JORGE Mateus DE LIMA. — Tendo concluído o curso médico, em 1914, no
Rio de Janeiro, volta Jorge de Lima, em 1922, a Maceió, onde é recebido
como o “Príncipe dos Poetas Alagoanos”. Poeta, romancista, jornalista,
contista, ensaísta, professor de Literatura na Universidade do Brasil,
era um talento multívio. Em sua última fase literária, após ter abandonado
o modernismo regionalista que tanta fama lhe trouxera, J. de Lima “incursionou
pela poesia religiosa e terminou cultuando uma poesia quase abstrata,
ou tirante a escrita automática”. (Péricles E. da Silva Ramos, in
A Lit. no Brasil, III, t. 1, pág. 609.) Referindo-se ao Livro de
Sonetos do poeta, J. Fernando Carneiro “informa, com sua autoridade
de médico, amigo e exegeta de Jorge de Lima, que ele escreveu todo o
livro, 77 sonetos e mais 25 que continuaram inéditos, em pleno estado
hipnagógico e no espaço apenas de 10 dias”. (apud A. Rangel
Bandeira, Jorge de Lima…, pág. 115. ) “O poeta que escreveu a
Invenção de Orfeu, e se chamou Jorge de Lima,” — disse Eduardo
Portella — “foi dos mais complexos e fortes de toda a nossa poesia moderna.”
“Muitas vezes” — observa Rangel Bandeira (ibidem, pág. 123) —
“Invenção de Orfeu dá a impressão de ter sido um livro psicografado;
era Jorge de Lima que registrava seu próprio delírio.” Segundo Fernando
Carneiro, o poeta alagoano foi “a encarnação da bondade”: “Tudo em Jorge
de Lima estava envolto num halo de bondade, até a sua tristeza, até
as suas fraquezas.” (União dos Palmares, Est. de Alagoas, 23 de Abril
de 1893 * — Rio de Janeiro, Gb, 15 de Novembro de 1953.) — (*)
Ver Antônio Rangel Bandeira, Op. cit., pág. 16.
BIBLIOGRAFIA: XIV Alexandrinos; Poemas; Poemas Escolhidos; Tempo e Eternidade; Invenção de Orfeu; etc. ( † )