Roteiro 13
Matéria
Objetivo:
» Analisar o significado filosófico, científico e espírita de matéria.
IDEIAS PRINCIPAIS
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A Filosofia analisa a matéria como: sujeito, potência, extensão e energia. Já a Ciência estuda a matéria segundo as leis (propriedades) de manifestação da massa e da densidade.
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O Espiritismo ensina que há dois elementos gerais do Universo, criados por Deus: espírito e matéria. Mas, ao elemento material é preciso juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sabre ela. Embora, sob certo ponto de vista, se possa classificar o fluido universal como elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 27.
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A matéria resulta das modificações ocorridas no fluido cósmico universal, […] cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Allan Kardec: A gênese, capítulo 14, item 2.
SUBSÍDIOS
Segundo a Gnosiologia, † ciência que trata da teoria geral do conhecimento, matéria tem o significado de forma, tudo que é relacionado à forma. Em sentido amplo, a Filosofia e a Ciência definem matéria como “[…] um dos princípios que constituem a realidade natural, isto é, os corpos.” (1)
Estudos filosóficos específicos costumam estudar a matéria sob quatro aspectos: sujeito; potência; extensão; e força ou energia. A Ciência faz análises relacionadas às leis da matéria, da massa e da densidade de campo.
Importa considerar que os filósofos da Antiguidade defendiam a ideia da existência de um único princípio formador de todos os tipos de matéria existentes na Natureza. Tales de Mileto (624 ou 625-556 ou 558 a.C.), filósofo considerado um dos sete sábios da Grécia, cognominado Pai da Filosofia, entendia que esse elemento primordial seria a água. Anaxímenes (588-524 a.C.) † e Anaximandro (610-547 a.C.) † acreditavam ser o ar. Para Heráclito (540-470 a.C.) era o fogo. Entretanto, outro filósofo grego, Empedócles de Agrigento (495/490-435/430 a.C.), admitia que não existisse apenas um elemento formador da matéria, mas quatro: os três elementos fundamentais (água, ar e fogo), os quais deveriam ser acrescidos de mais um: terra.
O que se destaca nessa linha de pensamento não é o tipo de elemento considerado primordial (água, ar, fogo e terra), mas o entendimento de que havia um princípio gerador da matéria, ensinado pelo Espiritismo como Fluido Cósmico Universal ou Matéria Cósmica Primitiva.
1. MATÉRIA: INTERPRETAÇÕES FILOSÓFICAS
1.1. Matéria como sujeito
Para a Filosofia, matéria é uma potência real que contém “algo”, alguma coisa. Daí Platão (427ou 428-348 ou 347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), filósofos gregos da Antiguidade, considerarem matéria sujeito ou potência. Sujeito porque a matéria era vista como sendo a mãe (geratriz) de todas as coisas que existem na Natureza, exceto o ser espiritual. Seria “a realidade potencial” (Aristóteles), já “que ela acolhe em si todas as coisas sem nunca assumir forma alguma que se assemelhe às coisas, pois é como a cera que recebe a marca” (Platão, in: Timaeus, † 50 b-d). (1) Sendo a mãe e desprovida de forma, a matéria era também compreendida como indeterminada, ou seja, uma “substância primeira”, igualmente ensinada pelos filósofos estoicos † como concebida pela Razão Divina. (1)
Neste contexto, a matéria é de natureza ou essência divina, criada por Deus, já afirmava Giordano Bruno (1548-1600), † filósofo, escritor e frade dominicano, condenado por heresia e morto pela inquisição católica, devido à amplitude dessa e de outras ideias.
1.2. Matéria como potência
Por este conceito os filósofos descrevem a matéria como “o princípio ativo e criador da Natureza” (Giordano Bruno), presente em todos os corpos e capaz de gerar outros infinitos tipos de corpos. Para Aristóteles potência é o mesmo que possibilidade, isto é, capacidade de ser e de não ser. Assim, o elemento material, considerado em si mesmo, nasce, desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência (do “projeto” de uma possibilidade) para o efeito.
