O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


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Tempo de lágrimas, tempo de compreensão

Em consequência de lamentável acidente de moto, o jovem Júlio Fernando Leite de Sant’Anna, deixou o Plano Físico, aos 31 de agosto de 1976, com 18 anos de idade.

Filho do casal José Leite de Sant’Anna e Maria de Lourdes Leite de Sant’Anna, ele residia com sua família em Goiânia, GO, onde frequentava um Cursinho com vistas a um próximo Vestibular.

Mas, dois anos depois, auxiliando seus pais de forma marcante, a superarem o compreensível tempo de lágrimas, Júlio regressou da Vida Maior, através de confortadora carta, compartilhando suas “saudades no mesmo cálice de esperança”, em busca de um feliz e produtivo tempo de compreensão.

Eis a sua primeira carta:


PRIMEIRA CARTA n


Deus que nos reuniu uns aos outros, nunca nos separaria para sempre.

1 Querida mãezinha, abençoe-me.

2 Estas notícias serão curtas. Só um alô para dizer “presente”.

3 Estou em companhia do Álvaro n e juntos abraçamos nossas mães queridas, rogando a Deus nos proteja a todos. O Álvaro abraça com muito carinho ao mano Marcelo, n e conosco estão minha avó Elvira n e meu avô Durval, n que especialmente me auxiliam.

4 Vovô Durval pede ao papai, a quem abraço com o respeitoso amor filial de todos os dias, para dizer aos tios João e Iracema que o Sérgio n não está esquecido e, com outros amigos, estão sustentando o meu primo na renovação pela qual por aqui todos passamos.

5 Minha avó Elvira trouxe consigo duas amigas que me protegem e me servem aqui, na condição de protetoras, cuja dedicação é para mim um retrato da ternura da senhora e de meu pai, em nossa casa de Goiânia. São elas as irmãs Joaquina de Macedo n e Maria de Sant’Ana Bastos, n que meu avô Durval afirma serem antigas afeições de nossos familiares.

6 Mãezinha, peço-lhe muita coragem para vencermos a suposta separação, que gera tanta saudade no coração da gente. Estamos juntos, sem perceber isso, no lado terrestre, como permanecemos sempre aí protegidos pelos Mensageiros de Deus. 7 Tanto quanto possível, auxilie-me com a sua paz e com sua fé no Poder Maior. Deus, que nos reuniu uns aos outros, nunca nos separaria para sempre.

8 A todos de casa, muitas lembranças. Não alinho nomes para não esquecer de alguém. 9 Escrevo às pressas sob auxílio de meu avô e não disponho de muito tempo no pensamento para lembrar-me nominalmente de todos. Desejava unicamente dizer ao seu coração que seu filho é o mesmo de sempre, tentando melhorar para faze-la um dia mais feliz.

10 Com muito carinho e gratidão, rogo à senhora aceitar tudo o que possa existir de bom em minha alma.
Com muitos beijos e abraços do seu filho, que pede a Deus nos proteja e abençoe,


Júlio Fernando Leite de Sant’Anna.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografada por Francisco C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, a 19/5/1978.


2 — Álvaro — Álvaro da Silva Ferreira (1956-1976), filho de Maria José da Silva Ferreira, presente à reunião, e Alfredo da Costa Ferreira, residentes em Goiânia. Os pais de Álvaro e Júlio são amigos desde a infância.


3 — Marcelo — Marcelo da Silva Ferreira, irmão de Álvaro, presente à reunião.


4 — Avó Elvira — Elvira Alexandre Bó, avó materna, desencarnada em 1973.


5 — Avô Durval — Durval Leite de Sant’Anna, avô paterno, desencarnado em 1940.


6 — Sérgio — Sérgio Leite de Sant’Anna, filho de João Batista Leite de Sant’Anna e Iracema Lopes de Sant’Anna, faleceu em acidente aéreo, com 21 anos, em 1976.


7 — Joaquina de Macedo — Falecida em Goiás, GO, aos 12/01/1939, era muito amiga da família Sant’Anna.


