11 Entretanto se levantou uma murmuração do povo contra o Senhor, como de quem se queixava da fadiga que padecia. O que ouvindo o Senhor, se irou. E ascendido contra eles o fogo do Senhor devorou a última parte do campo.
2 E como o povo clamasse a Moisés, orou Moisés ao Senhor, e se extinguiu o fogo.
3 E chamou àquele lugar o incêndio; porque ali se tinha acendido o fogo do Senhor contra eles.
4 Porque uma multidão do povo miúdo, que tinha vindo com eles, ardeu em desejos, sentando-se e pondo-se a chorar, unindo-se-lhe também os filhos de Israel, e disse: Quem nos dará carnes para comer?
5 Lembramo-nos do peixe que comíamos no Egito sem nos custar nada; vêm-nos à memória os pepinos e melões, os porros e as cebolas, e os alhos.
6 A nossa alma está seca, os nossos olhos não veem senão maná.
7 Ora o maná era como os grãos do coentro, da cor do bdelio.
8 O povo ia ao redor do campo, e colhendo-o, o moía numa mó, ou o pisava num gral; e cozendo-o numa panela, faziam dele tortas de sabor como de pão amassado em azeite.
9 E ao tempo que de noite caia o orvalho no campo, caia também o maná.
10 Ouviu pois Moisés chorar o povo pelas suas famílias cada um à porta da sua tenda. Então se enfureceu o Senhor fortemente, e até a Moisés pareceu isto uma cousa intolerável;
11 E disse ao Senhor: Porque afligiste a teu servo? porque não acho eu graça diante de ti ? e porque puseste sobre mim o peso de todo este povo?
12 Acaso concebi eu toda esta multidão, ou a gerei, para me dizeres: Traze-os no teu seio assim como uma ama costuma trazer uma criança, e leva-os à terra, que com juramento prometi a seus pais?
13 Donde me virão carnes para dar a uma tão grande multidão? eles choram contra mim, dizendo: Dá-nos carnes para comermos.
14 Eu só não posso suportar todo este povo, porque se me faz pesado.
15 Se a ti te parece outra cousa, peço-te que me tires a vida, e que ache eu graça diante dos teus olhos, para me não ver oprimido de tamanhos males.
16 E respondeu o Senhor a Moisés: Junta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que tu souberes serem os mais experimentados, e mestres do povo; e os trarás à porta do tabernáculo do concerto, e fá-los-ás esperar ali contigo,
17 Para que eu desça a falar-te; e tirarei do teu espírito, e lho darei a eles, para que sustentem contigo a carga do povo, e não sejas tu só o gravado.
18 Dirás também ao povo: Purificai-vos: amanhã comereis carnes, porque eu vos ouvi dizer: Quem nos dará a comer carnes? nós estávamos bem no Egito. Para que o Senhor vos dê carnes que comais,
19 Não só um dia, nem dois, nem cinco, nem dez, nem ainda vinte;
20 Mas um mês inteiro, até elas vos saírem pelos narizes, e vos causarem enjoo, visto que rejeitastes o Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Porque saímos nós do Egito?
21 E Moisés disse: isto é um povo de seiscentos mil homens de pé, e tu dizes: Eu lhes darei carne a comer todo um mês?
22 Acaso matar-se-á tanta quantidade de ovelhas e bois, que possa bastar para a sua comida? ou juntar-se-ão num monte todos os peixes do mar, para os fartarem?
23 Ao qual o Senhor respondeu: Porventura é fraca a mão do Senhor? Agora mesmo verás tu se a minha palavra se põe por obra.
24 Veio pois Moisés, e referiu ao povo as palavras do Senhor, juntando setenta homens dos anciãos de Israel, os quais fez estar junto do tabernáculo.
25 E desceu o Senhor na nuvem, e lhe falou, e tirando do espírito que havia em Moisés, deu dele aos setenta homens. E tendo repousado neles o espírito, profetizaram, e não cessaram de o fazer.
26 Haviam porém ficado no campo dois varões, um dos quais se chamava Eldad, e o outro Medad, sobre os quais repousou o espírito; porque também eles mesmos tinham sido alistados, mas não haviam saído para irem ao tabernáculo.
27 E como profetizassem no campo, veio correndo um moço, e deu por notícia a Moisés, dizendo: Eldad e Medad profetizam no campo.
28 Então Josué filho de Nun, ministro de Moisés, e escolhido entre muitos, disse: Meu Senhor Moisés, proíbe-lho.
29 Moisés lhe respondeu: Que zelos são estes que mostras por mim? e quem dera que todo o povo profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito?
30 Voltou pois Moisés para o campo com os anciãos de Israel.
31 Um vento porém excitado pelo Senhor, vindo da outra banda do mar, arrebatou consigo codornizes, e as lançou sobre o arraial ao redor do campo por tanto espaço, quanto se pode andar num dia, e voavam pelo ar dois côvados de alto sobre a terra.
32 Levantando-se pois o povo, apanhou todo aquele dia e a noite, e o outro dia, uma tão grande multidão de codornizes, que o que menos recolheu; se achou com dez coros delas, e as puseram a secar à roda do campo.
33 Ainda as carnes estavam nos seus dentes, e ainda se lhes não tinha acabado este manjar, quando o furor do Senhor se acendeu contra o povo, e o feriu com uma praga terribilíssima.
34 E aquele lugar se ficou chamando os Sepulcros da Concupiscência, porque ali sepultaram o povo, que tinha tido os desejos. Tendo partido porém dos Sepulcros da Concupiscência, vieram a Haseroth, e ali ficaram.
Há imagens desse capítulo, visualizadas através do Google - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: Padre Antonio Pereira de Figueiredo edição de 1828 | Padre João Ferreira A. d’Almeida, edição de 1850 | A bíblia em francês de Isaac-Louis Le Maistre de Sacy, da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: Hebrew - English Bible — JPS 1917 Edition; La Bible bilingue Hébreu - Français — “Bible du Rabbinat”, selon le texte original de 1899; Parallel Hebrew Old Testament by John Hurt.