15 Pouco tempo depois, estando já próximos os dias da ceifa do trigo, querendo Sansão ver sua mulher, foi, e lhe levou um cabrito. E como quisesse entrar, como costumava na sua câmara, o pai dela o impediu, dizendo:
2 Eu cuidei que a aborrecia, e por isso a dei a um teu amigo; mas ela tem uma irmã, que é mais moça e mais formosa do que ela, toma-a por mulher em seu lugar.
3 Sansão lhe respondeu: De hoje em diante não poderão os Filisteus queixar-se de mim; eu vos farei todo o mal que puder.
4 E partiu, e tomou trezentas raposas, e ajuntou-as umas às outras pelas caudas, e no meio atou uns fachos;
5 E tendo-lhes chegado fogo, largou-as, para irem cada uma para seu cabo. Elas partiram logo a correr pelo meio das searas dos Filisteus. E incendiadas estas, tanto os trigos enfeixados, como os que ainda estavam por segar, se queimaram de tal modo que o mesmo fogo consumiu também as vinhas e olivais.
6 E disseram os Filisteus: Quem fez isto? respondeu-se-lhes: Foi Sansão, genro daquele de Thamnata, porque lhe tirou sua mulher, e a deu a outro. E foram os Filisteus; e queimaram tanto a mulher, como a seu pai.
7 Então lhes disse Sansão: Não obstante terdes feito isto, eu ainda assim não deixarei de me vingar de vós, e então sossegarei.
8 E fez neles um grande destroço, de sorte que atônitos punham as pernas sobre as coxas. E descendo dali, morou na cova do rochedo de Etão.
9 Tendo pois vindo os Filisteus ao país de Judá, se acamparam no lugar, que depois se chamou Lequi, que quer dizer, queixada, onde o seu exército foi desbaratado.
10 E os da tribo de Judá lhes disseram: Por que viestes contra nós? Eles lhes responderam: Viemos prender a Sansão, e pagar-lhe o mal que nos fez.
11 Então vieram três mil homens da tribo de Judá, à cova do rochedo de Etão, e disseram a Sansão: Tu não sabes, que estamos sujeitos aos Filisteus? pois porque quiseste fazer-lhes isto? Ele lhes respondeu: Eu fiz-lhes como eles me fizeram a mim.
12 Nós viemos, replicaram eles, para te prender, e para te entregar nas mãos dos Filisteus. Pois jurai-me, lhes disse Sansão e prometei-me, que me não haveis de matar.
13 Eles lhe responderam: Não te mataremos, mas entregar-te-emos preso. Ligaram-no pois com duas cordas novas, e tiraram-no do rochedo de Etão.
14 E chegando ao lugar da Queixada, e saindo-lhe ao encontro os Filisteus com apupadas, caiu sobre ele o espírito do Senhor; e como o linho costuma consumir-se ao cheiro do fogo, assim quebrou ele, e desfez as cordas, com que estava ligado.
15 E pegando na queixada de um jumento, que achou à mão, e que jazia ali, matou com ela mil homens,
16 E disse: Eu com a queixada de um jumento, com a queixada de um potro de jumenta os derrotei, e matei mil homens.
17 E logo que acabou de cantar estas palavras, lançou a queixada da mão, e chamou àquele lugar Ramathlequi, que quer dizer, elevação da queixada.
18 E sentindo grande sede, clamou ao Senhor, e disse: Tu foste o que salvaste o teu servo e o que lhe deste esta grande vitória; eis agora morro eu de sede, e cairei nas mãos dos incircuncidados.
19 Abriu pois Senhor um dos dentes molares na queixada do jumento, e saíram dele águas. E bebendo delas Sansão recobrou alento e recuperou as forças. Por isso foi àquele lugar chamado até o dia de hoje Fonte do que invoca da queixada.
20 E julgou a Israel vinte anos nos dias dos Filisteus.
Há imagens desse capítulo, visualizadas através do Google - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: Padre Antonio Pereira de Figueiredo edição de 1828 | Padre João Ferreira A. d’Almeida, edição de 1850 | A bíblia em francês de Isaac-Louis Le Maistre de Sacy, da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: Hebrew - English Bible — JPS 1917 Edition; La Bible bilingue Hébreu - Français — “Bible du Rabbinat”, selon le texte original de 1899; Parallel Hebrew Old Testament by John Hurt.