O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mensagem do pequeno morto — Carlos por Neio Lúcio


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O sono bom

1 Surpreendido, notava que nenhum de vocês fazia caso da presença de Tia Eunice, dando-me a impressão de que não na viam; e até o doutor Martinho, que lhe ficava defronte, mostrava absoluta indiferença.
Ela, contudo, não estava menos satisfeita por isso.

2 Após acomodar-se à cabeceira, nossa tia pousou a mão macia sobre a minha cabeça é grande alívio me banhou o coração.

3 Tive a ideia de que raios de sol me penetravam o corpo em desalento.
Não pude conversar como desejava, mas consegui pensar mais claramente. Desviei a atenção que concentrara na garganta dorida e raciocinei sem maior aflição.

4 Estaria menos mal? A morte permaneceria rondando-me o leito? Que aconteceria nos próximos minutos?

5 Quis endereçar algumas perguntas à Tia Eunice, explicando-lhe, ao mesmo tempo, que sentia imenso receio de morrer; todavia, meus lábios estavam quase imóveis.

6 Ela, porém, segundo minha observação, percebeu, de pronto, o que me passava no cérebro.

7 Sorriu-me, bondosamente, e disse:
— Você, na verdade, acredita que alguém possa desaparecer para sempre? Não creia em semelhante ilusão… É preciso tranquilizar-se. Afinal de contas, os dias de dor e as noites de insônia têm sido numerosos.

8 Sorriu, com ternura mais acentuada, inspirando-me profunda confiança, e tornou a dizer:
— É necessário que você durma sossegado, sem qualquer inquietação.

9 E como eu lhe ouvisse os conselhos, acrescentou:
— Descanse, Carlinhos! Ceda, sem temor, à influência do sono. Velarei por você…

10 Em seguida, passou a mão direita, de leve e repetidamente, sobre a minha garganta cheia de feridas. A transformação que experimentei foi completa. Acreditei que me estivesse aplicando deliciosa compressa de alívio. As dores que me atormentavam, havia tanto tempo, cederam, pouco a pouco.

11 Indizível tranquilidade dominou-me, por fim. Entreguei-me, confiante, aos carinhos de Tia Eunice, como me abandonava, comumente, à ternura de mamãe.

12 Logo após, a mão dela, carinhosa e boa, afagou-me o rosto, banhado de suor, detendo-se docemente sobre minhas pálpebras… Tentei, ainda, olhar para você; todavia, não pude.

13 A visitante inesperada cerrou-me os olhos, com brandura, e acentuou:
— Durma, Carlinhos! você está cansado…

14 Nada respondi com a boca; entretanto, concordei mentalmente, agradecido e reconfortado.

15 Tia Eunice observou-me a silenciosa atitude de satisfação, porque, nesse instante, curvou-se e beijou-me.

16 Recordei-me, então, do beijo de mamãe, cada noite, e, em vista do alívio que eu sentia, entreguei-me finalmente ao sono bom.


Carlos

Neio Lúcio


Texto extraído da 7ª edição desse livro.

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