Roteiro 4
A Missão de Jesus — guia e modelo da humanidade
Objetivos: Explicar porque Jesus é o guia e o modelo da Humanidade terrestre. — Fazer um resumo dos principais ensinamentos da mensagem cristã.
IDEIAS PRINCIPAIS
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Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina (a do Cristo), em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Allan Kardec: A Gênese, Capítulo 17, item 26.
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Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. — Mateus, 22.37-40. Esse ensinamento de Jesus […] é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 11, item 4.
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Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia e modelo?
“Vide Jesus.”
Para o homem Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 625.
SUBSÍDIOS
1. Jesus, guia e modelo da Humanidade
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do .nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção. (17)
Vemos, dessa forma, a excelsitude de Jesus, o construtor da nossa moradia, planeta destinado à nossa melhoria espiritual.
Jesus […], com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopo da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no universo galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo […]. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias. (18)
Por ignorar o amor de Jesus e o trabalho que vem realizando ao longo dos milênios, em nosso benefício, permanecemos imersos em sofrimentos atrozes.
A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra “natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim. […] Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens. (19)
Precisamos conhecer e sentir mais Jesus, estudar com dedicação os seus ensinos, aceitar o seu jugo,divulgando a sua mensagem de amor.
Jesus, cuja perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, […] desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a ideia da sua divina origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do Espírito, revelando-lhe, em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger. (22)
Entendemos, dessa forma, porque os Espíritos Superiores afirmam ser Jesus guia e modelo da humanidade.
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. (11)
2. A Mensagem cristã
Jesus tem por missão encaminhar a Humanidade terrestre ao bem, disponibilizando condições para que o ser humano evolua em conhecimento e em moralidade. “Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Por isso foi que ele disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancadas.” (6)
A vinda de Jesus foi assinalada por uma época especial. Os historiadores do Império Romano sempre observaram com espanto os profundos contrastes da gloriosa época de Augusto (Caio Júlio César Otávio), o primeiro imperador romano, com os períodos anteriores e posteriores.
É que os historiadores ainda não perceberam, na chamada época de Augusto, o século do Evangelho ou da Boa Nova. Esqueceram-se de que o nobre Otávio era também homem e não conseguiram saber que, no seu reinado, a esfera do Cristo se aproximava da Terra, numa vibração profunda de amor e de beleza. (13)
Jesus chegou ao Planeta no reinado do sobrinho de Júlio César, Otávio, também conhecido como Augusto César.
Acercavam-se de Roma e do mundo não mais Espíritos belicosos […], porém outros que se vestiriam dos andrajos dos pescadores, para servirem de base indestrutível aos eternos ensinos do Cordeiro. Imergiam nos fluidos do planeta os que preparariam a vinda do Senhor e os que se transformariam em seguidores humildes e imortais dos seus passos divinos. É por essa razão que o ascendente místico da era de Augusto se traduzia na paz e no júbilo do povo que, instintivamente, se sentia no limiar de uma transformação celestial. Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia espalhar-se pelo mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. (14)
A vinda do Cristo mostra que a Humanidade estava em condições de receber ensinamentos superiores. “Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.” (20)
Jesus nasceu num momento em que o mundo estava mergulhado numa miscelânea de ideias religiosas, predominantemente politeístas. O “[…] mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade […].” (21)
O […] Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção. (21)
A mensagem cristã causa impacto por ser límpida e cristalina, livre de fórmulas iniciáticas ou de manifestações de culto externo.
Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas. Guardando embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e do conhecimento. Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para outro. Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o impossível. Dirige-se a palavra d’Ele à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia. (32)
A despeito do caráter reformador que Jesus imprimiu à Lei de Deus, recebida mediunicamente por Moisés e conhecida como os Dez Mandamentos, na verdade o Cristo ensinou como compreendê-la e demonstrou como praticá-la.
Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, os princípios dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. […] combatendo constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo”, e acrescentando: aí estão a lei toda e os profetas. (1)
3. Ensinamentos da mensagem cristã
A mensagem cristã nos esclarece que o “[…] Velho Testamento é o alicerce da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício da redenção das almas. Como tal, devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para qualquer exposição teórica, mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.” (23)
Neste sentido, é importante compreender que o Cristianismo é “[…] a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra imorredoura de Jesus.” (25)
Sendo assim, o cristão verdadeiro “[…] deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão remontar ao calvário de suas dores, no momento oportuno.” (24)
Assinalamos, em seguida, alguns ensinamentos que caracterizam a mensagem cristã, sem guardarmos a menor pretensão de termos esgotado o assunto.
“A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.” (19) Por essa razão, afirmou Jesus: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus. (Mateus, 5.3)
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. (2)
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. […] E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiro os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. (5)
A mensagem cristã é um poema sublime de amor que Jesus trouxe à Humanidade.
Descendo à esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor, ajudando e sofrendo por amor, passa no mundo, de sentimento erguido no Pai Excelso, refletindo-Lhe a vontade sábia e misericordiosa. E, para que a vida e o pensamento de todos nós lhe retratem as pegadas de luz, legou-nos, em nome de Deus, a sua fórmula inesquecível: — “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (31)
O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas. Brilha em tudo e em tudo palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza. É fundamento da vida e justiça de toda a Lei. Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à gloria da imensidade, quanto nas flores anônimas esquecidas no campo. Nele fulgura, generosa, a alma de todas as grandes religiões que aparecem, no curso das civilizações, por sistemas de fé à procura da comunhão com a Bondade Celeste, e nele se enraíza todo impulso de solidariedade entre os homens. (29)
A mensagem cristã reflete o amor e a justiça de Deus, daí ser importante compreender as suas lições.
O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a ninguém violenta, embora, em razão do mesmo amor infinito com que nos ama, determine estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada consciência, de acordo com as suas próprias obras. E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos sem prazo o caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente nos consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que é a Sua Regra Imutável. […] Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele à Terra para clarear-nos a senda, em cada passo do seu Ministério tomou o amor ao Pai por inspiração de toda a vida, amando sem a preocupação de ser amado e auxiliando sem qualquer ideia de recompensa. (30)
Ensina-nos Jesus que a primeira qualidade a ser cultivada no coração, acima de todas as coisas, é a fidelidade a Deus. (15)
Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e recíproca? Nós não podemos duvidar da fidelidade de Nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da retribuição? Não seria repudiarmos o título de filhos amorosos, o fato de nos deixarmos absorver no afastamento, favorecendo a negação? (15)
Registra o livro Boa Nova, em relação ao assunto, que Jesus aconselhou o apóstolo André nestes termos:
André, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz da Terra, serve a Deus com a tua palavra e com os ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te das tuas mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés, poderias servir a Deus com a paciência e a coragem, porque a virtude é o verbo dessa fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores! (16)
A fidelidade a Deus é também sinônimo de amor, prédica resumida por Jesus, segundo atesta o registro de Mateus. (Mateus, 22.37-39)
