“Quando Jesus disse: Ide vos reconciliar com vosso irmão antes de apresentar vossa oferenda ao altar, ele ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o do próprio ressentimento; que antes de se apresentar a ele para ser perdoado, é preciso ter perdoado…” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Edição IDE, cap. X, item 8).
A princípio, com o golpe inesperado, chegamos ao pranto da revolta, com tudo e com todos, esquecendo que passamos o que merecemos e pagamos débitos de um passado que nem ao menos nos lembramos. Onde fica o perdão que o Senhor nos solicita? E falamos em perdão, porque, na verdade, a revolta nada mais é do que a nossa intransigência em não aceitar os desígnios do Alto.
Mas, para que o Homem entenda essas verdades, é preciso que ele se conscientize de que a vida é eterna e que a morte nada mais é do que uma porta para a verdadeira vida.
Afirmamos, com provas, que a morte é o renascer num mundo que desconhecemos, e temos fartas notícias e advertências para o conquistarmos da melhor maneira.
Quando Sócrates nos diz que “a vida nasce da morte e a morte nasce da vida”, é maravilhoso parar e meditar sobre o que nos aguarda.
A maioria dos seres humanos passou pelo pranto da revolta, pois precisou disso para se aproximar de Deus, pela dor, e todos aqui estamos, nesta escola educativa, cumprindo nosso débito de vidas anteriores, onde toda oportunidade de melhora nos é dada. Mas, será que sempre entendemos esses chamamentos? Uma boa maioria, sim. Outra está enraizada materialmente, tentando acumular bens, usufruir prazeres e viver o dia a dia da violência, esquecidos de que o amanhã lhes pedirá conta de seus atos.
Procuremos nossa evolução espiritual e veremos que vale a pena viver, mesmo com os percalços do caminho.
Tudo se modifica e se transforma, à medida que formos compreendendo os “porquês” que envolvem nossa vida na Terra. E, nessa passagem, vemos as lágrimas, a revolta e os gritos lancinantes. E onde estaria Deus? Deus está presente em toda a nossa vida e se algo nos acontece é por nossa própria culpa, presente ou pretérita, pois que o Pai é infinitamente bom, a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas.
E Jesus nos concede, sempre, renovações de tempo e multiplicações de bênçãos para a continuidade de nossas tarefas. A sabedoria das Leis Divinas é providencial e se revela não só nas grandes como também nas pequenas coisas o que não nos deixa dúvidas de sua bondade e justiça. Mas só chegaremos a compreender a grandeza de Deus, à medida que formos nos elevando sobre a matéria.
Qual a criatura humana que poderia criar o que a Natureza produz? Nenhuma. O que nos prova a existência de uma inteligência superior à Humanidade. Então, quem somos nós para contestar, com desespero, lágrimas de revolta, vingança, aquilo tudo que nós mesmos escolhemos quando tivemos o privilégio desta volta para diminuirmos nossos débitos?
Quando nosso Espírito tiver a felicidade de não se encontrar mais obscurecido e fanatizado pela própria matéria e, quanto mais atingir o grau de perfeição, mais nos aproximaremos dos mistérios da Divindade, e compreenderemos.
Por ora, o que nos resta? Temos que tentar melhorar-nos, aceitando tudo com o coração saudoso e com a razão, sabedores que somos de que a bênção da dor é a nossa chance máxima de burilamento.
Em nossa Doutrina Espírita, está bem claro que o homem deve ter o mérito de suas ações e, acima de tudo, extrema responsabilidade perante o que Deus lhe proporciona.
Façamos do amor e da dor o motivo para amar, cada vez mais, o nosso próximo, pois que ele precisa de nós e nós precisamos, mais ainda, dele.
Vamos procurar aprender, corretamente, o sentido verdadeiro da palavra “AMOR”.
A Doutrina Espírita nos fornece alimento puro no conhecimento das verdades exemplificadas no mundo, por nosso irmão maior, Jesus. Nos dá forças para vencer as vicissitudes da existência; luz para devassar os horizontes da espiritualidade e capacidade de encontrarmos os caminhos da regeneração, do perdão e da aceitação, iluminando-nos os passos para o trabalho honesto. Com tudo isso, nós, pobres peregrinos do orbe terrestre, abriremos os olhos e entenderemos quão importante é o aperfeiçoamento de nosso Espírito.
E é esse o amor que Deus nos legou, cuja semente se desenvolve e cresce à medida que nós a cultivamos, fazendo com que se desencadeie o aperfeiçoamento da raça humana. Portanto, estejamos sempre firmes no propósito: “Não façamos a outrem o que não queremos que nos façam”.
Amar para ser amado é a máxima que o mundo tanto necessita, onde “amar”, no sentido exato da palavra, é ter consciência para agir em relação ao nosso próximo e ser leal para conosco mesmo.
Jesus, em sua jornada, colocou o amor acima de todos os sentimentos, mostrando que, desse mesmo amor resulta a elevação dos instintos.
Só o amor poderá eliminar as misérias da sociedade e feliz daquele que ama, porque está sabendo purificar-se, livrando-se das angústias e compreendendo o sofrimento alheio.
Deixo gravadas, neste volume, cartas de Laurinho, querendo, novamente, dar provas aos que sofrem, ensinando e mostrando de dentro de meu coração, a maneira suave de nos melhorar; ao mesmo tempo em que aliviamos nossa tribulação pela dor. E isto só acontecerá quando todos se conscientizarem de que a verdade sobre a dor, sobre a suposta morte, sobre a dita desgraça, está contida nos ensinamentos de Allan Kardec, o qual nos traz a resposta para tudo.
Nesta missiva de aniversário, de tão profundo conteúdo, temos nosso querido Laurinho grafando sempre a lição do amor ao próximo.
Sinto que, ao se referir às “atividades do Bem”, ele grifa, claramente, o pequenino trabalho que vimos tentando, desde a sua “viagem”: o de fazer pulsar, com alegria e esperança, corações desesperados, desiludidos por descrentes de Deus e da Existência da vida no além-túmulo.
E isso conseguimos através do uso da razão e com fé raciocinada, apegando-nos, cada vez mais, aos ensinamentos que Kardec nos deixou e tentando executar os exemplos maravilhosos da Doutrina contida nos mais tocantes e sublimes volumes psicografados por Chico Xavier.
Perdoem, queridos leitores amigos, se insisto em ressaltar a continuidade da vida; é que são muitas as provas que nos chegam do Além, mais particularmente, na correspondência afetiva que mantenho com meu filho Laurinho e já divulgada em nossos volumes anteriores: “Presença de Laurinho” [Priscilla P. S. Basile, páginas 94/95 da 1ª edição (1978). Nova Mensagem Editorial Ltda. Rua Eng. Ranulfo Pinheiro Lima, 141. São Paulo, SP] e “Gaveta de Esperança”, ambos [atualmente] editados pelo Instituto de Difusão Espírita, Araras, SP.
É verdade que falo com o coração de mãe, mas as palavras de Laurinho, conquanto jovem, devem ser analisadas e pesadas na balança da razão para que possam se converter em orientações para nós, os caminheiros do Plano Físico.
Priscilla Pereira da Silva Basile