A passagem da potência ao efeito reflete a execução de uma possibilidade, de uma potencialidade anterior. Significa dizer também que qualquer coisa na Natureza não surgiu miraculosamente, ou por acaso, mas a partir de um potencial preexistente, equivalente ao simbolismo da árvore que se origina da semente. Para Aristóteles, essa “potência [semente] não é apenas essa possibilidade pura de ser ou não ser; é uma potência operante e ativa.” (2) Eis como o filósofo escreve em seu livro Metaphysica, parte IX:
Uma casa existe potencialmente se nada houver em seu material que a impeça de tornar-se casa e se nada mais houver que deva ser acrescentado, retirado ou mudado […]. Essa autosuficiência da potência para produzir, graças à qual a matéria não é apenas material bruto, mas capacidade efetiva de produção exprime um conceito que não é mais de matéria como passividade ou receptividade. Como potência operante, a matéria não é um princípio necessariamente corpóreo. (2)
Vê-se, assim, que Aristóteles tinha alguma percepção dos diferentes estados da matéria, alguns incorpóreos à nossa visão, como os gases. O entendimento da matéria não ser corpórea, necessariamente, originou inúmeras discussões ao longo dos tempos, sobretudo na Idade Média (na época da escolástica), (18) fazendo surgir o questionamento de que as coisas espirituais, como a alma, poderiam ser constituídas de matéria. As discussões conduziram ao absurdo de imaginar Deus como sendo matéria, como supôs David de Dinant (1160-1217), † filósofo belga panteísta, morto na inquisição católica por suas ideias. (2) (3)
1.3. Matéria como extensão
Tal significado foi defendido pelo filósofo francês Renée Descartes (1596-1650) que afirmou: “a natureza da matéria ou dos corpos em geral não consiste em ser uma coisa dura, pesada, colorida ou capaz de afetar nossos sentidos de qualquer outro modo, mas apenas em ser uma substância extensa, em comprimento, largura e profundidade.” (2) Fica evidente, nesse pensamento de Descartes, a teoria atomista defendida por filósofos da Antiguidade, para os quais o atomismo se apresenta como uma teoria analítica, que considera as formas observáveis na natureza como um agregado de entidades menores, os átomos, invisíveis a olho nu. (4) Atualmente, sabemos que há partículas menores que o átomo, denominadas subatômicas.
1.4. Matéria como força ou energia
A ideia foi introduzida por filósofos de formação platônica, que atuavam na Universidade de Cambridges, Inglaterra, no século XVII, amplamente acatado por outros filósofos da época, como o alemão Gottfried Wilhelm von Leibnitz (1646-1716) e Isaac Newton (1643-1727), no século seguinte.
Esses estudiosos consideravam a matéria como uma força sólida, ainda que plástica, cujas modificações aconteciam apenas no seu interior, em nível dos espaços intersticiais, não na parte externa ou superficial, caso contrário a matéria perderia a forma e tipo apresentados na Natureza. Aceitavam também a ideia de que sendo a matéria uma força viva só poderia ser emanação de Deus.
Complementando a teoria, os estudiosos da época defendiam a hipótese de que a matéria seria formada de partículas muito pequenas, indivisíveis, denominadas mônadas físicas, de natureza imaterial, pelo menos quando foram formadas. Para Leibnitz (5) a matéria possuía, além da extensão (como afirmava Descartes), uma força passiva de resistência, que é a impenetrabilidade ou antitipia. Newton, (5) por sua vez, “julgava impossível que a matéria fosse isenta de qualquer tenacidade e atrito das partes, bem como de comunicação de movimento.” (5) Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, acrescentou que a “matéria enche um espaço, não através de sua existência pura, mas por meio de uma força motriz particular.” (5)
Para outro filósofo alemão, Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854), † “as três dimensões da matéria são determinadas pelas três forças que a constituem: força expansiva, força atrativa e uma terceira força sintética (de síntese), que correspondem, em sua natureza, ao magnetismo, à eletricidade e ao quimismo, respectivamente.” (5)
No século vinte, o conceito de energia foi incorporado ao de matéria, ampliando a visão filosófica e científica do assunto, promovendo significativos debates acadêmicos.
2. MATÉRIA: INTERPRETAÇÕES CIENTÍFICAS
2.1. Matéria como lei
Por este conceito, entende-se que a matéria é uma “conexão determinada por elementos sensíveis em conformidade com uma lei.” (5) Quer isto dizer que a matéria tem propriedades específicas, que lhe são próprias, ainda que nem todas sejam conhecidas. As propriedades da matéria são vistas como parte integrante de um sistema organizado de leis bem ordenadas. Tal teoria teve origem nas ideias do filósofo e teólogo irlandês George Berkeley (1685-1753) † . Este estudioso, contudo, desenvolveu concepção radical e empírica sobre as propriedades da matéria ao afirmar “que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo.” (5)
2.2. Matéria como massa
É a definição científica de matéria (5) mais conhecida, muito fácil de localizar em qualquer livro de ensino de segundo grau ou na internet: matéria é qualquer coisa que possui massa e ocupa lugar no espaço e está sujeita à inércia. A matéria é algo que existe e que entra na composição dos corpos e das substâncias. É sempre constituída de partículas elementares que possuem, também, massa. Ou seja, os átomos têm massa (peso atômico) mensurável, assim como as partículas atômicas † (prótons, † nêutrons, † elétrons † ) e as subpartículas † (quarks, † e leptons † relacionadas aos prótons e nêutrons; muons † e taus † ligadas aos elétrons).
