1. — Meu filho, aí estão, nas minhas cartas despretensiosas, as primeiras impressões do meu Espírito na vida do Além-Túmulo.
2 Por mais que me esforçasse, não pude ser fiel nas minhas descrições com respeito aos aspectos que formam os ambientes dos desencarnados.
3 Objetos e panoramas, que não se coadunam com as coisas conhecidas na Terra, é natural que permaneçam alheios à compreensão do homem e daí nasce a dificuldade para que a alma liberta se manifeste com o objetivo de esclarecer as criaturas terrenas quanto à vida extracarnal.
4 Minhas páginas refletem justamente o panorama dos Planos da Erraticidade no desenrolar da última catástrofe mundial, n que enlutou milhares de corações, quando se verificou o meu afastamento da vida material; 5 elas podem, aos olhos dos incrédulos, estar repletas de afirmações audaciosas e pouco acessíveis ao seu entendimento. Mas a morte é soberana e um dia os crentes e os descrentes atravessarão os caminhos da Vida Errática e hão de se certificar no sentido das coisas espirituais.
6 Ao fim dessa série de minhas elucubrações, dou graças a Jesus por havê-las conseguido e ao caridoso Guia, que me auxiliou na exposição das ideias, ajudando-me nas deficiências da minha incultura.
7 Nos momentos em que me aproximava de ti para escrever, sentia-lhe a salutar influência, ditando-me trechos inteiros para que eu tos transmitisse com a fidelidade possível.
8 Vezes inúmeras corrigia a pobreza das minhas faculdades de expressão e a ele devo o que pude grafar por teu intermédio.
2. Possivelmente, meu filho, mais tarde prosseguirei escrevendo algo de novo; contudo, enquanto se cale a minha voz, continua desempenhando a tarefa que te foi confiada, fazendo jus ao salário do bom trabalhador. 2 Nós sabemos o quanto tens sofrido no cumprimento dos teus deveres mediúnicos. Sacrifícios, dificuldades e provações, inclusive os espinhos aguçados, que polvilham as tuas estradas, tudo isso representa o meio de redenção que a magnanimidade do Senhor nos oferece na Terra, para o nosso resgate espiritual. Suporta pois corajosamente, com serenidade cristã, os revezes da tua existência.
3. Exerce o teu ministério, confiando na Providencia Divina.
2 Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; no dia, porém, em que receberes os favores do mundo como se estivesses vendendo os seus acordes, ela se enferrujará para sempre. O dinheiro e o interesse seriam azinhavres nas suas cordas.
3 Sê pobre, pensando n’Aquele que não tinha uma pedra onde repousar a cabeça dolorida e, quanto à vaidade, não guardes a sua peçonha no coração. Na sua taça envenenada muitos têm perdido a existência feliz no Plano espiritual como se estivessem embriagados com um vinho sinistro.
4. Não encares a tua mediunidade como um dom.
O dom é uma dádiva e ainda não mereces favores do Altíssimo dentro da tua imperfeição.
2 Reflete que, se a Verdade tem exigido muito de ti, é que o teu débito é enorme diante da Lei Divina.
Considera tudo isso e não te desvies da humildade.
3 Nos tormentos transitórios da tua tarefa, lembra-te que és assistido pelo carinho dos teus Guias intangíveis. Nas noites silenciosas e tristes, quando elevas ao Ilimitado a tua oração, nós estamos velando por ti e suplicamos a Deus te conceda fortaleza e resignação.
4 A vida terrena é amarga, mas é passageira.
Adeus, meu filho!… Dentro de todas as hesitações e incertezas do teu viver, recorda-te que tens neste outro mundo, para onde tens de voltar, uma irmã devotada que se esforça para ter junto dos filhos, que deixou na Terra, o mesmo coração, cheio de sacrifício e de amor.
Maria João de Deus
[1] A 1ª grande guerra.