1 Hoje cedo, deixei o meu retiro
E como sempre ocorre, dei-me ao giro
Onde a sombra se espalha e a penúria golpeia…
Descobri, para logo, a caravana
Dos que sofrem no corpo a garra desumana
Da rude provação que os encadeia.
2 Vi tristes mães chorando desprezadas,
Crianças esmolando nas estradas
Um cobertor usado ou a dádiva de um pão,
Velhinhos a tremer na jornada sombria,
Gemendo entre a garoa e a ventania
E os doentes cansados de aflição.
3 Vi mais longe, conquanto em outros lados,
Pobres irmãos erguendo os punhos revoltados
E a brandirem na terra estranho açoite…
Era a equipe da incompreensão que ainda não dorme
Alimentando, a desespero enorme,
Pensamentos da guerra, dia e noite!…
4 Então gritei na longa senda escura:
“— O que fazer, Jesus, entre a sombra e a loucura?”
O Celeste benfeitor guardou a minha mão…
E, através de viagem curta e leve,
Penetrei na cidade, em tempo breve,
E abracei-vos, feliz, neste nobre salão.
5 O vosso grupo de beneficência
É o socorro à penúria e vacina à violência,
Traduzindo a resposta do Senhor!…
Cooperando no bem, de parcela em parcela,
Anunciais a paz que assim se nos revela
Na bênção de servir pela união no amor.
6 E em prece de louvor, notando-vos o exemplo,
Neste recinto em flor transfigurado em templo,
Ao clarão imortal da fé que nos conduz,
Clamo, perante os Céus, alegre e enternecida!
“— Amados irmãos meus, Deus vos sustente a vida,
Guardando-vos, em paz, nos festivais da luz!…”
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