As descobertas da física do século XX apoiam-se, principalmente, nas teorias do físico alemão, naturalizado americano, Albert Einstein (1879-1955) — que afirmou ser “a matéria uma forma de energia” — , e nos estudos teóricos da física quântica. Ambas as teorias indicam que matéria deve ser definida como energia.
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Energia é a capacidade de realizar trabalho, é tudo aquilo que pode modificar a matéria: sua posição, fase de agregação e natureza química. Energia pode também provocar ou anular movimentos e causar deformações.
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O conceito de massa é inerente ao de energia, mas entendido como massa inercial ou peso. A massa inercial indica a resistência que os corpos oferecem à tentativa de lhes alterar o movimento. O valor da massa inercial é proporcional à força de atração gravitacional de outro corpo. Assim, a massa é sempre a mesma, mas o peso varia com a gravidade. Por exemplo, o peso de um corpo é variável no espaço sideral (onde a gravidade está ausente) e em diferentes planetas, ainda que a massa desse corpo permaneça a mesma.
Os célebres experimentos do cientista francês Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794) enunciaram, entre outros, o princípio da conservação da matéria que estabelece que a quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante. Uma consequência dessa lei é que energia não pode ser criada nem destruída: a energia pode apenas transformar-se “nada se perde, tudo se transforma”.
2.3. Matéria como densidade de campo
A Ciência contemporânea associa aos conceitos anteriores a densidade do campo formado pela matéria, aspecto que envolve, em consequência, ação do magnetismo.
Campo, em física, significa uma quantidade de matéria existente em qualquer ponto do espaço. No campo há sempre um potencial gravitacional que mantém coesas as partículas materiais. Campo é, portanto, uma grandeza física associada ao espaço onde se deduz o valor mensurável de uma carga energética. Uma boa explicação sobre campo é transmitida pelo Espírito André Luiz:
Campo, desse modo, passou a designar o espaço dominado pela influência de uma partícula de massa, para guardarmos uma ideia do princípio estabelecido, imaginemos uma chama em atividade. A zona por ela iluminada é-lhe o campo peculiar. A intensidade de sua influência diminui com a distância do seu fulcro, de acordo com certas proporções, isto é, tornando-se 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, etc, a revelar valor de fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, porque, em teoria, o campo ou região de influência alcançará o infinito. (6)
Há diversos tipos de campos materiais como, por exemplo, as isotermas mostradas diariamente nos boletins meteorológicos, que nada mais são do que a imagem de campos de temperaturas, ou térmicos, existentes na superfície terrestre. A sua intensidade se designa como intensidade do campo † .
A teoria quântica de campos † é a aplicação conjunta do conhecimento das partículas elementares (mecânica quântica) e da teoria da matéria condensada (matéria=luz condensada), defendida pela teoria da relatividade especial, de Einstein, que fez este comentário, a propósito: “o que impressiona os nossos sentidos como matéria na realidade é uma grande concentração de energia em um espaço [campo] relativamente limitado. Portanto, parece lícito equiparar matéria a regiões espaciais nas quais o campo é extremamente forte.” (7) (Livro: A evolução da física - Google Books, Capítulo 3).
Neste sentido, importa destacar que as pesquisas científicas atuais caminham para a unificação do micro e do macrocosmo, através da chamada Teoria de Tudo ou Teoria da Grande Unificação-TGU, † que visa resumir em um único conjunto de equações a origem e a natureza do cosmo, assim como as forças contidas nele. (8)
Esclarece, a respeito, o inglês Robert Matthews, † físico-matemático-pesquisador e repórter científico: “Essa união consiste em provar, na prática, o que os cálculos já revelam: a existência de uma matéria primordial, encontrada tanto no Universo quanto no átomo.” (9)
A Teoria de Tudo † representa, na atualidade, a busca pelo Santo Graal da Física Teórica, situação que ainda provoca frustrações, como aconteceu com Albert Einstein, o qual, a despeito da mente privilegiada que possuía, passou os 30 anos finais de sua última reencarnação na vã tentativa de combinar a teoria quântica com as forças que atuam no Universo. Há muito investimento científico na Teoria de Tudo, acreditando-se que no futuro, não tão remoto, será possível identificar, de forma concreta, esse elemento fundamental, tendo em vista que o macro e o microcosmo apresentam profundas semelhanças entre si e que um reage sobre o outro. Isto está comprovado pela Ciência. (9)
Para a Ciência, há três estados de agregação da matéria, que variam conforme a temperatura e a pressão sobre um corpo: estado sólido, que é quando as partículas elementares se encontram fortemente ligadas, e o corpo material apresenta forma e volume definidos; estado líquido, no qual as partículas elementares estão unidas mais fracamente do que no estado sólido. Nesta situação, o corpo possui apenas volume definido, mas a forma é variável, de acordo com a do recipiente onde o líquido se encontra; e estado gasoso, no qual as partículas elementares encontram-se muito fracamente ligadas, não tendo o corpo nem forma nem volume definidos.
