O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Caravana de amor — Familiares diversos


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“Estou vivo e vou crescer”

“Na manhã do dia 12 de agosto de 1983, o garoto Rangel Diniz Rodrigues passeava de bicicleta, em frente à sua casa, numa rua tranquila de passeios largos, em companhia da empregada da casa. E foi assim que Tetéo, como era carinhosamente apelidado por seus familiares, sofreu uma queda comum para um garoto de quase três anos.

“Tetéo bateu a cabeça no chão, mas não houve nenhum ferimento grave. Os médicos que o examinaram após o acidente não verificaram anormalidade.

“Três dias depois, na manhã do dia 15 daquele agosto, o menino entrou em convulsões e foi imediatamente levado ao hospital de Pedro Leopoldo. Seu estado era grave e ele foi imediatamente transferido para a Santa Casa, em Belo Horizonte. Duas horas após, Tetéo falecia sem que os médicos pudessem sequer tentar qualquer coisa.

“Filho do dentista Aguinaldo Soares Rodrigues e da professora Célia Diniz Rodrigues, pessoas muito conhecidas na cidade, pertencentes a duas famílias tradicionais e muito bem relacionadas na comunidade, a morte de Tetéo, em circunstâncias inusitadas, comoveu a cidade.

“Toda a população lamentou a tragédia que abalou Aguinaldo e Célia.

“Quase um ano depois, no dia 30 de junho de 1984, Chico Xavier recebia, em Uberaba, uma impressionante mensagem “psicográfica” assinada pelo menino.

“Na mensagem, surgem nomes, apelidos, dados e referências inteiramente desconhecidas por Chico Xavier. Mesmo sendo de família espírita, inclusive neto de Manuel (Lico) Diniz, um líder espírita contemporâneo de Chico, o médium, ao receber a mensagem, mal conhecia sequer os pais do menino, por estar há muitos anos afastado de nossa cidade.

“(…) E foi como “uma bênção extraordinária” que o casal recebeu a mensagem. Mais um fenômeno espantoso na vida mediúnica de Chico. Outras mensagens como esta originaram filmes, manchetes e livros. Esta uma mensagem particularmente rara, mesmo para os espíritas, considerando a pouca idade do menino que, mesmo assim, conforme acreditam milhões de espíritas no mundo inteiro, falou do Além-Túmulo aos seus pais, a fim de consolá-los e soerguer-lhes o ânimo abatido.

“Os pais de Tetéo mandaram imprimir a mensagem com uma foto do garoto e distribuíram-na entre a população da cidade. Aqui está ela seguida das notas explicativas e que, segundo os familiares do menino, comprovam a autenticidade de sua autoria: (…).”

Este foi o preâmbulo que antecedeu a divulgação da carta mediúnica do garoto Rangel pelo jornal Gazeta de Pedro Leopoldo, da cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, edição outubro de 1984, nº 42, em fiel reportagem intitulada: “O caso Tetéo”.

Observa-se neste trabalho, que a pequena idade de Tetéo chamou a atenção do redator, considerando por tal motivo, como raridade, a mensagem psicografada.

De fato, na literatura espírita, há poucos casos semelhantes documentados. E, para compreendê-los, lembraremos que as crianças desencarnadas tendem a assumir a condição de adulto, que é a normal, exigindo para esse crescimento uma transformação plástica do perispírito (ou corpo espiritual), em maior ou menor tempo, dependendo do grau evolutivo do Espírito. Isto é, quanto maior o progresso moral e intelectual do Espírito, maior será o seu poder mental (plástico) sobre as células do próprio perispírito. (Ver Evolução em Dois Mundos, F. C. Xavier e W. Vieira, Segunda Parte, Cap. 4, e Entre a Terra e o Céu, F. C. Xavier, Cap. 9 e 11, ambos do Espírito de André Luiz, Ed. FEB.)

Portanto, apesar de ter desencarnado não alfabetizado, Tetéo compareceu pela escrita, bem desenvolvido pelo pouco tempo de desencarnação — “já estou mais adiantado do que Mariana”, diz ele, referindo-se à sua irmãzinha, na época com 5 anos, — revelando-nos um Espírito valoroso, já preocupado em ajudar os familiares que deixou na Terra. Embora dizendo-se auxiliado pelo avô na redação da carta, dá sua contribuição pessoal, dentro de seus recursos, transmitindo novo ânimo e muita paz aos entes queridos, afirmando, em certo momento, categórico: “Estou vivo e vou crescer.”

