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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo IX — Movimento Espírita e Unificação

Roteiro 1


Movimento Espírita: conceito e objetivo


Objetivo Geral: Apresentar visão geral do Movimento Espírita e da Unificação.

Objetivos Específicos: Conceituar Movimento Espírita, dando o seu objetivo. — Estabelecer a diferença entre Movimento Espírita e Doutrina Espírita.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Movimento Espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade. As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas, isoladamente ou, em conjunto, e por Instituições Espíritas. FEB/CEI, Divulgue o Espiritismo uma Nova Era para a Humanidade. (5)

  • Doutrina Espírita ou Espiritismo é […] o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. FEB/CEI, Conheça o Espiritismo, uma Nova Era para a Humanidade. (4)

  • Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos espiritistas? Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superara exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida. Emmanuel: O Consolador, questão 362.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Iniciar o estudo solicitando aos participantes que, em duplas, troquem ideias a respeito do significado das expressões Movimento Espírita e Doutrina Espírita.

  • Em seguida, ouvir os comentários da turma, explicando que o assunto será estudado no transcorrer da reunião.


Desenvolvimento:

  • Reunir os participantes em pequenos grupos, para realização das seguintes tarefas, com base nos Subsídios do roteiro:

    1) Conceituar Movimento Espírita, dando o seu objetivo;

    2) Estabelecer a diferença entre Movimento Espírita e Doutrina Espírita;

    3) Listar, em folha de papel pardo ou cartolina, os procedimentos necessários à correta divulgação do Espiritismo.

  • Observar a apresentação das equipes, fazendo, se necessário, anotações de pontos a serem esclarecidos ou reforçados.

  • Realizar exposição sobre o assunto, a partir da apresentação dos grupos, tomando por base os Subsídios e a referência bibliográfica.


Conclusão:

  • Concluir o estudo com as palavras de Emmanuel insertas no conteúdo básico do roteiro (questão 362 de O Consolador).

  • Observação: Veja no anexo ao presente Módulo:

    1. Mensagens mediúnicas;

    2. Diretrizes da Dinamização das Atividades Espíritas;

    3. Outras referências.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes realizarem corretamente o trabalho proposto.


Técnica(s):

  • Cochicho; estudo em pequenos grupos; exposição.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; folhas de papel; lápis/canetas; folhas de papel pardo/cartolina; canetas hidrográficas.



 

SUBSÍDIOS


1. Movimento Espírita: conceito e objetivo

Em verdade, não […] se pode falar em Movimento Espírita antes da Codificação, pois somente após esta é que o Espiritismo surgiu como Doutrina: a movimentação humana em torno das ideias espíritas só aconteceu após a revelação destas pelo Plano espiritual e sua posterior compilação por Allan Kardec. (7) Só a partir daí, portanto, há que falar em ação dos espíritas visando à propagação do Espiritismo. Sendo assim, diremos que […] Movimento Espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade. As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas, isoladamente ou em conjunto, e por Instituições Espíritas. As Instituições Espíritas compreendem:

  • Os Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas, que desenvolvem atividades gerais de estudo, difusão e prática da Doutrina Espírita e que podem ser de pequeno, médio ou grande porte.

  • As Entidades Federativas que desenvolvem as atividades de união das Instituições Espíritas e de unificação do Movimento Espírita [este assunto será estudado no próximo roteiro].

  • As Entidades Especializadas que desenvolvem atividades espíritas específicas, tais como as de assistência e promoção social e as de divulgação doutrinária.