Além desses três principais estados de agregação da matéria, há outros dois. Um denominado quarto estado da matéria, que é o plasma, † identificado no final do século XX. Nele já não há mais moléculas e os átomos estão desagregados em seus componentes menores. Em temperaturas superiores a 1.000.000ºC (um milhão de graus Celsius), todas as substâncias se encontram no estado de plasma. Acredita-se que aproximadamente 90% da matéria cósmica estejam no estado de plasma. Para a física, o plasma é um estado similar ao dos gases, no qual certa porção das partículas encontra-se ionizada (eletricamente carregada pela incorporação de elétrons).
O outro estado é conhecido como o quinto estado da matéria, previsto em 1925 por Albert Einstein e o físico indiano Satyendra Nath Bose. † Esse estado só se manifestaria em temperaturas baixíssimas, próximas ao zero absoluto, valor até então considerado impossível de ser atingido, e que equivale a -273,16ºC (duzentos e setenta três e dezesseis centésimos graus Celsius negativos). O zero absoluto seria exatamente a temperatura em que os átomos de um corpo parassem de movimentar. O quinto estado da matéria recebeu o nome de Condensado Bose-Einstein, † e, por ora, só existe na teoria.
É possível que haja outros estados da matéria que, cedo ou tarde, serão descobertos pela Ciência.
3. MATÉRIA: INTERPRETAÇÕES ESPÍRITAS
O entendimento espírita sobre matéria e formação do cosmos (cosmologia) não difere do divulgado pela Ciência. Contudo, por considerar a sobrevivência do Espírito e o mundo espiritual, apresenta algumas informações que ainda não foram cogitadas, ou, quando muito, apenas delineadas pelos cientistas.
A Doutrina Espírita apresenta os seguintes conceitos relativos à matéria:
1. Há dois elementos gerais no Universo: Espírito e matéria. A matéria tem origem no fluido universal (ou matéria cósmica primitiva) que funciona como elemento de atuação do Espírito, ou elemento intermediário entre a matéria, propriamente dita, e o Espírito. (O Livro dos Espíritos, questão 27. A gênese, capítulo 6, itens 5, 17 e 18).
2. Os diferentes tipos de matéria têm origem neste elemento primordial: o fluido cósmico universal:
O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. […] Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certo modo, consecutivo ao primeiro. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, visto que se podem considerar os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (10)
3. As diversas propriedades da matéria “são modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias”. (11)
4. A matéria primitiva (fluido cósmico universal) é passível de sofrer todo tipo de transformação e adquirir todas as diferentes propriedades. Daí afirmarem os Espíritos da Codificação: “Isso é o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!”, (12) afirmação constatada pela Ciência por meio da Teoria de Tudo. †
As modalidades da matéria ou da força movimentam-se num ciclo fechado — o ciclo das transformações. Elas podem mover-se umas nas outras, substituírem-se alternativamente por mudanças na frequência, na amplitude ou na direção dos movimentos vibratórios. […] (13)
5. A matéria é um feixe de energia coagulada ou condensada, como afirma o Espírito André Luiz: “A matéria congregando milhões de vidas embrionárias, é também a condensação da energia, atendendo aos imperativos do “eu” que lhe preside à destinação.” (14)
Quanto mais investiga a Natureza, mais se convence o homem de que vive num reino de ondas transfiguradas em luz, eletricidade, calor ou matéria, segundo o padrão vibratório em que se exprimam. Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais, por enquanto, somente poderemos recolher informações pelas vias do Espírito. (15)
***
[…] a matéria quanto mais estudada mais se revela qual feixe de forças em temporária associação […]. Temo-lo [o homem], […] por viajante do Cosmo, respirando num vastíssimo império de ondas que se comportam como massa ou vice-versa […] (16)
Perante tais considerações, Emmanuel pondera:
As noções modernas da Física aproximam-se, cada vez mais, do conhecimento das leis universais, em cujo ápice repousa a diretriz divina que governa todos os mundos. Os sistemas antigos envelheceram. As concepções de ontem deram lugar a novas deduções. Estudos recentes da matéria vos fazem conhecer que os seus elementos se dissociam pela análise, que o átomo não é indivisível, que toda expressão material pode ser convertida em força e que toda energia volta ao reservatório do éter universal. Com o tempo, as fórmulas acadêmicas se renovarão em outros conceitos da realidade transcendente, e os físicos da Terra não poderão dispensar Deus nas suas ilações, reintegrando a Natureza na sua posição de campo passivo, onde a inteligência divina se manifesta. (17)
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
1. Fazer breve introdução do assunto, na qual se destaque uma síntese dos conceitos filosóficos, científicos e espíritas de matéria.