O amor aos semelhantes é um dos princípios basilares do Cristianismo, incessantemente exemplificado por Jesus. Neste sentido, nos recorda o apóstolo João, citando Jesus, respectivamente, em sua primeira epístola e no seu evangelho: “Amados, amemo-nos uns aos outros” (1 João, 4.7). “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João, 13.35)
Nem um só monumento do passado revela o espírito de fraternidade nas grandes civilizações que precederam o Cristianismo. Os restos do Templo de Carnaque, em Tebas, se referem à vaidade transitória. Os resíduos do Circo Máximo, em Roma, falam de mentirosa dominação. As ruínas da Acrópole, em Atenas, se reportam ao elogio da inteligência sem amor. […] Antes do Cristo, não vemos sinais de instituições humanitárias de qualquer natureza, porque, antes d’Ele, o órfão era pasto à escravidão, as mulheres sem títulos, eram objeto de escárnio, os doentes eram atirados aos despenhadeiros da imundície e os fracos e os velhos eram condenados à morte sem comiseração. Aparece Jesus, porém, e a paisagem social se modifica. O povo começa a envergonhar-se de encaminhar os enfermos ao lixo, de decepar as mãos dos prisioneiros, de vender mães escravas, de cegar os cativos utilizados nos trabalhos de rotina doméstica, de martirizar os anciãos e zombar dos humildes e dos tristes. […] Sem palácio e sem trono, sem coroa e sem títulos, o gênio da Fraternidade penetrou o mundo pelas mãos do Cristo, e, sublime e humilde, continua, entre nós, em silêncio, na divina construção do Reino do Senhor. (32)
É por essa razão que Jesus indica quais são os mandamentos mais importantes da sua Doutrina: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mateus, 22.37-40)
Entendemos, assim, que esse ensino de Jesus representa “[…] é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos.” (4)
Afirma Jesus: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós”. (Lucas, 17.20,21)
Exegetas e teólogos, historiadores e pensadores, estudiosos e simples leitores, em significativa maioria, parecem concordarem em que a pregação de Jesus gira em torno da noção básica do Reino de Deus, que ele estabelece como meta a atingir, objetivo pelo qual devem convergir todos os esforços, sacrifícios, renúncias e anseios. O caminho para o Reino de Deus não é largo, amplo e fácil, contudo: é estreito e difícil. O instrumento para sua realização é o amor a Deus e ao próximo, tanto quanto a si mesmo, um amor total, universal, paradoxalmente uma extensão modificada do egoísmo, uma transcendência, uma sublimação do egoísmo, pois amando aos outros tanto quanto amamos a nós mesmos, estaremos doando o máximo, em termos humanos, tão poderosa é a força da autoestima em nós. Acima disso — “de todas as coisas” — disse ele — só o amor de Deus. Esse programa, o roteiro, a metodologia que nos levam à conquista do Reino, que — outro paradoxo — está em nós mesmos. Podemos, portanto, dizer que há duas tônicas, duas dominantes, como objetivo da vida e a prática do amor como programa para essa busca, como seu instrumento e veículo. (12)
Aproximando Pedro de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus, 18.21,22)
O […] ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade. […] Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. (3)
Vemos, assim que o perdão é uma necessidade humana, caminho seguro da felicidade.
Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância. (26)
Lembra-nos Jesus: “Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis. E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos, 11.24,25)
Orienta também Jesus: “E quando orardes, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai que vê o que está oculto, te recompensará. E orando, não useis vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.” (Mateus, 6.5-7)
Jesus nos ensina como orar, dizendo: “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal.” (Mateus, 6.9-13)
“A oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo da Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza.” (27)
Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida. A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons. A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos através dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a ideia, com que se lhe aperfeiçoa a existência. (28)
Os Ensinamentos de Jesus representam, pois, “[…] a pedra angular, isto é, a pedra de consolidação do novo edifício da fé, erguido sobre as ruínas do antigo.” (7)
Sendo assim, chegará o dia em que estas palavras do Cristo se cumprirão: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” (João, 10.16) (8)
