Roteiro 2
A autoridade de Jesus
Objetivos: Analisar em que se resume a autoridade do Cristo. — Esclarecer como o Espiritismo explica essa autoridade.
IDEIAS PRINCIPAIS
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Sob a autoridade moral do Cristo, o ser humano é guiado na sua busca pela conquista da felicidade plena. Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade vararas trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. […] Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 1, item 10.
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O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico- cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer ente os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 1, item 9.
SUBSÍDIOS
1. Texto evangélico
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Eu sou o pão da vida. João, 6.48
Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. João, 8.12
Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. João, 10.9,10
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. João, 14.6
Como Governador do Planeta, Jesus detém a plena autoridade para suprir a Humanidade de recursos favoráveis à sua redenção espiritual. É uma autoridade que se manifesta de forma branda e pacífica, sem violência de qualquer espécie. Fundamenta-se na Lei de Amor que, por sua vez, reflete as leis sábias do Criador. A autoridade e a sabedoria de Jesus são legítimas, oriundas de Deus. Seu Evangelho é o maior código de moralidade existente, ensinando como colocar em prática a Lei de Deus, Lei que Jesus “[…] veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa Lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base de sua doutrina.” (1)
Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na sua divina missão de Educador de almas que imprime o selo do amor e da sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que, em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou” (Jo 13.13).
“Mas o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina.” (2)
Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implícitos. Para ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister se fazia que novas ideias e novos conhecimentos lhes trouxessem a chave indispensável, ideias que, porém, não podiam surgir antes que o espírito humano houvesse alcançado um certo grau de madureza. (3)
Os ensinamentos espíritas nos orientam como interpretar com segurança a mensagem de Jesus, inclusive pontos que permaneceram obscuros ou foram interpretados equivocadamente. “O Espiritismo é a chave com auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.” (4)
A Boa Nova apresenta sublimadas orientações que definem com clareza inequívoca a autoridade de Jesus e a sua condição de Dirigente Maior dos destinos da Humanidade. Neste contexto, a fórmula da nossa definitiva libertação espiritual encontra-se neste conselho de Jesus: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.31,32).
2. Interpretação do texto evangélico
No sentido elementar, “pão” significa alimento básico, o que nutre as células e mantém a vida humana. Afirmando-se, porém, como “o pão da vida”, Jesus nos apresenta o sentido espiritual do seu ensinamento: o de alimento essencial, que garante os nutrientes necessários para o sustento moral do Espírito. Jesus é o pão que fornece, cotidianamente, conforto espiritual. Este conforto não “[…] é como o pão do mundo, que passa, mecanicamente, de mão em mão, para saciar a fome do corpo, mas, sim, como o Sol, que é o mesmo para todos, penetrando, porém, somente nos lugares onde não se haja feito um reduto fechado para as sombras.” (9)
Através dos tempos, Jesus vem, saciando a fome espiritual de quantos dele se aproximam, suprindo-os fartamente em termos de harmonia, equilíbrio, bom ânimo e força moral. Acrescenta, ainda, Emmanuel:
Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome espiritual, estacionados na sombra da ignorância, não fosse essa videira da verdade e do amor que o Supremo Senhor nos concedeu em Jesus-Cristo. De sua seiva divina procedem todas as nossas realizações elevadas, nos serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime, compete-nos reconhecer que sem o Cristo as organizações do mundo se perderiam por falta de base. Nele encontramos o pão vivo das almas e, desde o princípio, o seu amor infinito no orbe terrestre é o fundamento divino de todas as verdades da vida. (10)
Conclui-se, dessa forma, que precisamos trazer o Cristo no coração e na mente. As lições do seu Evangelho nos convidam ao grande esforço de cooperação e de doação no bem, que devemos aderir voluntariamente, sem falsas expectativas, mas conscientes do trabalho que nos cabe realizar.
Por essa afirmativa compreendemos a missão de Jesus como iluminador de consciências, num trabalho incessante que se desenrola ao longo das eras, nas vias do progresso humano. Sob a projeção da sua magnífica luz espiritual somos esclarecidos, porém, sem deixar de reconhecer o estado de escuridão que ainda trazemos no íntimo do ser.
Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do principio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres. (11)
Como governador espiritual da Terra, Jesus fornece os meios e os recursos necessários ao aprendizado humano e, sob o seu jugo amorável, a Humanidade adquire a tão esperada iluminação espiritual.
Ele é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça da fraternidade e da misericórdia. Todas as coisas humanas passarão, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas ávidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição. (12)
Identificando e aceitando a luz do Mestre, as criaturas humanas transformam-se, pouco a pouco, em instrumentos de auxílio, em autênticos discípulos, que sabem refletir a luz do Evangelho nas inúmeras atividades de amor e caridade. Tais discípulos são assim denominados pelo Mestre: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14).
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Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. […] Eu sou o bom Pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.9 e 11).