2. Em seguida, dividir a turma em três grupos, orientando, cada um, a ler refletidamente um dos textos indicados a seguir:
Grupo 1 — Matéria: interpretações filosóficas.
Grupo 2 — Matéria: interpretações científicas.
Grupo 3 — Matéria: interpretações espíritas.
3. Concluída a leitura, cada grupo responde ao questionário, inserido em anexo.
4. Finalizadas estas etapas das atividades grupais, projetar as perguntas dos questionários e pedir que a turma as responda, em plenário.
5. Ao final, esclarecer as possíveis dúvidas, destacando a contribuição das ideias espíritas para o entendimento do assunto.
OBSERVAÇÃO: a) se necessário, dividir o estudo em duas reuniões; b) convidar três participantes da reunião para desenvolverem o estudo da próxima reunião (Perispírito), utilizando-se a Técnica do Painel, cujas orientações constam no próximo Roteiro.
ANEXO — QUESTIONÁRIO DE APOIO À ATIVIDADE GRUPAL
Questionário 1 — grupo 1.
1. O que significa matéria como: sujeito, potência, extensão e energia?
2. Qual a ideia filosófica, registrada no texto, que mais se aproxima da concepção que você tem de matéria? Explique.
3. Deduza: Espírito desencarnado possui elementos materiais? Justifique a resposta.
4. Por que é absurdo imaginar Deus como sendo matéria?
Questionário 2 — grupo 2.
1. Qual é a interpretação científica de matéria, quanto aos aspectos: das suas leis ou propriedades; de sua massa; e da densidade de campo?
2. Quais são os estados da matéria admitidos pela Ciência?
3. No que diz respeito à matéria, o que significa a teoria do campo?
4. Deduza: o Plano espiritual seria também constituído de matéria? Justifique a resposta.
Questionário 3 — grupo 3.
1. Qual é a concepção espírita de matéria?
2. Qual é a origem dos diferentes tipos de matéria existentes na Natureza? Esclareça.
3. O que significa, exatamente, esta afirmativa do Espírito André Luiz: “A matéria congregando milhões de vidas embrionárias, é também condensação da energia”?
4. Deduza: o pensamento humano pode ser considerado matéria? Justifique a resposta.
REFERÊNCIAS
1. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia - Google Books. Tradução de Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 646.
2. Idem ibidem - p. 647.
3. Origem: http://pt.shvoong.com/humanities/6307-metaf%C3%ADsica/
4. MANNION, James. O livro completo de filosofia - Google Books. Tradução Fernanda Monteiro dos Santos. São Paulo: Madras, 2004. Capítulo 1, p. 25.
5. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Op. Cit, p. 648.
6. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 3, p. 45.
7. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Op. Cit, p. 649.
8. MATTHEWS, Robert. 25 grandes ideias: como a ciência está transformando o mundo - Google Books. Tradução de José Gradel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Capítulo 5, p. 50.
9. MOURA, Marta Antunes. A teoria de tudo . In: Reformador. Rio de Janeiro: FEB, setembro de 2008. Nº 2.154. Ano 126, p. 25.
10. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Capítulo 14, item 2, p. 348.
11. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, questão 31, p. 90.
12. Idem - Questão 33, p. 91.
13. DELANNE, Gabriel. A evolução anímica: estudo sobre psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Tradução de Manuel Quintão. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 6, p. 234.
14. XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 1, p. 20.
15. XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Op. Cit. “Ante a mediunidade” p. 21.
16. Idem - Capítulo 1, p. 25.
17. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, questão 17, p. 26-27.
18. (Nota da organizadora) Escolástica: pensamento cristão da Idade Média, que buscava conciliação entre um ideal de racionalidade, corporificado especialmente na tradição grega do platonismo e aristotelismo, e a experiência de contato direto com a verdade revelada, tal como a concebe a fé cristã.