  • Os Pequenos Grupos de Estudo do Espiritismo, fundamentalmente voltados para o estudo inicial da Doutrina Espírita. (5)


A ação dos espíritas em torno da divulgação do Espiritismo enfrenta, porém, muitos obstáculos. Kardec os entrevê, como se constata em vários de seus escritos. Muitas de suas palavras, embora reflitam a situação da época do surgimento da Doutrina Espírita, aplicam-se, com as devidas adaptações, à atualidade. Assim é que, conforme acentua, um […] dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente. […] Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode […] tornar se, conforme disseram os Espíritos, a grande alavanca da transformação da Humanidade. (1) Mais adiante, continua: Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar. O desenvolvimento cada dia maior, que ela toma, multiplica as nossas relações, que somente tendem a ampliar se, pelo impulso que lhe darão a nova edição de “O Livro dos Espíritos” e a publicidade que se fará a esse propósito. (2)

Como se vê, essas palavras do Codificador datam da época da segunda edição de O Livro dos Espíritos, em 1860, ocasião em que a Doutrina Espírita ainda estava sendo elaborada, denotando, contudo, a sua preocupação quanto à unidade do Espiritismo, para que fosse bem compreendido e, assim, corretamente divulgado.

O mesmo sucede quando se reporta, por exemplo, aos cismas ou divisões que podem surgir entre os espíritas. Diz o Codificador: Uma questão que desde logo se apresenta é a dos cismas (divisões) que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo? Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as ideias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor próprio por ocuparem uma posição secundária.

Se, porém, o Espiritismo não pode escapar às fraquezas humanas, com as quais se tem de contar sempre, pode todavia neutralizar lhes as consequências e isto é o essencial. É de notar se que os vários sistemas divergentes, surgidos na origem do Espiritismo, sobre a maneira de explicarem-se os fatos, foram desaparecendo à medida que a Doutrina se completou por meio da observação e de uma teoria racional. […] É este um fato notório, do qual se pode concluir que as últimas divergências se apagarão com a elucidação integral de todas as partes da Doutrina. Mas, haverá sempre os dissidentes, de ânimo prevenido e interessados, por um motivo ou outro, a constituir bando à parte. Contra a pretensão desses é que cumpre se premunam os demais.

Para assegurar se, no futuro, a unidade, uma condição se faz indispensável: que todas as partes do conjunto da Doutrina sejam determinadas com precisão e clareza, sem que coisa alguma fique imprecisa. Para isso, procedemos de maneira que os nossos escritos não se prestem a interpretações contraditórias e cuidaremos de que assim aconteça sempre. Quando for dito peremptoriamente e sem ambiguidade que dois e dois são quatro, ninguém poderá pretender que se puis dizer que dois e dois fazem cinco. Conseguintemente, seitas poderão formar se ao lado da Doutrina, seitas que não lhe adotem os princípios ou todos os princípios, porém não dentro da Doutrina, por efeito de interpretação dos textos, como tantas se formaram sobre o sentido das próprias palavras do Evangelho. É este um primeiro ponto de capital importância.

O segundo ponto está em não se sair do âmbito das ideias práticas. Se é certo que a utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que o dia seguinte realize a utopia da véspera, porém não atravanquemos a Doutrina de princípios que possam ser considerados quiméricos e fazer que a repilam os homens positivos.

O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente progressivo da Doutrina. Pelo fato de ela não se embalar com sonhos irrealizáveis, não se segue que se imobilize no presente. Apoiada tão só nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas se uma nova lei for descoberta, tem ela que se pôr de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechara porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade. (3)

Essas considerações do Codificador, como outras que se encontram esparsas por toda a sua obra, formam um conjunto de instruções que, ao serem seguidas, darão ao Movimento Espírita as condições necessárias para que atinja o seu objetivo, que, como vimos, são o estudo, a prática e a divulgação da Doutrina Espírita, colocando-a ao alcance e a serviço da Humanidade.