Por essas palavras, Jesus claramente anuncia que os homens um dia se unirão por uma crença única; mas, como poderá efetuar-se essa união? Difícil parecerá isso, tendo-se em vista as diferenças que existem entre as religiões, o antagonismo que elas alimentam entre seus adeptos, a obstinação que manifestam em se acreditarem na posse exclusiva da verdade. […] Entretanto, a unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os povos do mundo inteiro já confraternizam, como os das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa unidade e todos a desejam. Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma necessidade, para que se estreitem os laços de fraternidade entre as nações; far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de todas as dissidências; pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros materiais sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das suas fiadas as pedras estragadas. Demolindo nas religiões o que é obra dos homens e fruto de sua ignorância das leis de Natureza, a Ciência não poderá destruir, mau grado à opinião de alguns, o que é obra de Deus e eterna verdade. Afastando os acessórios, ela prepara as vias para a unidade. A fim de chegarem a esta, as religiões terão que encontrar-se num terreno neutro, se bem que comum a todas; para isso, todas terão que fazer concessões e sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multiplicidade dos seus dogmas particulares. (9) No estado atual da opinião e dos conhecimentos, a religião, que terá de congregar um dia todos os homens sob o mesmo estandarte, será a que melhor satisfaça à razão e às legítimas aspirações do coração e do espírito; que não seja em nenhum ponto desmentida pela ciência positiva; que, em vez de se imobilizar, acompanhe a Humanidade em sua marcha progressiva, sem nunca deixar que a ultrapassem; que não for nem exclusivista, nem intolerante; que for a emancipadora da inteligência, com o não admitir senão a fé racional; aquela cujo código de moral seja o mais puro, o mais lógico, o mais de harmonia com as necessidades sociais, o mais apropriado, enfim, a fundar na Terra o reinado do Bem, pela prática da caridade e da fraternidade universais. (10)
ORIENTAÇÃO AO MONITOR: No início da reunião explicar porque Jesus é considerado guia e modelo da Humanidade. Em sequência, dividir a turma em oito pequenos grupos para leitura do texto e troca de ideias sobre os assuntos contidos no item 3 dos subsídios, promovendo amplo debate, em plenária.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 1, item 3, p. 58.
2. Idem - Capítulo 7, item 2, p. 146-147.
3. Idem - Capítulo 10, item 4, p. 186-187.
4. Idem - Capítulo 11, item 4, p. 203.
5. Idem, ibidem - Item 8, p. 205.
6. Idem - A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 17, item 26, p. 432.
7. Idem - Item 28, p. 433.
8. Idem - Item 31, p. 436.
9. Idem - Item 32, p. 436-437.
10. Idem, ibidem - p. 437-438.
11. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006 questão 625, comentário, p. 346.
12. MIRANDA, Hermínio C. Cristianismo: a mensagem esquecida. 1. ed. Matão [SP]: O Clarim, 1988. Capítulo 12 (Cristianismo e a Doutrina de Jesus), p. 294.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 33. ed. Rio de Janeiro, 2005. Capítulo 1 (Boa Nova), p. 17-18.
14. Idem, ibidem - p. 18.
15. Idem - Capítulo 6 (Fidelidade a Deus), p. 44.
16. Idem, ibidem - p. 48.
17. Idem - A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 1 (A Gênese Planetária), item: A comunidades dos Espíritos puros, p. 17-18.
18. Idem, ibidem - Item: O divino escultor, p. 21-22.
19. Idem, ibidem - Item: O verbo na criação terrestre, p. 22-23.
20. Idem - Capítulo 12 (A Vinda de Jesus), Item: A manjedoura, p. 105.
21. Idem, ibidem - Item: A grande lição, p. 107-108.
22. Idem - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 2 (A Ascendência do Evangelho), p. 25.
23. Id. - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 282, p. 168.
24. Idem, ibidem - Questão 286, p. 169.
25. Idem, ibidem - Questão 293, p. 172.
26. Idem, ibidem - Questão 340, p. 193.
27. Idem - Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel 15. ed. Rio de Janeiro: FEB 2005. Capítulo 26 (Oração), p. 119.
28. Idem, ibidem - p. 121-122.
29. Idem - Capítulo 30 (Amor), p. 136-137.
30. Idem, ibidem - p. 1 38-139.
31. Idem, ibidem - p. 139.
32. Idem - Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB 2004. Capítulo 13 (A Mensagem Cristã), p. 59.
33. Idem - Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Matão [SP]: O Clarim, 1992, Capítulo 48, item: Fraternidade, p. 135-136.