Roteiro 7
O tesouro e a pérola
Objetivo: Interpretar as parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande valor, à luz do entendimento espírita.
IDEIAS PRINCIPAIS
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As duas parábolas colocam em relevo o estado de plenitude espiritual, simbolizado na expressão “Reino dos céus”, situação em que o indivíduo se desfaz do apego às posses dos bem materiais. Compreende então que a […] riqueza real é atributo da alma eterna e permanece incorruptível naquele que a conquistou. Emmanuel: Ceifa de luz, Capítulo 11.
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O homem que encontrou o tesouro escondido no campo ou o negociante que achou a pérola de grande valor são Espíritos que souberam vivenciar a Lei de Amor, sublimando as suas conquistas espirituais. Trabalharam incessantemente pela conquista do “Reino dos céus”, por entenderem que para […] se granjear um lugar neste reino, são necessárias a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prática, a benevolência para com todos. […]. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 2, item 8.
SUBSÍDIOS
1. Texto evangélico
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Também o Reino dos céus é semelhante a una tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, peco gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo. Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a. Mateus, 13.44-46.
No capítulo 13 de Mateus há seis parábolas que fazem referência direta ao “Reino dos céus”: a do trigo e do joio; do grão de mostarda; do fermento; do tesouro escondido; da pérola e a da rede.
Nas parábolas do “tesouro oculto no campo” e da “pérola de grande valor”, Jesus enfatiza a felicidade e a ventura de quem encontra tais riquezas, a ponto de dispor todos os demais bens que possui. Em ambas histórias predomina o sentido de transformação espiritual, pela aquisição de virtudes.
Jesus aqui nos adverte de que a verdadeira finalidade de nossa vida terrena é obtermos a riqueza espiritual. Tão logo chegarmos a compreender que a real felicidade não consiste na posse transitória das coisas do mundo, de bom grado passaremos a trabalhar ativamente para entrarmos na posse dos bens espirituais. É assim como o homem que vendeu tudo o que tinha para comprar o campo e o negociante de pérolas que trocou tudo por uma pérola de alto preço, assim também nós, quando compreendermos o valor dos bens espirituais, tudo trocaremos por eles. Quaisquer sacrifícios serão pequenos para realizarmos o reino de Deus no íntimo de nossa alma. (2)
O processo de aquisição de bens espirituais é variável de indivíduo para indivíduo, entretanto, há um momento decisivo na vida de cada um, caracterizado pela transformação definitiva no bem, ou de conquista do “Reino dos céus”.
Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição […]. Pelas suas pesquisas, a inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização. (1)
2. Interpretação do texto evangélico
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Também o Reino dos céus é semelhante a una tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, peco gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo. (Mt 13.44).
A parábola do tesouro escondido, de extraordinária beleza e simplicidade, aplica-se aos Espíritos que já possuem desenvolvida a capacidade de discernimento relativa às suas reais necessidades para a edificação de uma vida feliz.
Graças […] aos ensinos espíritas, aos Espíritos do Senhor, hoje é muito fácil ao homem achar esse tesouro. Mais difícil lhe pode ser, “vender o que tem e comprar o campo”, isto é, desembaraçar-se das suas velhas crenças, do egoísmo, do preconceito, do amor aos bens terrestres, para possuir os bens celestes. Materializado como está, o homem prefere sempre os bens aparentes e perecíveis, porque os considera positivos; os bens reais e imperecíveis ele os julga abstratos. A Parábola do Tesouro Escondido é significativa e digna de meditação: o homem terreno morre e fica sem seus bens; o homem espiritual permanece para a vida eterna e o tesouro do Céu, que ele adquiriu é de sua posse permanente. (3)
A expressão “Reino dos céus”, citada no texto evangélico, não se refere a um lugar específico, situado no plano físico ou no espiritual. De acordo com o entendimento espírita, indica “estado de alma” ou de plenitude espiritual.
Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. É sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompas e números vaidosamente, nos grupos da fé. Expressões transitórias de poder humano não atestam o Reino de Deus. A realização divina começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos, através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo. (6)
A parábola informa que o tesouro que o homem encontrou no campo causou-lhe imensa felicidade, tão pura e verdadeira que ele correu e vendeu tudo que o possuía, a fim de adquirir aquele campo. Percebe-se, claramente, o sentido simbólico deste ensinamento de Jesus: o tesouro encontrado representa o ápice do esforço humano de transformação para o bem. Trata-se de um marco de grande significância, que faz o Espírito ascender de um patamar evolutivo para outro. É por este motivo que ele abre mão de todos as suas posses, passando a viver a vida do espírito.
O “campo”, local onde o tesouro foi encontrado, indica o plano onde são desenvolvidas as experiências do aprendizado humano: na existência física, durante as reencarnações; no além-túmulo, nos estágios realizados nos diferentes planos vibracionais.
Neste contexto, é importante não deixar passar as oportunidades de crescimento espiritual que nos alcançam a existência, em geral manifestadas sob a forma de provas. É preciso exercitarmos a faculdade de “ver” e “ouvir”, segundo o espírito.
O egoísta fala de seu tesouro, exaltando as posses precárias; o avarento refere-se a mesquinhas preocupações; o gozador demonstra apetites insaciáveis; o fanático repete pedidos loucos. Cada qual apresenta seu capricho ferido como sendo a dor maior. Cristo ouve-lhes as solicitações e espera a oportunidade de dar-lhes a conhecer o tesouro imperecível. (5)
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Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a. (Mt 13.45,46).
As pérolas verdadeiras costumam ser muito caras, em razão das dificuldades para capturá-las e pelo tempo consumido em sua produção por um certo tipo de animal marinho: o molusco. As pérolas crescem no interior das conchas desses moluscos que vivem nas águas profundas dos mares, sendo constituídas de secreções solidificadas e opacas, expelidas do corpo deste animal marinho, quando ele é seriamente ferido. A beleza e o brilho da pérola só se revelam quando expostos à luz do Sol.
Nada mais justo, pois, Jesus comparar o Reino dos Céus a uma pérola de grande valor que, ao ser encontrada pelo negociante, vendeu tudo o que tinha para tê-la consigo.
À semelhança da produção da pérola, o homem que alcança o Reino dos céus passou por muitas provações e dores; foi “ferido” em diferentes oportunidades, durante o seu processo de ascensão. Superados, porém, tais desafios, ele sai da “concha” e resplandece a sua luz espiritual, à vista de todos. Somente assim, após ter passado pela forja das dores e das lágrimas, consegue revelar a beleza e o brilho do cabedal de virtudes que conquistou.
O homem vale mais que o mundo com as suas jazidas, os seus diamantes, e toda a sorte de pedras preciosas. Não obstante, o homem, esquecido de seu valor intrínseco, cujo preço é inestimável, consome-se e esgota-se na conquista do que é perecível, daquilo cujo valor é muito discutível, visto como só vale mediante certa convenção estabelecida pelos caprichos e veleidades do mesmo homem. […] Mas o verdadeiro valor está interior do homem: está no seu caráter, nos seus sentimentos, na sua inteligência […]: é o Espírito, é a alma, o eu imortal, sede das faculdades e poderes cuja origem é divina. (4)
ANEXO
ORIENTAÇÕES AO MONITOR: Realizar uma exposição dialogada com a turma, contemplando as ideias desenvolvidas neste Roteiro. Em sequência, pedir aos participantes que se organizem em pequenos grupos, tendo como incumbência a elaboração de um plano que retrate procedimentos, ações ou atividades que possam auxiliar alguém a descobrir o tesouro do Reino dos céus no campo da existência humana. Utilizar os subsídios deste Roteiro como referência. Solicitar a apresentação das linhas gerais do plano, em plenária, opinando a respeito.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 25, item 2, p. 406.
2. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. Capítulo XIII (A parábola do semeador), item: parábolas do tesouro escondido, da pérola, da rede, p. 137-138.
3. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: Parábola do tesouro escondido, p. 41-42.
4. VINICIUS (Pedro Camargo). O mestre na educação. 8. ed. 2005. Capítulo 19 (Valor imperecível), p. 87-88.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 64 (O tesouro maior), p. 143-144.
6. Idem - Capítulo 107 (Vinda do reino), p. 229-230.