O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Claramente vivos — Familiares diversos


4

“Creia, mamãe, ninguém está só”

1 Mãezinha Maura, n
É a sua prece de amor que espero em forma de bênção.

2 Pensamos que há muito tempo sem qualquer intercâmbio entre nós. Sei que você e meu pai guardam essa opinião. n Entretanto, se é verdade que a saudade é uma força que a gente supõe capaz de paralisar ponteiros de relógio, o progresso nos dá uma impressão de tamanha velocidade nos dias da Terra, que sete anos se nos afiguram apenas alguns minutos.

3 Alegrias de infância, esperanças de juventude, preocupações de estudos, responsabilidades de rapaz que começa a imaginar os planos de trabalho na carreira escolhida, são hoje telas que ficaram dependuradas nas paredes de nossa memória, enquanto a marcha para a frente continua inexorável.

4 Não se admire, mãezinha, se lhe disser que estamos tão juntos, quase como ontem, no mesmo campo do dia a dia.

5 Sei tudo o que passou depois daquela viagem frustrada: uma sede enorme de refazimento no lar, a licença de três dias para restauração de forças, um carro alugado às pressas, de parceria com um amigo anônimo, e a queda espetacular do corpo físico, num acidente impossível de se evitar; tudo se dissociou como por encanto… n

6 Nem meu pai teria o engenheiro filho, nem você teria o filho engenheiro. n
A lei do Senhor estava em caminho, à minha espera.
Pormenorizar agora os fatos nas minudências do ocorrido, é desnecessário.

7 Encontrei um amigo em Dr. Alberto, n um novo pai em meu bisavô Joaquim, n um protetor em meu querido avô Araújo, n e um enfermeiro dedicado no irmão Serapião Ribeiro. n

8 Falando com tanta naturalidade sobre o assunto, pode parecer a você que estou fazendo esnobação, mas não é isso. Sofri muito. Hoje, o tempo fez a função do vento sobre um montão de brasas…

9 Aquele fogo de dor cedeu lugar a uma grande paz, e é com essa paz que respondo a todos os seus escritos de amor materno, n explicando que estamos hoje mais juntos, que seus ombros ficaram escalavrados de tantas cargas de aflição, e não tenho qualquer dúvida, mas a prece foi a nossa lâmpada acesa, afugentando as sombras.

10 Mãezinha, agradeço tudo o que você me dedica em suas páginas de saudade e carinho.
Sei que o papai é o nosso amigo de sempre, no entanto, ouço a sua voz me chamando ao diálogo.

11 Creia, mamãe, ninguém está só.
Não é determinação de Deus que a criatura viva inteiramente isolada, sem manifestar os próprios pensamentos.

12 É por isso que depois do casamento de nossa Rose, n fiquei muito feliz ao vê-la no Centro Espírita-Cristão, n buscando auxiliar ao seu filho na pessoa dos outros. Ah! querida mamãe, esse é o melhor rumo para a verdadeira consolação.

13 Não julgue que eu tenha vindo para cá fora do tempo, porque o tempo é um contabilista que nunca se engana.
Sigamos para frente.

14 O verdadeiro parentesco nasce no coração de cada um. Aqui, na vida espiritual, as diferenças são tantas, que não é fácil ganhar a família da Terra. As criaturas se apegam umas às outras, segundo as afinidades com que se apresentam.

15 Por isso, mãezinha, venho aprendendo que o trabalho é a outra face do estudo. Não adiantaria conhecer sem fazer.

16 E esse seu exemplo, passando a me procurar nos necessitados, me comove muitíssimo.

17 Sei que você adoeceu depois de minha vinda, e que as lutas de serviço aumentaram para nós em todos os setores.
Mas peço-lhe pensar, não nos obstáculos já vencidos, e sim que podemos abrigar ideais novos e belos em nossas próprias almas.

18 Não quero dizer com isso que estaremos agindo sem o concurso do meu querido papai João, porque, de um modo ou de outro, ele estará sempre incorporado aos nossos projetos para o futuro.

19 Peço-lhe não interrogar tanto a Deus por que eu estaria chegando em casa fora das férias.
Estaria usufruindo pedaços de tempo que obtivera junto a colegas de serviço, e queria descansar ao seu lado, e junto da Rose e do papai.

20 Levava comigo vários assuntos para nossos entendimentos. Enfileirara notas, fizera apontamentos… n
Entretanto, a ordem não era para mim de repouso compulsório, e sim de mudança definitiva.

