PARA VOCÊS

|
Meus filhos, não somos peixes
E a comida não é isca.
Leiamos juntos a história
Do pobre Juca Lambisca.
|
Casimiro Cunha
Uberaba, 17 de maio de 1961.
PRIMEIRA PARTE n
Médium: Francisco Cândido Xavier
|
1 Rabugento e malcriado,
Esperto como faísca,
Era um menino guloso
O nosso Juca Lambisca.
2 Toda hora na despensa,
Pé macio e mão ligeira,
O maroto parecia
Um rato na prateleira.
3 No instante das refeições,
Afligindo os próprios pais,
Ele comia depressa,
Repetindo: — Quero mais!
4 Gritava: — Quero mais peixe!
Quero mais leite e mais pão!
Quero mais sopa no prato,
Mais arroz e mais feijão!
5 D. Nicota falava,
Ao vê-lo sobre o pudim:
— Meu filho, escute! Você
Não deve comer assim.
6 Mas o Juca respondão
Gritava, erguendo a colher:
— A senhora nada sabe;
Eu como quanto eu quiser.
7 Na escola, Juca furtava
Pastéis, bananas, pepinos,
Tomando à força a merenda
Das mãos dos outros meninos.
8 A vida do nosso Juca
Era comer e comer…
Mas foi ficando pesado,
E a barriguinha a crescer…
9 Gabriela, a companheira
Da cozinha e do quintal,
Falava, triste: — Ah! meu Juca,
A sua vida vai mal!
10 Não valiam bons conselhos
Do papai ou da vovó,
Fugia de todo estudo,
Queria a panela só…
11 Espíritos benfeitores,
No lar em prece, ao seu lado,
Preveniam, caridosos:
— Meu filho, tenha cuidado.
12 Mas, depois das orações,
O nosso Juca, sem fé,
Comia restos de prato
Na terrina ou no cuité.
13 A todo instante aumentava
A grande comedoria,
Sujava a cozinha e a copa,
Procurando papa fria.
14 Um dia, caiu doente,
E o doutor João do Sobrado
Receitou: — Este garoto
Precisa comer regrado.
15 Mas alta noite ele foge…
E, mais tarde, a Gabriela
Viu que o Juca estava morto
Debruçado na gamela.
16 Muito triste o caso dele…
Coitado? Embora gordinho,
O Juca morreu cansado
De tanto comer toucinho.
Casimiro Cunha
|
SEGUNDA PARTE n
Médium: Waldo Vieira
|
1 Desencarnado, o Lambisca,
Na vida espiritual,
Estava do mesmo jeito
E o barrigão tal e qual.
2 Acorda num campo lindo …
E agora, que não mais dorme,
Vê muita gente a sorrir
Por vê-lo de pança enorme.
3 Tem a impressão de trazer
O peso de um grande bumbo.
Quer levantar-se, porém
A pança cai como chumbo.
4 Juca xinga nomes feios…
Faz birra, choro e escarcéu
E pede com gritaria:
— Eu quero subir ao Céu!
5 Surge um Espírito amigo,
Carinhoso e benfeitor,
Que o recolhe com bondade
Nos braçoscheios de amor.
6 Deu-lhe as mãos e disse: — Filho,
Levante-se, cale e ande…
Ninguém sobe à Luz Divina
Com barriga assim tão grande…
7 Mas o Juca, revoltado,
Ergue os punhos pesadões
Contra tudo e contra todos,
A murros e pescoções.
8 Depois berra: — Esta barriga
É grandona, mas é minha!
Eu quero comer no tacho,
Quero morar na cozinha!
9 Multidões surgem a ver
O menino barulhento.
E o Juca, com pontapés,
Aumentava o movimento.
10 Um sábio aparece e fala:
— O Lambisca não regula,
Enlouqueceu de repente
De tanto cair na gula.
11 Foi preciso, então, prendê-lo…
Amarrado e furioso,
O pequeno parecia
Um cachorrinho raivoso.
12 Os Protetores, após
Guardá-lo em corda segura,
Oravam, dando-lhe passes,
Com bondade e com doçura…
13 Viu-se logo o olhar do Juca
Fazer-se brando, mais brando…
O menino foi dormindo
E a barriga foi murchando…
14 Os amigos decidiram,
Assim como um grande povo,
Que o Juca a fim de curar-se
Devia nascer de novo.
15 Lambisca a dormir, coitado,
Ele — tão forte e mandão,
Renasceu, muito pequeno,
Um simples bebê chorão.
16 E para esquecer a gula
Cresceu doente e magrinho…
Só bebia caldo leve,
Sem feijão e sem toucinho.
Casimiro Cunha
|
ANEXOS DA EDITORA
Oração da criança n

