Roteiro 6
A festa das bodas
Objetivo: Realizar interpretação espírita da parábola das bodas.
IDEIAS PRINCIPAIS
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A parábola das bodas ensina que, partindo do princípio de […] que todos os recursos da vida são pertences de Deus, anotaremos o divino convite à lavoura do bem, em cada lance de nossa marcha. Os apelos do Céu, em forma de concessões, para que os homens se ergam à Lei do Amor, voam na Terra em todas as latitudes. Todavia, raros registram-lhes a presença. Emmanuel: Religião dos Espíritos, item: Versão prática.
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Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. […] Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 18, item 2.
SUBSÍDIOS
1. Texto evangélico
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Então, Jesus, tomando a palavra, tomou a falar-lhes em parábolas, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então, disse aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos. Mateus, 22.1-14.
Sob a forma de alegorias, esta parábola transmite lições que nos ajudam compreender a vida atual. É evidente que o “Reino dos céus” representa o estado de plenitude espiritual, o ápice do processo evolutivo. O “rei” é Deus, o Pai Celestial, o Criador dos seres e de todas as coisa do Universo. O “filho” para o qual as bodas foi preparada é Jesus. Os “servos” são os seus enviados, Espíritos guardiões da Humanidade. As “iguarias” (“bois e cevados”) simbolizam as lições do Evangelho.
O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da casa. (1)
A narrativa revela duas ordens de ideias: primeira é que o estado de plenitude espiritual (“Reino dos céus”) é convite destinado a todos os seres humanos, indistintamente. A segunda diz respeito à forma como atingir a perfeição espiritual: por meio de uma festa de casamento, ou união com Jesus, guia e modelo da Humanidade terrestre. Nesta festa, os discípulos do Mestre encontrarão uma farta provisão de bens para suprir todas as suas necessidades de fome e sede espirituais.
Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes. (2)
2. Interpretação do texto evangélico
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Então, Jesus, tomando a palavra, tomou a falar-lhes em parábolas, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. (Mt 22.1-3).
O processo de evolução espiritual começa, efetivamente, a partir de certo nível de entendimento e de experiências, vivenciadas pelo Espírito. Somente a partir desse patamar pode o homem abrir-se para as verdades transcendentais. Dessa forma, os primeiros convidados foram os hebreus.
Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual “tão numerosa quanto as estrelas do firmamento”. Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. (3)
Entretanto, o chamamento não foi atendido pela maioria dos judeus, a despeito da base religiosa que possuíam.
Vemos a situação se repetir nos dias atuais: existem milhares de pessoas que receberam educação moral, proveniente de diferentes interpretações religiosas. Entretanto, não aceitam o convite de se melhorarem. Preferem atender às sensações imediatistas e transitórias da vida material, numa clara manifestação de egoísmo tiranizante. Vivem como sonâmbulos que, indiferentes aos benefícios espirituais recebidos na existência, não avaliam o preço que terão de pagar por este descaso. Neste sentido, um amigo espiritual esclarece:
Melhor é aquele que se julga insignificante e vive cercado de servos, com os quais trabalha para o bem comum, do que o homem preguiçoso e inútil, faminto de pão, mas sempre interessado em honrar a si mesmo. […] Enquanto as mãos do ímpio tecem a rede dos males, prepara com o teu esforço a colheita das bênçãos. Tudo passa no mundo. O mentiroso pagará pesados tributos. O desapiedado ferirá a si mesmo. O imprudente acordará nas sombras da própria queda. O avarento será algemado às riquezas que amontoou. O revoltado estará em trevas. Mas o homem justo e diligente vencerá o mundo. (8)
Os primeiros convidados podem representar, também, “[…] os doutos, os ricos, os sábios, os aristocratas, os sacerdotes, porque ninguém melhor do que estes estavam em condições de participar das bodas […].” (5)
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Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. (Mt 22.4-7).
Com o ritualismo imposto pelas diferentes castas sacerdotais, a religião judaica revelou, à época de Jesus, grandes desvirtuamentos. A Lei de Deus, sintetizada nos Dez Mandamentos, era letra morta, mantida no esquecimento. Foi quando o Pai enviou-lhes Jesus para lembrá-los dos compromissos morais e espirituais assumidos.
