Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 1 (Estudando a mediunidade), p. 17-18.

20. Idem -  Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 8 (Associação), p. 39.

21 Idem, ibidem - p. 40

22. Idem, ibidem - p. 42.


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