O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Uma vida de amor e caridade — Autores diversos — F. C. Xavier/Izabel Bueno — 1ª Parte


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O início da obra assistencial

Continuando o seu trabalho e estando já integrada nos serviços de natureza específica do Pavilhão de Isolamento da Santa Casa de Uberaba, o internamento de um doente de Pênfigo Foliáceo, veio iniciar os alicerces da nova tarefa que lhe estava destinada. Chamava-se Josaphat Francisco Machado. Outros chegaram às portas da Santa Casa, portadores da referida moléstia, completando naquele ano de 1957, um total de vinte e dois doentes.

Mas, devido às dificuldades de tratamento do Pênfigo Foliáceo, pela sua longa duração, o elevado custo dos medicamentos e o escasso pessoal para os serviços de enfermagem, a direção do Hospital Santa Casa de Misericórdia, julgou-se incapaz de continuar mantendo os vinte e dois doentes internados que se encontravam naquela enfermaria, alimentando a grande esperança de recuperar a sua saúde.

Em face daquela deliberação, receberam “alta” pela Diretoria Clínica da Santa Casa, dez doentes que estavam melhores e outros doze enfermos foram dispensados com a fatal comunicação de que não seria mais admitido naquele nosocômio, o tratamento do Pênfigo Foliáceo.


O SOCORRO DO AMOR

Diante daquela dolorosa decisão, os enfermos deixaram a Santa Casa de Misericórdia, “sem ter para onde ir”. Faltava-lhes tudo: um abrigo, remédios, alimentos e principalmente a assistência e o apoio moral que lhes foram negados no momento mais cruciante de suas vidas!

Testemunhando aquele triste acontecimento, a enfermeira Aparecida, espírito dotado de grande sensibilidade pelo sofrimento humano, não hesitou e determinadamente, decidiu sair com os doentes, necessitados naquele instante, não só de um teto, mas essencialmente, de um coração generoso e amigo, que os auxiliasse a vencer a dor da enfermidade e as barreiras do preconceito.

Dessa forma, naquela data inesquecível de 08 de outubro de 1958, deixaram as portas da Santa Casa, os doze doentes acompanhados da protetora das suas provações e que seria daquele dia em diante, a sua segunda mãe, oferecendo-lhes o SOCORRO DO AMOR.


DESPREZO E ABANDONO

Sofrendo na profundeza de suas almas, as amarguras da indiferença, saíram sem destino, implorando da população os recursos para solucionar o grave problema que viviam, provocado exclusivamente pela ignorância dos princípios da fraternidade universal.

Os doentes, quando o seu corpo necessitava de um leito para o repouso e o medicamento para as suas dores, estavam eles a percorrer as vias públicas, suplicando a caridade “de uma casa” para resguardar e proteger as suas vidas.

Era de “cortar o coração”, depois de andar por muito tempo, olhar os seus pés que sangravam, marcando o calçamento da rua com o rastro rubro de sangue quando mudavam os passos naquela dolorosa caminhada.

Naquele dia nada conseguiram, a não ser o excessivo cansaço, com o calor do sol sobre a sua pele ferida e cor de lacre, e a dor que atingia não somente o seu corpo físico, mas, principalmente os seus espíritos golpeados pelo desprezo e pelas negativas que penetravam no âmago do seu “ser”.

Depois das tentativas infrutíferas de conseguir um lugar onde pudessem ficar abrigados, Aparecida dominada pela piedade, levou os doze doentes para a sua casa, situada na Rua do Contorno, s/n, Bairro dos Estados Unidos.

Aquela atitude reveladora da mais pura fraternidade cristã, abalou toda a cidade: os doentes de pênfigo, juntos com a sua família!

Foi considerado um absurdo e ao mesmo tempo, um gesto de coragem sem precedentes, porque imaginava-se o pênfigo como doença contagiosa! Lá permaneceram por quatro dias.

Diante daquele acontecimento, uma pessoa caridosa alugou um barracão próximo, onde ficaram por mais quatro dias.


Izabel Bueno


Texto extraído da 3ª edição desse livro.

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