O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera. Fora, contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros. São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. (3)
O número de cristãos que segue o Evangelho ainda é pouco. Em geral, são pessoas que ouvem, leem, falam, interpretam e pregam as verdades imortais, mas pouco se esforçam para vivenciá-las. Não se revelam preocupadas com a salvação da própria alma. Estão sempre adiando, indefinidamente, o momento da transformação espiritual: no próximo ano, no futuro, na reencarnação seguinte…
São criaturas tão absorvidas com o dia a dia que não sentem necessidade do Evangelho — indicadas no registro de Mateus como os que foram para o “campo” e foram cuidar dos “negócios” — , sem se darem conta do mal que infligem em si mesmas. O tesouro que trazem no coração é o amor pelo dinheiro e péla aquisição de bens; pela realização de negócios lucrativos; pela vivência de prazeres.
A negligência e a indiferença pelas coisas espirituais simbolizam o “ultraje” e a “morte” dos servos, ilustrados na parábola.
O versículo sete (“ E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade”) faz referência à manifestação da lei de causa e efeito. No caso dos judeus, a história relata os sofrimentos que passaram ao longo dos tempos, a começar com o ocorrido no ano 70 d.C: foram trucidados pelos romanos, e sua capital, Jerusalém, foi quase totalmente destruída como relata, com detalhes, Flávio Josefo, o historiador da Antiguidade, em seu livro “História dos Hebreus”.
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Então, disse aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos. (Mt 22.8-14).
Nestes versículos, Jesus informa “[…] que a palavra ia ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos no festim, em lugar dos primeiros convidados.” (3) Sabemos que este trabalho foi realizado, após a crucificação, pelos apóstolos e alguns discípulos do Cristo, em especial o desenvolvido por Paulo de Tarso junto aos povos gentílicos.
Entretanto, para participar da festa é preciso estar vestido adequadamente, com o “traje nupcial”, isto é, faz-se necessário que a pessoa traga puro o coração, livre de más intenções, ainda que não possua base religiosa ou moral significativas. “A veste de núpcias simboliza o amor, a humildade, a boa vontade em encontrar a verdade para observá-la […].” (6) Em síntese, é preciso que o Espírito seja guiado pelos preceitos do Mandamento Maior: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mt 22.37-39).
Não […] basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação.
Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos. (4)
Dessa forma, os hipócritas, os que promovem e executam lutas fratricidas, desuniões e perturbações; os egoístas, os orgulhosos e vaidosos; os falsos profetas e falsos cristos, oportunistas e embusteiros, que enganam as pessoas sob a aparência de bondade e de religiosidade; os que se mantêm indiferentes ao sofrimento do próximo, e que traficam com as coisas celestiais para obtenção de vantagens materiais, todos eles, serão retirados da festa por não vestirem o “traje nupcial”. Tais criaturas serão, portanto, conduzidos a reencarnações dolorosas, representadas, no texto, como “trevas exteriores” onde haverá “pranto e ranger de dentes”.
Para que atinjamos no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, entretanto, demonstremos coragem suficiente para viver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação. Não exige nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma […]; espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante […]. Não nos obriga a renúncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administrá-los sensatamente […]. Não nos impele as ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro de forças físicas e psíquicas; espera, entretanto, nos esforcemos para barrar pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências inferiores. Não nos solicita a perfeição moral de um dia para outro; espera, contudo, nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e esquecendo-as, em favor do bem comum. Não nos determina sistemas sacrificiais de alimentação […]; espera, porém, sejamos no respeito ao corpo que a Lei da Reencarnação nos haja emprestado […]. Não nos aconselha o afastamento da vida social […]; espera, no entanto, que exerçamos é bondade e paciência, perdão e amor […].
Jesus não nos pede o impossível; solicita-nos apenas a colaboração e trabalho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, observar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da base, o Reino de Deus começa de nós. (7)
ANEXO
ORIENTAÇÕES AO MONITOR: Ler em voz altar o texto evangélico que trata do festim das bodas, (Mateus, 22.1-14), pedindo à turma que acompanhe a leitura. Em seguida, solicitar aos participantes que apresentem o resultado da pesquisa, indicada na reunião anterior como atividade extraclasse. Ouvir os relatos, comentando-os. Realizar uma exposição-dialogada conclusiva dos assuntos, correlacionando-os com a vivência no mundo atual.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 18, item 2, p. 324.
2. Idem, ibidem - p. 325.
3. Idem, ibidem - p. 326.
4. Idem, ibidem - p. 327.
5. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: Parábola das bodas, p. 72.
6. Idem, ibidem - p. 74.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Alma e coração. Pelo espírito Emmanuel. São Paulo: Cultix, 2006. Item: Para o reino de Deus, p. 33-34.
8. Idem - Falando à terra. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Item: De Salomão - mensagem de Souza Caldas, p. 161-162.