8 — Maria de Sant’Anna Bastos — Falecida em Goiás, GO, era comadre do Sr. Durval Leite de Sant’Anna.


SEGUNDA CARTA n


O meu tempo deveria ser curto e de qualquer maneira aquele dia, de minha volta, era o meu mesmo.

1 Querida mãezinha Lourdes, abençoe-me.

2 O vovô Durval e a vovó Elvira me acompanham e se fazem lembrados ao seu carinho.

3 A verdade é que se pode seguir na direção da Vida Espiritual, no dorso da moto voadora a que me afeiçoara. Presentemente devo ser mais comedido e regressar aos meus, com a prudência precisa.

4 Mãezinha Lourdes, muito obrigado por sua devoção incessante à memória de seu filho. n Graças a Deus, o nosso tempo de lágrimas deu lugar aos dias de compreensão que hoje buscamos enfileirar.

5 Ouço as divagações do papai José e as referências dos irmãos, e eu mesmo me penitencio, n afirmando de mim para comigo, embora sabendo que os desígnios de Deus devem prevalecer em todas as ocorrências da vida. 6 Pergunto a mim próprio se não teria sido melhor acomodar-me sem o veículo, mas o vovô Durval, amigo dedicado de todos os dias, pondera, a fim de consolar-me, que os processos da desencarnação diferem de pessoa para pessoa, e que tanto se perde o corpo num acidente de moto, quanto é impelido o Espírito à liberação do carro físico sob o impulso de uma embolia. 7 Ele me esclarece que o meu tempo deveria ser curto e de qualquer maneira, aquele dia de minha volta, era o meu mesmo.

8 Isso me reconforta e me auxilia a tocar o barco pra frente, apesar da falta que sinto de casa e da família.

9 Mãezinha Lourdes, agradeço quanto me proporciona com suas preces e lembranças. Estou conformado. Muito agradecido. Tudo se vai renovando naturalmente para o meu coração de rapaz, hoje mais sereno.

10 Envio lembranças aos meus queridos José Eduardo, Lília, Maria Lysia, Luíza e Paulo Henrique, n pois notei que os irmãos estranharam a ausência deles em minhas letras-fraternas. E não posso esquecer o pessoal miúdo que está chegando por aí. Um abraço de muito carinho ao Thiago e à Ana Carolina, n que me trouxeram a sensação de tio feliz na Vida Espiritual.

11 Rogo ao papai ânimo e confiança em Deus. Tudo passa no rumo do melhor porque a Divina Providência nunca se empobrece de amor.

12 Agradeço as preces que o seu devotamento me endereçaram no aniversário de 4 anos de vida diferente em que me vejo agora.

13 Querida mãezinha, sabemos nós ambos que esta carta guarda a finalidade de renovarmos energias, de modo a trabalharmos com mais decisão. 14 Quando o cansaço ameaçar ou amedrontar a senhora e o papai, lembrem-se de que não nos achamos separados. Terei muito reconforto em ser intimado pelos pais queridos a compartilhar nossas saudades no mesmo cálice de esperança.

15 Muita alegria e paz é o que desejo a todos os nossos queridos familiares.

16 O Álvaro veio em minha companhia e deixa-lhes, a todos, muito reconhecimento e carinho.

17 Querida mãezinha, em seu coração junto ao papai, muitos beijos do seu filho, em preces a Jesus por nossa felicidade,


Júlio Fernando Leite de Sant’Anna


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


9 — Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião pública do GEP, Uberaba, 17/10/1980.


10 — Mãezinha, muito obrigado por sua devoção incessante à memória de seu filho. — Ela guarda, carinhosamente, vários pertences do filho inesquecível e, todos os domingos, visita seu túmulo.


11 — Ouço as divagações do papai e as referências dos irmãos e eu mesmo me penitencio — Refere-se ao abuso de velocidade quando dirigia sua possante moto.


12 — José Eduardo, Lília, Maria Lysia, Luíza e Paulo Henrique — Irmãos.


13 — Thiago e Ana Carolina — Sobrinhos nascidos 4 anos após a partida de Júlio; são filhos, respectivamente, de José Eduardo e Lília.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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