A porta é uma passagem situada entre dois ambientes que, no sentido do Evangelho, expressa níveis de entendimento ou de planos evolutivos. A passagem de um lado para o outro está intermediada pela porta, aqui claramente representada pelo Cristo. Quer isso dizer que as oportunidades de progresso, advindas das provações ou em razão de escolhas sensatas, são concessões que Jesus faz aos seres humanos, em nome de Deus.
Há também outro sentido para “porta”. Pode indicar sinal de renovação mental, ou mudanças de atitudes e de comportamentos. Devemos considerar, porém, que nem sempre o desejo de melhoria corresponde a ações efetivas.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor. (8)
Encontramos muitas portas na vida: as “portas largas” que conduzem às perturbações e às desarmonias espirituais. Da mesma forma, existem “portas estreitas”, caracterizadas pela renúncia aos valores transitórios e às ilusões da matéria. (Mt 7.13,14). Com o Cristo, porém, a palavra “porta” apresenta grande significância, porque quando ele afirma “Eu sou a porta”, acrescenta, em seguida: “se alguém entrar por mim, salvar-se-á”. Jesus é, assim, meio de progresso moral-intelectual e salvação. É o Guia e Modelo da Humanidade. (6)
Jesus é a referência legítima do bem e da felicidade. Simbolizando-se como porta, demonstra que a sua mensagem conduz a um patamar mais amplo, mais elevado, fértil de valores edificantes para o Espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance. (5)
No final do versículo nove, da citação de João, o Mestre afirma: “Salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. Percebe-se, aqui, que a ideia de “salvar-se” não é algo estático ou passivo. Envolve movimentação de um nível evolutivo para outro, determinada por ações precisas. “Salvar-se” significa integrar-se ao serviço do Cristo, colocar-se à sua disposição, onde o indivíduo encontrará sempre oportunidades de realizações nobres (“achará pastagens”).
Fica claro também que a pessoa é salva porque se libertou ou encontra-se em processo de libertação das próprias imperfeições. O Espírito é livre a partir do momento que aceita e vivencia os ensinamentos do Cristo (“a porta”). Sendo livre, “entrará, e sairá, e achará pastagens”, ou seja, é capaz de vencer as tentações do caminho porque a sua alimentação mental, “a pastagem”, agora, é farta, decorrente da sua nova atuação no cenário da vida: a vitória sobre si mesmo, sobre as próprias imperfeições.
A autoridade de Jesus é de cunho moral. A que se impõe, naturalmente, sem ofensas e violências. É a autoridade do Amor. O dia em que a Humanidade tiver conhecimento da mensagem do Cristo, uma nova ordem se estabelecerá no Planeta, que de mundo de expiação e provas se elevará à categoria de regeneração. Os seres humanos, mais fraternos e solidários, entenderão e aceitarão a liderança real, legítima e verdadeira: a de Jesus.
A liderança real, no caminho da vida, não tem alicerces em recursos amoedados. Não se encastela simplesmente em notoriedade de qualquer natureza. Não depende unicamente da argúcia ou sagacidade. Nem é fruto da erudição pretensiosa. A chefia durável pertence aos que se ausentam de si mesmos, buscando os semelhantes para servi-los… Esquecendo as luzes transitórias da ribalta do mundo… renunciando à concretização de sonhos pessoais em favor das realizações coletivas… Obedecendo aos estímulos e avisos da consciência… E por amar a todos sem reclamar amor para si, embora na condição de servo de todos, faz-se amado da vida, que nele concentra seus interesses fundamentais. (13)
Existindo uma sociedade mais pacífica na Terra, unida por um laço de sincera fraternidade, a Humanidade compreenderá, finalmente, o significado de o Cristo ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando […]. Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida. O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dividas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao contacto do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho, que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna. (7)
ANEXO
ORIENTAÇÕES AO MONITOR: Como motivação inicial, pedir aos participantes que informem os diferentes significados da palavra autoridade. Dividir, em seguida, a turma em pequenos grupos para o estudo dos textos evangélicos, citados neste Roteiro. Promover, em seguida, ampla análise do assunto, mantendo-se atento às orientações espíritas correspondentes.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 1, item 3, p. 58.
2. Idem - Item 4, p. 58-59.
3. Idem, ibidem - p. 59.
4. Idem - Item 5, p. 59.
5. Idem - Item 9, p. 62-63.
6. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 625, p. 346.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Introdução: Interpretação dos textos sagrados, p. 13-14.
8. Idem - Capítulo 7 (Tudo novo), p. 30.
9. Idem - Capítulo 11 (Conforto), p. 38.
10. Idem - Capítulo 54 (A videira), p. 124.
11. Idem - A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução, p. 15.
12. Idem, ibidem - p. 16.
13. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. Por diversos Espíritos. 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 64 (O primeiro: mensagem do Espírito Emmanuel), p. 152.