1 Amigo:
Ajuda-me agora, para que eu te auxilie depois.
2 Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância e à crueldade.
3 Venho ao encontro de tua aspiração, de teu convívio, de tua obra…
4 Em tua companhia estou na condição da argila nas mãos do oleiro.
5 Hoje, sou sementeira, fragilidade, promessa…
Amanhã, porém, serei tua própria realização.
6 Corrige-me, com amor, quando a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.
7 Protege-me contra o mal.
Ensina-me a descobrir o bem.
8 Não me afastes de Deus e estimula-me a conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e às coisas que me cercam.
9 Não me negues tua boa vontade, teu carinho e tua paciência.
10 Tenho tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa da água para viver e prosperar.
11 Dá-me tua bondade e dar-te-ei cooperação.
12 De ti depende que eu seja pior ou melhor amanhã.
Emmanuel
Em auxílio à criança n

1 Dentro das tarefas que o Espiritismo nos impõe, uma delas avulta pela importância e significação com que se destaca no presente para a garantia do futuro de nosso trabalho regenerativo e santificante.
2 Referimo-nos à imprescindível assistência espiritual que a criança exige de nós, a fim de que não estejamos descuidados no erguimento das colunas vivas do Reino do Senhor, na Terra.
3 Não levantaremos um edifício, sem assegurar a firmeza dos alicerces.
4 Não escreveremos um livro, sem antes penetrar o sentido do alfabeto.
5 Não chegaremos a produzir uma sinfonia, sem abordar os segredos primários das notas simples.
6 Não colheremos em seara feliz, sem sacrifícios na sementeira.
7 Como esperar o aprimoramento da humanidade, sem a melhoria do homem, e como aguardar o homem renovado sem o amparo à criança?
8 O menino de agora dominará depois.
9 Na urna do coração infantil, reside a decifração dos inquietantes enigmas da felicidade sobre o mundo.
10 Façamos de nossos templos de fé espírita-cristã não somente santuários de socorro às aflições e aos problemas da experiência humana, mas também lares de adestramento espiritual, com vistas à plantação do bem, onde nossos filhos encontrem a primeira escola de comunhão com o Senhor e com o próximo.
11 A recuperação da mente infantil para o equilíbrio da vida planetária é trabalho urgente e inadiável, que devemos executar, se nos propomos alcançar o porvir com a verdadeira regeneração.
12 Na criança, ergue-se o amanhã.
13 Talvez, por isso mesmo, à frente da multidão aflita, proclamou o nosso Divino Mestre:
— Deixai vir a mim os pequeninos… ( † )
14 Dirijamo-nos para o Cristo, conduzindo conosco os tenros corações das criancinhas e, mais cedo que possamos esperar, a Terra encontrará o caminho glorioso da paz imperecível.
Emmanuel
[1] Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.
[2] Página recebida pelo médium Waldo Vieira.
[3] Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier. Essa mensagem, com pequenas diferenças, foi publicada pela FEB em 1968 e é a 16ª lição do
livro “Luz no lar.”
[4] Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier. Texto publicado nas revistas Reformador, outubro 1953, p. 229 e Brasil espírita, janeiro 1953, p. 4, com a diferença na expressão experiência humana do indicador 10, para madureza humana, alteração que consideramos inadequada por ferir os direitos morais do autor.