O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de paz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Referência a um acidente

10/03/1948


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde e paz.

2 Antes de tudo, registramos satisfeitos a galhardia com que se saíram na pequena luta de sábado último. Refiro-me ao acidente de que Maria foi vítima e cumprimento-a pela serenidade e bom senso com que nos auxiliou a ação espiritual. n Tudo foi obra de um instante breve. Felizmente, porém, não estávamos tão longe e cheguei com reduzida diferença de segundos, não lhe permitindo se levantasse apressadamente, porquanto, na excitação natural do minuto, qualquer movimento impensado poderia prejudicar a estrutura orgânica. Devo asseverar-lhes de que não houve ali qualquer influenciação de Espíritos perseguidores e, com alegria, assinalo a divina assistência que nos foi dispensada.

3 Graças a Deus, antes de nossa própria ação, outros amigos acorreram pressurosos para que o veículo não provocasse fratura na movimentação desordenada e para que Wanda não fosse arrastada, ao sabor das circunstâncias. Cultivemos as nossas preces de agradecimento e de amor ao supremo e compassivo Poder. A vida humana é uma rede gloriosa, tecida de valores pequeninos. Nas provas aparentemente insignificantes, conhecemos por isso mesmo quão imensa é a Bondade Celestial. Gravo aqui, portanto, o meu contentamento, com o meu abraço à Maria e à Wanda pela correção espiritual com que atravessaram a dificuldade.

4 Tenho também pensado, meu caro Rômulo, tanto quanto ocorre a você, no serviço de passes, em organizar um livrinho simples, muito simples, destinado às crianças no espírito, de modo a despertar, por intermédio de pensamentos leves, as faculdades da mente iniciante para o serviço de espiritualização. Peçamos a Jesus recursos para que eu possa, na condição de Neio Lúcio, efetuar esse trabalho.

5 Um serviço de pequena expressão, à maneira de uma lâmpada de poucas velas. Seria dedicado à mente infanto-juvenil e dar-lhe-íamos feição popular. Assim, poderíamos pensar no reavivamento de muitas inteligências adormecidas e que se queixam de obstáculos no acesso a fontes mais complexas da cultura espiritualista. Comecemos a mentalizar. Se o Mestre divino me permitir essa edificação, não me demorarei muito a iniciá-la. Esperemos que os nossos planos sejam abençoados.

6 Estou muito satisfeito com a “Mensagem do pequeno morto”. n A difusão do trabalho tem-me trazido muitas flores preciosas de carinho e dedicação, entretanto, penso agora num esforço mais facilitado em que a editora não precise dispender tanto e em que o leitor menos favorecido de recursos materiais não possa introduzir reclamações. Ajudem-me a pedir isso nas orações.


7 Com respeito à organização doutrinária de Pedro Leopoldo, estamos vigilantes. Você, meu filho, sabe que a criatura pode pôr, mas só o Criador pode dispor. Tal realidade, porém, não nos exonera de programar o serviço dos dias próximos. Não sabemos como se expressará a Vontade Divina, amanhã, entretanto, necessitamos semear para produzir e mentalizar para concretizar. Temos, em grupo não pequeno de companheiros, examinado o processo espiritual da nova situação do centro espiritista-cristão a que nos ligam tantos laços de reconhecimento. 8 E enquanto você vai criando a expansão da Fazenda, abençoado lar de tantos ideais do seu coração de trabalhador e de amigo da terra, também vamos idealizando a situação nova do núcleo que nos reúne. Em verdade, a questão é mais complexa que parece. Noventa por cento dos visitantes da instituição representam serviço de invocação nossa através dos livros. Refiro-me aqui aos “trinta livros” compromissados e cumpridos. 9 Cada um deles é um emissário vivo trabalhando infinitamente no terreno do idealismo que nos congrega. Levantam personalidades espirituais encarnadas e desencarnadas muito longe, e trazem-nas até aqui, multiplicando tarefas e obrigações. Esperar que uma instituição humana, mesmo evangélica e respeitável, compreenda isso agora seria simples utopia de nosso lado. A maioria dos cooperadores está agindo, nesse particular, sem conhecer os fundamentos do serviço. Em face disso, temos que tomar todas as providências para defender a sede do trabalho espiritual, tanto quanto possível. E como determinadas realizações pedem alicerces profundos convém examinarmos todas as particularidades desde agora.

