Reunião pública de 21-8-1959.
Questão n.º 525.
1 O fenômeno mediúnico é de todos os tempos e ocioso seria mostrar, num estudo simples, o papel que lhe cabe na gênese de todos os caminhos religiosos.
2 Importa anotar, porém, que os povos primitivos, sentindo a influência dos desencarnados a lhes pesar no orçamento psíquico, promovem medidas com que supõem garantir-lhes segurança e tranquilidade no reino da morte.
3 Egípcios, assírio-caldeus, gregos, israelitas e romanos prestam-lhes homenagens e considerações.
4 E para vê-los e ouvi-los conservam consigo certa classe de iniciados característicos.
5 Equivalendo aos médiuns modernos, havia sacerdotes em Tebas, magos em Babilônia, oráculos em Atenas, profetas em Jerusalém e arúspices em Roma.
6 Administrações e cometimentos, embaixadas e expedições, exércitos e esquadras movimentam-se, quase sempre, sob invocações e predições.
7 A civilização faraônica adquire mais largo esplendor, ao pé dos túmulos.
8 A comunidade ninivita consulta adivinhos e astrólogos.
9 Especifica a tradição que a alma de Teseu, em refulgente armadura, guiava as legiões helênicas, em Maratona.
10 Conta o Velho Testamento que dedos intangíveis escrevem terrível sentença no festim de Baltasar. ( † )
11 A sociedade patrícia celebra as festas lemurianas, com o intuito de apaziguar os Espíritos errantes.
12 Contudo, quase todas as manifestações de intercâmbio, entre os vivos da Terra e os vivos da Espiritualidade, evidenciavam-se mescladas de sombra e luz.
13 No delírio de símbolos e amuletos, em nome dos mortos, estimulavam-se preces e libações, virtudes e vícios, epopeias e bacanais.
14 Com Jesus, no entanto, recolhe o homem o necessário crivo moral para definir responsabilidades e objetivos.
15 Em sua luminosa passagem, o fenômeno mediúnico, por toda parte, é intimado à redenção da consciência.
16 É assim que surpreendemos o Divino Mestre afirmando-se em atitudes claras e decisivas.
17 Não somente induz Maria de Magdala a que se liberte dos perseguidores invisíveis que a subjugam, ( † ) mas também a criar, em si própria, as qualidades condignas com que se fará, mais tarde, a mensageira ideal da ressurreição.
18 Socorre, generoso, os alienados mentais do caminho, desalgemando-os das entidades infelizes que os atenazam; contudo, entretém-se, ele mesmo, com Espíritos glorificados, no cimo do Tabor. ( † )
19 Promete a Simão Pedro auxiliá-lo contra o assalto das trevas e, tolerando-lhe pacientemente as fraquezas na hora da negação, ( † ) condu-lo, pouco a pouco, à exaltação apostólica.
20 Honorificando a humildade de Estêvão, que suporta sereno as fúrias que o apedrejam, aciona-lhe os mecanismos da clarividência, e o mártir percebe-lhe a presença sublime, antes de se render à imposição da morte. ( † )
21 Compadece-se de Saulo de Tarso, obsidiado por seres cruéis que o transformam em desalmado verdugo, e aparece-lhe, em Espírito, na senda de Damasco, ( † ) para ensiná-lo, através de longos anos de renunciação e martírio, a converter-se em padrão vivo de bondade e entendimento.
22 E continuando-lhe o ministério divino, dispomos hoje, na Terra, da Doutrina Espírita a restaurar-lhe as lições como força que educa o fenômeno psíquico, joeirando-lhe as expressões e demonstrando-nos a todos que não bastam mediunidades fulgurantes, endereçadas ao regozijo da inteligência, no palanque das teorias ou no banquete das convicções, e sim que, sobretudo, é inadiável a nossa purificação de espírito para o levantamento do Bem Eterno.
Emmanuel