Eis as palavras de Tetéo:


CARTA DE RANGEL (Tetéo)


1 Querido papai Aguinaldo e querida mamãe Célia com vovó Lia. n

2 Sou eu, o Tetéo. n Estou aqui com meu avô Lico n e com minha tia Gilda. n
Vovô me auxilia a escrever porque estou aprendendo. n

3 Estou vendo tia Lé n e nosso amigo Sérgio, n e vovô me diz que um menino educado não deve esquecer os amigos.

4 Papai Aguinaldo e mamãe Célia, venho pedir para não chorarem tanto por mim.

5 Mamãe, eu já estava doente quando falava e brincava com a Cota. n Depois bati com a cabeça no chão, mas fiquei forte. Mas a cabeça ficou pesada e você lembra a noite em que chorei com a cabeça doendo…

6 Vi que papai ficou assustado e depois lembro-me que saí carregado do quarto. n Depois nada mais vi. Ficou tudo tão escuro; depois ouvi papai me chamar: meu filho, meu filho! Quis responder, mas não consegui. Acho que dormi muito.

7 Quando acordei estava perto de mim a moça que me pedia para não chorar e chamar a ela minha tia Gilda. Depois o vovô Lico veio ao lugar onde eu estava e comecei a chorar pedindo a ele para me levar para casa.   8 Ele me abraçou e me disse: Rangel; você não é um rapaz da moleza. Não chore assim, pois estamos em casa…

9 Procurei obedecer, mas estava com muitas saudades de Aguinaldinho e Mariana, n do papai e da mamãe, da Cota, da vovó Lia, da vovó Dite, do vovô Totone, n da tia Lé, do tio Neca e da tia Mária, n mas não queria falar nisso porque o meu avô e a minha tia se mostravam tão bons para mim.

10 Muitos dias se passaram e vovô Lico me levou lá em casa. Papai, você estava pensando por que não me havia levado nos passeios com meus irmãozinhos e chorava… 11 Expliquei que era muito doente e que você e mamãe não podiam sair sempre comigo. n Não chore mais, meu pai, pensando que eu ficasse triste. Eu ficava sempre alegre esperando.

12 Aqui vovô Lico me disse que eu não fui para a nossa casa para ficar muito tempo, e que minha cabeça não me permitia passear muito. Estou dizendo isso para o papai e a mamãe não ficarem preocupados.

13 Papai Aguinaldo, o vovô Lico pede para você não desanimar com o serviço e não deixe a tia Bete n desmarcar as consultas. Papai, se eu estivesse aí, com a boca doente, você me trataria, pois os meninos e a gente grande que o procuram conforme penso hoje, são como eu mesmo. 14 Já vi você falando com a vovó Dite que está desanimado, não fique assim, eu estou vivo e vou crescer. n

15 Estou aprendendo a escrever só para dizer ao seu carinho e ao carinho da mamãe que não morri. Vou aprender muitas coisas e muitas lições para saber escrever melhor. Mas já estou mais adiantado do que Mariana e creio que Aguinaldinho ficará satisfeito. n

16 Papai e mamãe, vovó Lia e tia Lé, não posso escrever mais, porque fiquei cansado de fazer letras. Mas, quando eu puder, voltarei. Estou com muitas saudades e isso vovô Lico me diz que posso escrever. Muitos abraços para os meus irmãos e digam a eles que o Tetéo não desapareceu.

17 Mamãe Célia, estou feliz com a fé que as suas preces me oferecem.
Papai Aguinaldo, peço para que o seu coração esteja sorrindo. Vovó Lia abraçará a todos por mim.

18 E para meu pai e minha mãezinha, muitos beijos do filho que lhes pede a bênção, n

Tetéo

Rangel Diniz Rodrigues.  


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Vó Lia — Maria Luíza Diniz, avó materna, presente à reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG.

2 — Tetéo — Assim, Rangel Diniz Rodrigues era chamado na intimidade. Nasceu em Pedro Leopoldo, a 24/11/1980.

