O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Não conhece o espírito e, consequentemente…

19|05|1943


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, auxiliando-os como sempre, no caminho de elevação. Primeiramente, boas-vindas depois da ausência mais ou menos longa do nosso ambiente de ler e, em segunda, a visita de todo dia, onde quer que vocês estejam.

2 Hoje, meus filhos, a palestra não pode fugir aos capítulos da luta em curso. É mais que natural. Não se sinta em conflito íntimo, meu caro Rômulo. Você fez o que deveria, no quadro das obrigações comuns. Uma questão de direito aos que trabalham. Ainda que a voz da justiça se perca no deserto, é razoável que voe para se gravar na paisagem de serviço e realização. Infelizmente, o plano vulgar não compreende o espírito de justa distribuição.

3 Confidencialmente, na página recôndita do coração, em que os pais falam aos filhos, e vice-versa, os seus colegas, na maioria, não conseguem administrações sem códigos da letra e nem entendem os que lhes não copiam atitudes fáceis. A criação de trabalho, a valorização de possibilidades recebidas, a dilatação das bênçãos da natureza, a extensão dos valores, o espírito de coletivismo não os interessam. Não sabem organizar um documento sem referência à letra quase sempre indecifrável ou morta, porque é preciso que a lei deva ser um corpo com espírito e não um monumento de pedra insensível. Mas que fazer, meu filho? Grande parte desses irmãos nossos não conhece o espírito e, consequentemente, residem à distância da atividade criadora. Casos dolorosos, mas fatais, numa organização habituada a premiar os mais ociosos e artificialistas. Você tem feito do seu trabalho um sacerdócio e eles não compreendem isto. Esta a razão do fenômeno.

4 Sei que, no fundo, sua m ente anda muito despreocupada do problema de remuneração pura e simples, mas as razões de ordem moral interessam sempre e, por isto, você fez muito bem lavrando suas afirmativas, relativamente ao caso em foco. Não cuidemos de saber se há possibilidade de ganho na pendência natural, mas regozijemo-nos por haver cumprido um dever.

5 Quanto ao mais, a luta é quadro para ensinamento a nós todos e qualquer que ela seja deve encontrá-lo de pé para o trabalho útil. Talvez iremos um pouco mais longe na movimentação iniciada, talvez não. Aliás, a sua questão da Lagoa serve agora como preparação de espírito. Lutamos pela defesa do patrimônio pequenino em terra, mas tão grande na expressão idealística e tornamos a lutar, na defesa do patrimônio moral, aparentemente por uma questão de de vencimentos, mas, no fundo, por motivos muito sagrados de quem há consagrado a existência ao serviço que lhe foi confiado. As sortes estão lançadas. Estamos prontos. Receberemos as obrigações como vierem, vocês e eu. Para que estaríamos assim tão unidos? A harmonia no instante de luta é mais inquebrantável.

6 Continue, pois, os seus serviços, tais quais são e aguardemos os dias, em sua marcha. Quem coopera adquire direitos de falar da obra e, às vezes, os gestos mal interpretados por alguns são justamente os que solucionam problemas referentes à paz espiritual de todos.

7 Façam o possível por não darem abrigo, no coração de vocês, ao assunto, mais do que ele merece, e prossigamos no caminho de serenidade pelas obrigações atendidas.

8 Às vezes, meu filho, a taça da experiência cotidiana apresenta um fundo muito amargo. A desilusão é justamente um travo desses. Entretanto, qualquer que seja a realidade, ela conforta sempre. Em vista disto, consideremos a parte útil, olvidando a zona desinteressante. Não quero dizer com isto que você deva menosprezar sua tarefa, no entanto, creio razoável dizer para não se sacrificar tanto, não só com referência a serviço, como na tabela dos amigos.

9 Rômulo, meu filho, você deve estar satisfeito com a paz íntima e relativamente ao mais esteja tranquilo, preserve sua saúde física, que é muito importante, e a sua harmonia de espírito, que é essencial. A árvore, meu filho, está cheia de aves estranhas. Raríssimos pássaros úteis que sirvam à sementeira. A maioria dos galhos está povoada de grandes expressões, posso mesmo dizer, de rapina. Cuidado, meu filho, para que não perturbem seus voos rumo à Espiritualidade. Há muito poucos colaboradores do serviço interessados em contribuir e servir. O movimento mais forte é de oferta e procura. É melhor caminhar sozinho, ou quase sozinho, mas sem ilusões.

10 Creio não haver falado em demasia, mesmo porque nossa palestra aqui é ultra-íntima: é de espíritos a espíritos, de coração a coração.

11 E guardem intactos a paz com Jesus. Não se desanimem, nem se entristeçam. Otimismo e bom humor, esperança e confiança sincera. E para terminar, contem com a minha pobre amizade, mas tão velha que deixa de ser pobre para ser muito rica em experiências diversas. Estaremos juntos sempre, porque a união real e permanente é de almas.

12 Finalizando, peço a vocês dois façam comigo um culto íntimo, em silêncio. Diante de nós, a Bíblia. Neste instante, não abriremos ao acaso. Abrirei o livro de mão firme. É o livro de Ruth, Capítulo 1 v.16 n  A parte final do versículo repito eu a vocês, em voz também firme e pausada, para que fique muito bem gravada entre nós e não se esqueçam de tomar as pequenas sentenças no plural, porque já não é a voz de alguém para alguém, mas a voz de um pai para dois filhos.

13 Deus abençoe a nós todos, e guardem o abraço de sempre do papai que não os esquece,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: “Porque para onde tu fores, irei também eu, e onde quer que morares, morarei também eu.” “O teu povo será o meu povo, e o teu Deus, o meu Deus.”


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