21 Ninguém pode conhecer o minuto próximo.
Por isso, rogo-lhe calma e consolação.

22 Não se permita chorar tanto.
Fitemos o azul do céu, de almas lavadas pelo sofrimento, que nos formou por mestre de vida.

23 Encontrar-nos-emos mais tarde, em presença e voz. Por agora, permaneça firme em suas concentrações e em suas preces.

24 Estarei em seu trabalho, durante o dia, e, à noite, quando seu Espírito se desprende do corpo, embora ligeiramente, está você em minhas tarefas, como não podia ser de outro modo.

25 Alegre-se. Cultive o otimismo e a esperança.
Tristeza é uma sombra que apenas prejudica quem a conserva por teimosia dentro da própria alma.
Continuemos contentes, animados e felizes pelas bênçãos de Deus que temos recebido.

26 Tenho estado em suas tarefas, e procuro exercitar essa yoga de alegria e de esperança, auxiliando aos nossos companheiros, tanto quanto possível, a desfazer nuvens de apreensões e sombras de sofrimento.

27 Ajude como sempre ao papai na solução dos problemas de nossos tempos, e aconselhe nossa Rose. n Ela quer ser psicóloga com palma e vitória, mas não se esqueça de que ser mãe é mais importante. Não desejo expressar qualquer desaprovação à escolha dela. Ela pode realizar as melhores aquisições em psicologia, mas não deve querer começar corrigindo essa ciência de hoje.

28 Se a psicologia de hoje não aceita a ideia religiosa, ela é livre para servir aos ideais que a enobrecem, oferecendo aos outros o melhor que ela consiga.

29 Não é interessante que o aluno se manifeste contra o professor quando a colisão das ideias apareça.
Haverá tempo bastante para que nossa Rose se prepare com mais segurança.
Após o título obtido, ela pode indiscutivelmente fazer muito em favor dos outros.

30 Agora, lutar pelos pontos de vista, pessoalmente, tão nossos, seria o mesmo que alterar o curso de um rio em cujas águas precisamos navegar a favor, pelo menos até o término da viagem.
Há ocasião de analisar e ocasião de trabalhar. Rose poderá fazer muito, e estaremos com ela.

31 Mamãe, diga a meu pai do amor que nos reúne uns aos outros. Ele estará sempre em meu coração, tanto quanto o seu coração maternal está comigo.

32 Agradeço as flores renovadas à frente de minhas lembranças, e agradeço tudo o que faz em meu favor.

33 Em Araguari, as nossas tarefas não se modificaram de essência.
Sustentamo-nos reciprocamente.
E sou eu quem agradece todo esse imenso amor que recebo.

34 Mãezinha, nosso irmão Ascelino n ainda não pode comunicar-se através do lápis, mas me pediu dizer à nossa irmãzinha, tia Doralice, que ele vai bem, até que as forças se lhe refaçam…

35 Se soubessem na Terra quanto nos valem na vida espiritual as preces de coragem e de paz, decerto que os nossos entes amados saberiam nos socorrer sem tantas recordações amargas.

36 Estamos em marcha, marcha para a frente, e isso é aquilo de que necessitamos.
Seguir sempre adiante, esquecendo o inútil na retaguarda.
Desse modo, mãezinha, a paz nos felicitará mais depressa.

37 Agradeço-lhe quanto faz por minha renovação para o bem, e prometo-lhe fazer o possível por você, quando estiver em condições de receber o privilégio de trabalhar mais para merecer mais trabalho, até que o servir se nos faça a alegria perfeita.

38 Mãezinha, continue avançando otimista e feliz.
Não se desgaste.
Atenda às próprias forças.

39 Começamos a trabalhar juntos nas tarefas mediúnicas, e isso quer dizer que não me alterarei por aqui, até que você volte.

40 O que desejo possa ser muito para adiante, a fim de que você na Terra viva feliz, no máximo de tempo, em favor de nós todos.

41 Peço-lhe não registre qualquer falta de notícias minhas, porque coração a coração, vivemos na mesma faixa de sentimentos e ideias, à maneira de duas árvores que se apoiam uma na outra.

