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EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA I — MÓDULO DE ESTUDO Nº III
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA —   MEDIUNIDADE. OBSESSÃO. DESOBSESSÃO.

Roteiro 2


As manifestações mediúnicas de efeitos intelectuais


Objetivos específicos: Citar as principais formas de mediunidade de efeitos intelectuais. — Explicá-las sucintamente, destacando sua importância nas reuniões mediúnicas.



SUBSÍDIOS


Para uma manifestação ser inteligente, indispensável não é que seja eloquente, espirituosa, ou sábia; basta que prove ser um ato livre e voluntário, exprimindo uma intenção, ou respondendo a um pensamento. (1)

A manifestação mediúnica de efeitos intelectuais produz efeitos ou repercussões em nível mental, isto é, o Espírito comunicante conduz o médium a uma certa elaboração mental-intelectual, ao transmitir a mensagem aos circunstantes. Nessa situação, o médium é um intérprete das ideias e dos sentimentos do Espírito comunicante. Vamos, a seguir, estudar algumas manifestações de efeitos intelectuais, reservando uma análise mais profunda dos seus diversos tipos para o Programa II deste Curso.


1. PSICOGRAFIA


De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor. Para o médium, a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício. (2)

Os médiuns psicógrafos estão classificados em três grupos básicos, de acordo com o grau de transe mediúnico e segundo a forma como a mensagem do Espírito comunicante é captada. Temos, portanto, os médiuns mecânicos, os intuitivos e os semimecânicos.


1.1. Médiuns psicógrafos mecânicos


Na psicografia mecânica, […] o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. (3) Nesse caso, o transe é mais profundo; a mão corre ágil sobre o papel, porque o Espírito a toma guiando-a. O fato de o médium estar inconsciente, não significa que ele está impedido de interferir no conteúdo da mensagem, pois, como já foi dito, ocorre uma ligação mental, efetiva e anterior, entre o médium e o Espírito comunicante. Mesmo que o médium não saiba com detalhes o conteúdo da mensagem a ser transmitida, tem dela uma ideia geral, e, além do mais, sempre tem condições de captar os sentimentos e as intenções do manifestante. Os Espíritos Superiores dão mostra de sentimentos afetuosos, transmitindo a mensagem com calma, dignidade e benevolência. (3)


1.2. Médiuns psicógrafos intuitivos


O Espírito comunicante, […] neste caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma [do médium], com a qual se identifica. A alma [do médium] sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. […] Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo. (4)

O médium mecânico age mais como uma máquina; já o intuitivo é o intérprete, propriamente dito, das ideias do Espírito comunicante. Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o cérebro. (4) Esta é a forma de psicografia mais comum nos dias atuais e, para que o médium capte mensagens verdadeiramente superiores, é preciso que tenha condições intelectuais e morais.


1.3. Médiuns psicógrafos semimecânicos


No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. (5)

Os médiuns semimecânicos são tão comuns quanto os intuitivos. (5)

As comunicações transmitidas pela psicografia são mais ou menos extensas, conforme o grau da faculdade mediadora. Alguns não obtêm senão palavras; em outros, a faculdade se desenvolve pelo exercício, escrevem frases completas e, frequentemente, dissertações desenvolvidas sobre assuntos propostos ou tratados espontaneamente pelos Espíritos, sem que se lhes tenha feito qualquer pergunta. (7)

Na psicografia o médium pode transmitir a mensagem do Espírito também em língua estrangeira. Neste caso ela é chamada de mediunidade poliglota ou xenografia. (6) É uma mediunidade rara, que não tem utilidade prática, sobretudo se os circunstantes desconhecem a língua em que o Espírito se exprime. Serve, no entanto, para comprovar a sobrevivência de um Espírito, quando isso se torna necessário.


2. PSICOFONIA


A psicofonia é o modo de transmissão da mensagem do Espírito comunicante por meio da palavra verbalizada. É a mediunidade de escolha, no atendimento aos Espíritos sofredores. Por ela, a comunicação é mais ágil, favorecendo o diálogo franco e direto com os desencarnados. Os benfeitores espirituais utilizam, com muita frequência, a mediunidade de psicofonia para fazer exortações, promover incentivos, fornecer orientações ou esclarecimentos para um grupo ou para alguém, especificamente.

Certos médiuns recebem a influência dos Espíritos, diretamente nas cordas vocais, transmitindo, então, pela voz, o que outros o fazem pela escrita. (8) Neste caso, a psicofonia é mais inconsciente. Quando a ação dos desencarnados é menos direta, temos a psicofonia semiconsciente. Quando o médium transmite com as suas próprias palavras o pensamento do Espírito, temos a psicofonia intuitiva.

A mediunidade sonambúlica é uma variedade especial da psicofonia. Por ela o encarnado sai do corpo físico, tal como no sonambulismo, (*) desdobrando-se, agindo e transmitindo informações que lhes são ditadas por um Espírito desencarnado.