10 Concluímos, pois, que se é belo e confortador formar uma “família de livros edificantes” é preciso considerar que esses livros são vivos e estão agindo, e tudo o que vive e age requer administração, ordenação e aproveitamento para que a desordem e a morte não sobrevenham. Somos, desse modo, compelidos a auxiliá-los com “algumas ideias”. Depois de muitos anos de observação por parte de nossa esfera, apenas quatro companheiros permaneceram no trabalho e somente a essas quatro colunas compete o reajustamento da organização, que deve assumir característicos de permanência enquanto esse grupo estiver na posição de trabalho espiritual. Não me refiro aqui à cooperação das irmãs na casa, mesmo porque o concurso feminino é constante, sagrado e insubstituível. Acreditamos, pois, que a nova organização deva obedecer a fundamentos definitivos até que as circunstâncias modifiquem a situação.

11 Aconselhamos, portanto, ao Chico assumir a direção interna da instituição futura, conservando-se na casa a mesma feição de familiaridade e intimidade fraternal que assinalam o grupo de Pedro Leopoldo, de modo que os interesses espirituais decorrentes da sementeira dos livros não sejam prejudicados. O centro manteria um recinto grande, habilitado a receber todos os procuradores da luz espiritualizante, com gabinete especializado para o serviço de passes, enquanto que o médium se encarregaria da parte habitável, aí se entregando ao serviço que lhe cabe junto à família humana, tonalizada em infinitas nuances de espiritualidade. 12 Sustentaria os trabalhos de beneficência ao alcance de suas possibilidades e de sua dedicação pessoal, concretizando-se o pensamento de Emmanuel no tocante à instituição de que falamos, no ano passado, em nossas preces, e o organismo espiritual prosseguiria sem grandes abalos na mudança de situação dentro da ordem material. Acreditamos que para o trabalhador da mediunidade que terminou, de certo modo, os compromissos domésticos inadiáveis, é indispensável à criatura de novos deveres com a família humana e supomos que localizado no centro das preocupações com o grupo, dentro do mecanismo interno, seria mais fácil ao nosso amigo a conservação do ritmo de receptividade.

13 Examinados os planos, vocês se prevenirão contra os aventureiros, que surgirão certamente, lavrando escritura oficial das deliberações havidas, circunscrevendo o núcleo diretor às quatro pessoas a que me referi. Mais tarde, cogitaremos dos detalhes e aqui nos reportamos ao problema porque a única residência em que o Chico poderá doravante prosseguir na marcha é a que se verificar em moradia de solidão, pobre e dedicada a toda gente, em que o lema seja “por fora com todos e por dentro com Deus”. 14 Os mais necessitados dessa luz que buscamos chegam de pés empoeirados e barrentos e, por vezes, com fome e sono. Enquanto vocês estiverem dentro de Pedro Leopoldo, não abandonem o serviço de assistência tangível como fazem na casa em que nos reunimos. O centro deve ser, pois, agora mais que nunca, o lar do socorro espiritual, do remédio compassivo e do amparo salutar. Cuidaremos de outras particularidades depois. Apenas pretendia lembrar que a missão do livro é qual a tarefa da paternidade que se define por “filhos criados, trabalhos dobrados”.

15 Boa noite a todos. Desculpem-me a extensão, mas foi necessário. Recebam um grande abraço do papai muito amigo de sempre,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: mamãe e eu passeávamos pela fazenda, de charrete, quando uma das partes do arreio arrebentou e, ao fazê-lo, chicoteou o animal, que partiu em disparada. Papai e Roberto socorreram, evitando acidente de maiores proporções.


[2] Nota da organizadora: Em referindo-se ao seu livro publicado pela FEB em 1947, psicografado por Francisco Cândido Xavier.


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