42 Abrace a meu pai com esse respeito no amor que ele cultivou no coração do filho agradecido.

43 Ao Cláudio, Rose e familinha, n o meu afeto constante.
E a você, mãe querida, o pensamento e o amor, o carinho e a saudade-esperança do filho sempre em suas horas, por vida de sua vida e coração de seu coração,

Marco Antônio

Marco Antônio Araújo n


PRECE DE AMOR EM FORMA DE BENÇÃO


Tendo solicitado aos confrades Urbano T. Vieira e D. Ondina a gentileza de entrevistarem os pais de Marco Antônio, em Araguari, recebemos a seguinte carta do primeiro, que transcrevemos, na íntegra:
“Prezado Dr. Elias:
A pedido de nossa comum amiga Dona Maura, fornecemos os seguintes dados, a propósito da Mensagem de Marco Antônio:


BIOGRAFIA:

1) — Marco Antônio Araújo:

— Nascimento: 19 de agosto de 1943.

— Desencarnação: 6 de junho de 1971.

— Cursava o último ano de Engenharia Civil, na Universidade Federal de Belo Horizonte (MG).

— Pais: Sr. João Pereira de Araújo e D. Maura Silva de Araújo, residentes na Rua Dr. Afrânio, 221, em Araguari (MG).


2) — Maura Silva de Araújo: progenitora.


3) — Efetivamente, os pais aguardavam há muito tempo a manifestação do filho.


4) — Aproveitando recesso escolar, em fim de semana, demandava Marco Antônio o lar em Araguari, para descanso, tendo realizado normalmente a viagem de ônibus de Belo Horizonte a Uberlândia, onde tomou táxi para Araguari, na madrugada de 6 de junho de 1971, sendo vitimado em acidente fatal (juntamente com outro — Sr. Heleno, — também de Araguari), assim que o carro transpôs o Rio Araguari, em perigosa curva.


5) — Cursava o último ano de Engenharia.


6) — Dr. Alberto Moreira: antigo médico, muito humanitário de Araguari, desencarnado em 1956, homenageando a cujos méritos a Municipalidade de Araguari colocou seu nome em uma das principais ruas da cidade (Rua Dr. Alberto Moreira).


7) — Bisavô paterno: Sr. Joaquim Gonçalves de Araújo.


8) — Avô paterno: Sr. Sidney Pereira de Araújo.


9) — Serapião Ribeiro: Espírito Protetor de inúmeros Centros Espíritas da Região.


10) — “Aquele fogo de dor cedeu lugar a uma grande paz e é com essa paz que respondo a todos os seus escritos de amor materno…” — Diz D. Maura: “Sempre escrevi bilhetinhos e poesias, e colocava dentro da gaveta de sua mesa, o que faço ainda hoje.”


11) — Rose: Sra. Rosemarie Araújo Paes de Almeida, casada com o Engenheiro Dr. Cláudio Paes de Almeida.


12) — No Centro Espírita-Cristão: Centro Espírita Caminho da Luz, Araguari (MG) — Rua Jaime Gomes, 532.


13) — “Levava comigo vários assuntos para nossos entendimentos.” — Marco Antônio trazia consigo uma pasta com anotações (inúmeras páginas com pensamentos, decisões pessoais, orientações, etc.), que foi entregue aos pais, após o acidente.


14) — “Ajude como sempre ao papai na solução dos problemas de nossos tempos, e aconselhe nossa Rose.” — Sendo Marco nove anos mais velho que Rose e dada a profunda afinidade entre eles, sempre dispensou especial carinho e muito à irmã, tendo mesmo esta recebido a presente mensagem como oportuna e necessária orientação, já que vem fazendo com brilhantismo o Curso de Psicologia e, efetivamente, entrando muitas vezes em choque com professores em face de aspectos de estudos diante da Religião.


15) — “Nosso irmão Ascelino”: Engenheiro, desencarnado há quatro anos, na estrada de Uberlândia a Goiânia, cuja cunhada Doralice (tia paterna de Marco), estava presente à reunião da noite de 12 de agosto de 1978, no Grupo Espírita da Prece.


16) — “Ao Cláudio, Rose e familinha o meu afeto constante.” — O casal Rose / Dr. Cláudio tem dois filhinhos.



Aí estão os dados que Dona Maura e eu julgamos oportuno mandar para você. Ela, Dona Maura e seu marido, Sr. João Pereira Araújo, estão ao inteiro dispor para quaisquer outros dados: é só você pedir e mandaremos. Disponha.

Aquele abraço de sempre,

Urbano T. Vieira

Araguari (MG), 15/FEV./1979.”


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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