3 — Avô Lico — Manuel (Lico) Diniz, avô materno, desencarnado em 8/7/1979, foi conhecido por Tetéo apenas por fotografia. Presidiu o Centro Espírita Luiz Gonzaga de Pedro Leopoldo, no período 1947-1979.

4 — Tia Gilda — Gilda Marta Soares, tia-avó paterna, desencarnada em 5/11/1954 aos 18 anos, com quem o pai de Tetéo tinha grande afinidade.

5 — vovô me auxilia a escrever porque estou aprendendo. — Após a reunião pública, Chico Xavier explicou aos pais de Tetéo: “Um menino risonho e feliz chegou com o Lico, que lhe disse: “Escreve sozinho, meu filho, vai demorar mas não tem importância.” A capacidade mental dele foi dilatada, no momento de transmitir a mensagem, para que ele conseguisse se expressar melhor.”

6 — Tia Lé — Celma Pinto Pereira, amiga da família.

7 — Sérgio — Sérgio Luiz Ferreira Gonçalves, amigo da família.

8 — Mamãe, eu já estava doente quando falava e brincava com a Cota. (…) Aqui vovô Lico me disse que eu não fui para a nossa casa para ficar muito tempo, e que minha cabeça não me permitia passear muito. — Cota, apelido de Maria Sandra Alcântara, já era auxiliar da família desde o nascimento de Tetéo. O médium Xavier também esclareceu aos pais de Tetéo, após a reunião, que o filhinho deles trazia, ao nascer, um problema no cérebro perispiritual que se refletia no cérebro físico, de modo imperceptível, como uma espécie de aneurisma, que se romperia com a mais leve contusão numa data previamente marcada pelos desígnios insondáveis, porém justos do Criador.

9 — e depois lembro-me que saí carregado do quarto. — Seus pais esclareceram (como as demais Notas e Identificações deste Capítulo) que o filhinho se refere ao momento em que foi conduzido ao hospital, às 7,40 h. do dia 15/8/1983.

10 — Aguinaldinho e Mariana — Irmãos de 6 e 5 anos de idade, respectivamente.

11 — Vovó Dite e Vovô Totone — Edith Soares Rodrigues e Antônio Hilário Rodrigues, avós paternos.

12 — Tio Neca e tia Mária — Cláudio Berger e Maria Vianna Mello Berger, vizinhos e amigos da família.

13 — Papai, você estava pensando por que não me havia levado nos passeios com meus irmãozinhos e chorava… Expliquei que era muito doente e que você e mamãe não podiam sair sempre comigo. — Observa-se como os Espíritos podem “ler” os nossos pensamentos, como também são capazes de nos intuir ideias.

14 — Tia Bete — Maria Elizabeth Rodrigues Lessa, tia paterna, secretária do Consultório Odontológico do Dr. Aguinaldo.

15 — estou vivo e vou crescer. — Alguns casos semelhantes ao de Tetéo; em que crianças desencarnadas em tenra idade atestam, pela mediunidade, seu desenvolvimento no Além, foram documentados em algumas obras, tais como: Reencontros, Cap. 10, e Estamos no Além, Cap. 2, 10 e 18, ambos de Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos, H.M.C. Arantes, IDE; Tempo e Amor, Cap. 7 e 8, de F. C. Xavier, Espíritos Diversos, Clovis Tavares, IDE.

16 — creio que Aguinaldinho ficará satisfeito. — Os pais de Tetéo assim explicaram este trecho da carta: “Realmente, em meados de abril deste ano (1984), Aguinaldinho perguntou-nos se Rangel já sabia escrever. Respondemos ser provável que sim, pois na “Casa do Papai do Céu” o desenvolvimento é mais rápido. Vimos alegria em seu rosto, porquanto Aguinaldinho assumia sempre um comportamento paternalista em relação ao irmão. Mariana, participando da conversa, disse que o irmão já estava maior do que ela, quando estão dissemos que talvez ele estivesse mais adiantado, pois ela ainda não sabia escrever.”

17 — Quando a família divulgou a mensagem, foi colocado na primeira página do impresso o seguinte DEPOIMENTO: “Tão consolador para nossos corações quanto “ver” nosso filhinho nessa mensagem, é a certeza de poder dizer um dia: Graças a Deus reencontramos nosso filho. Aguinaldo e Célia.”


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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