No livro Nos Domínios da Mediunidade, o Espírito André Luiz exemplifica, do capítulo quinto ao décimo-primeiro, aspectos da mediunidade psicofônica. Apresentamos, em seguida, alguns destaques. [Nas obras de André Luiz, abrindo o menu do título, existe uma súmula do capítulo que também poderá ser útil.]


(*) Sonambulismo: é um fenômeno anímico, de emancipação da alma. Nessa situação, o encarnado desliga-se parcialmente do corpo físico e passa a agir por conta própria, à distância deste.


2.1. Capítulo quinto


A perfeita assimilação das correntes mentais, pelo médium, […] preside habitualmente a quase todos os fatos mediúnicos. (9) O corpo físico do médium assemelha-se a um aparelho receptor radiofônico. A emissão mental do Espírito comunicante envolve o médium […] em profusão de raios que lhe alcançam o campo interior, primeiramente pelos poros, que são miríades de antenas sobre as quais essa emissão adquire o aspecto de impressões fracas e indecisas. Essas impressões apoiam-se nos centros do corpo espiritual, que funcionam à guisa de condensadores, atingem, de imediato, os cabos do sistema nervoso, […] e reconstituindo-se, automaticamente, no cérebro, […] em cujos fulcros dinâmicos se processam ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas, através do pensamento ou da palavra, considerando o encéfalo como poderosa estação emissora e receptora e a boca por valioso alto falante. (9)


2.2. Capítulo sexto


Na psicofonia consciente equilibrada, embora senhoreando as forças do médium, o Espírito enfermo permanece controlado por ele, médium, a quem se imana pela corrente nervosa. Desta forma, o medianeiro é informado de todas as palavras que o Espírito pretenda dizer. O comunicante apossa-se, temporariamente, do órgão vocal do médium, apropriando-se do seu mundo sensório, conseguindo enxergar, ouvir e raciocinar com algum equilíbrio. O médium, porém, comanda firme as rédeas da própria vontade, agindo qual se fora enfermeiro, concordando com os caprichos do doente, no objetivo de auxiliá-lo, corrigindo-o quando necessário. (10)


2.3. Capítulo sétimo


É comum a utilização de equipamentos, pelos benfeitores espirituais, durante a manifestação de Espíritos, sobretudo de enfermos. O capítulo nos informa a respeito de um equipamento denominado «condensador ectoplásmico», cuja propriedade é a de […] concentrar em si os raios de força projetados pelos componentes da reunião, reproduzindo as imagens que fluem do pensamento da Entidade comunicante […]. (11)


2.4. Capítulo oitavo


André Luiz nos fala de Celina, sonâmbula considerada perfeita: a […] psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa. A espontaneidade dela é tamanha na cessão de seus recursos às entidades necessitadas de socorro e carinho, que não tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automática do campo sensório, perdendo provisoriamente o contato com os centro motores da vida cerebral. (12)


2.5. Capítulo nono


Neste capítulo André Luiz nos traz informações sobre um caso de possessão (subjugação), revelando que, nessa situação, todas […] as células do córtex [cerebral] sofrem o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão desorganizados. Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio aparecem completamente perturbadas. (13)


2.6. Capítulo décimo


O processo obsessivo, manifestado por meio de psicofonia torturada, é analisado com profunda lucidez, indicando que as causas de tal sofrimento estão presas às sombras do passado. (14)


2.7. Capítulo décimo-primeiro


André Luiz nos fornece elucidativas explicações sobre o fenômeno de desdobramento. Esclarece como se processa o afastamento do corpo físico, como o médium atua no plano espiritual, e de que forma os benfeitores auxiliam na realização desse gênero de atividade. (15)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda parte. Capítulo III, item 66, p. 87.

2. Idem - Capítulo XV, item 178, p. 221

3. Idem, ibidem - Item 179, p. 222.

4. Idem, ibidem - Item 180, p. 223.

5. Idem, ibidem - Item 181, p. 223-224.

6. Idem, ibidem - Capítulo XVI, item 191, p. 235.

7. Idem - Revista Espírita - Jornal de Estudos psicológicos. 1858. Tradução de Evandro Noleto Bezerra; poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Ano I, janeiro de 1858, nº 1 (Introdução). item: Diferentes Modos de Comunicação, p. 32.

8. Idem, ibídem - p. 33.

9. XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 5 (Assimilando correntes mentais), p. 56.

10. Idem - Capítulo 6 (Psicofonia consciente), p. 61-62

11. Idem - Capítulo 7 (Socorro espiritual), p. 76.

12. Idem - Capítulo 8 (Psicofonia sonambúlica), p. 85.

13. Idem - Capítulo 9 (Possessão), p. 92.

14. Idem - Capítulo 10 (Sonambulismo torturado), p. 107.

15. Idem - Capítulo 11 (Desdobramento em serviço), p. 113-122.


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