2. Movimento Espírita e Doutrina Espírita

O conceito de Movimento Espírita antes mencionado torna clara a diferença entre este e Doutrina Espírita. Movimento Espírita é, desse modo, a ação dos espíritas, enquanto Doutrina Espírita é […] o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. (4)

Todas as demais obras espíritas, por mais preciosas que sejam ou venham a ser, são e serão obras complementares, sem que isso diminua o extraordinário valor de muitas delas, pois a Doutrina Espírita é, como a definiu o próprio Codificador, essencialmente progressiva. […] A Doutrina Espírita está imune a deturpações, porque qualquer ideia ou conceito que se mostre incompatível com os princípios consagrados nas obras da Codificação, poderá ser tudo, menos Espiritismo. Já o Movimento Espírita, por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediência compulsória a hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade, exigindo, em razão disso, de cada espírita em particular, e de cada grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos. A força da Doutrina Espírita está em seus princípios e na sua permanente possibilidade de comprovação. […] A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a prática da Doutrina Espírita. É nesse sentido que todas as potencialidades dos espíritas devem ser canalizadas para a difusão e a vivência do Evangelho Redivivo, à luz da imortalidade e da reencarnação; da justiça perfeita e do inesgotável amor divino. Cada página de livro, jornal ou revista espírita, cada programa espírita de rádio ou televisão, cada palestra ou conferência espírita constituem sagrada oportunidade para a divulgação dos princípios e dos esclarecimentos da Doutrina dos Espíritos, levando à alma do povo as sementes da consolação e da esperança, do entendimento superior da vida e de uma nova conceituação da verdadeira fraternidade, com base nas sublimes verdades reveladas pelo Consolador prometido e enviado por Jesus.

Todo aquele a quem a luz da Doutrina Espírita já iluminou tem o indeclinável dever de aproveitar integralmente as possibilidades que o Senhor da Vinha lhe concede, para estender a luz do conhecimento e do amor, com simplicidade e eficiência, desprendimento e sinceridade. Para falar ao povo simples, o exemplo de Jesus não deve ser esquecido: — a linguagem deve ser singela e direta, franca e fácil como a própria verdade. Importante é levar a mensagem do Espiritismo ao povo com correção e nobreza, elevação e dignidade. (6)

Assim, como exorta Emmanuel, que […] não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida. (8)

Por isso, os […] agrupamentos espiritistas necessitam entender que o seu aparelhamento não pode ser análogo ao das associações propriamente humanas. Um grêmio espírita-cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar, onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos. Em uma entidade doutrinária, quando surgem as dissensões e lutas internas, revelando partidarismos e hostilidades, é sinal de ausência do Evangelho nos corações, demonstrando-se pelo excesso de material humano e pressagiando o naufrágio das intenções mais generosas. Nesses núcleos de estudo, nenhuma realização se fará sem fraternidade e humildade legítimas, sendo imprescindível que todos os companheiros, entre si, vigiem na boa vontade e na sinceridade, a fim de não transformarem a excelência do seu patrimônio espiritual numa reprodução dos conventículos católicos, inutilizados pela intriga e pelo fingimento. (9)

Cuidemos, pois, para que a Doutrina Espírita se apresente sempre diante do mundo com a sua pureza original, buscando vivenciar os seus princípios enquanto realizamos as atividades que nos competem dentro do Movimento Espírita.



 

ANEXO


A prece do fariseu e do publicano



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Segunda parte. Projeto - 1868, p. 339.

2. Idem, ibidem - p. 340.

3. Idem - Constituição do Espiritismo, item II (Dos cismas), p. 347-349.

4. FEB/CEI. Conheça o Espiritismo, uma nova era para a humanidade. Documento aprovado pelo Conselho Federativo Nacional (em 1996) e pelo Conselho Espírita Internacional (em 1998). Brasília: FEB, p. 2.

5. Idem - Divulgue o Espiritismo, uma nova era para a humanidade. Documento aprovado pelo Conselho Federativo Nacional (em 1996) e pelo Conselho Espírita Internacional (em 1998). Brasília: FEB, p. 2.

6. FEB. Apostila Movimento Espírita. Brasília: FEB, 1996, p. 2-3.

7. Idem, ibidem - p. 4.

8. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 362, p. 204.

9. Id. - Questão 363, p. 204.


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