O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Palavras sublimes — Autores diversos


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Nenhum esforço nobre é perdido

1 Ismael amigo, Deus te guarde o coração no campo da luta.

2 É um consolo suave rememorar o pretérito, de espírito voltado para o futuro, através do trabalho e da realização em cada dia. 3 Não precisamos, meu caro, estacionar em lamentações pelos companheiros que se distanciaram do serviço, nem comentar, sentidamente as incompreensões daqueles que ainda hoje fogem amedrontados da esfera de luta. Apraz-nos tão-somente a permuta do nosso abraço cheio de fervorosa confiança nos tempos do porvir. 4 E é com alegria que te conchego ao coração nestes momentos rápidos de reencontro para dizer-te do meu júbilo de companheiro. O velho guarda-livros de Ubá vem reverenciar-te a valorosa coragem. O companheiro dos anos que passaram regressa do Mundo Maior para expressar-te a mesma confiança afetuosa de todos os dias.

5 Esperanto e Espiritismo foram as duas aspirações maiores de minha vida última e vejo com alegria que são as duas causas supremas de teus sonhos de realizador. Continuemos, Ismael, na edificação da fraternidade espiritual. Se a vida não cessa, o trabalho é também permanente e incessante.

6 Ainda não encontrei motivos para buscar o descanso beatífico dos que olvidam as realizações para a eternidade. Colmeias imensas de trabalhadores movimentam-se aqui, estruturando celeiros de luz e sabedoria, amor e paz, com vistas à humanidade encarnada e desencarnada. A escada evolutiva suporta bilhões de seres em diferentes degraus. Escolas diversas multiplicam-se ao infinito. Círculos de trabalho sucedem-se uns aos outros, interminavelmente. Como é possível, meu amigo, fugir ao grandioso espetáculo do serviço? Por que processo tentar o acesso ao paraíso dos que repousam em suposta paz sem fim se apelos à luta edificante surgem de todos os lados? 7 Nosso maior desejo, na espera atual de serviço, é o fazer sentir aos companheiros encarnados o caráter sublime do esforço gradativo e incessante. O plano divino foge às interpretações apressadas dos homens, ainda mesmo quando esses homens sejam apóstolos da filosofia puramente humana. 8 A morte do corpo faz-se acompanhar de revelações mais altas e mais vastas. A existência secular reduz-se à gota minúscula de tempo e só a realização espiritual, eterna e sublime, pode atingir a verdadeira sabedoria, conferindo ao homem sua herança de divindade.

9 Nós, os companheiros esperantistas e espiritistas, prosseguimos na luta abençoada, incentivando a fraternidade humana e a redenção espiritual. Podes crer, meu amigo, que nenhum esforço nobre é perdido, nenhum trabalho para o bem escapa à justiça das compensações naturais. Quanto estiver em tuas mãos e possibilidades, distribui o entusiasmo, a esperança e a alegria no grande campo do Esperanto e do Espiritismo no Brasil.

10 Aqui se forma diferente mentalidade para a Terra do milênio futuro. Novas expressões de espiritualidade renovadora surgirão no recanto planetário que nos é tão querido, sazonando o fruto da compreensão humana. O mundo tem sede de união e de universalismo. 11 As igrejas, ainda mesmo as de bases cristãs, cerram-se no sectarismo político e religioso, impedindo o acesso das almas ao manancial da divina Revelação. Rios de ouro correm entre as nações mais poderosas, como torrentes de riquezas banhando continentes de condenados. Faltam a fé viva, a esperança redentora e a certeza da vida vitoriosa. E o Esperanto e o Espiritismo constituem as duas alavancas do porvir no terreno da legítima aproximação fraternal entre homens e povos.

12 Trabalhemos, pois, meu amigo, ainda e sempre! Recordemo-nos de que o Mestre dos mestres até hoje trabalha mais intensivamente que todos os apóstolos do bem reunidos no mundo inteiro! 13 Ondas de renovação surgem de toda parte. Algumas trazem consigo suor e lágrimas, desenganos e golpes aparentemente fatais. É a reconstrução necessária, a reestruturação planetária, cuja obra, em verdade, ainda não terminou. 14 Unamo-nos, pois, em Cristo, o divino Condutor, que nunca desfalece. A noite ainda é muito espessa, entretanto, não podemos duvidar da aurora próxima. 15 Que sejas, meu amigo, o trabalhador otimista e devotado de sempre, suportando as responsabilidades da hora que passa, como quem transporta bandeiras de alegria e luz para os exércitos da fraternidade terrestre que desfilarão no radioso amanhã da humanidade.

São os votos do velho amigo de todos os tempos,  n


João Ernesto



Reformador — Julho de 1946.


[1] Segundo consta do original, a mensagem foi psicografada em 11 de abril de 1946, sem referência de local. Desencarnado em 5 de outubro de 1914, João Ernesto, nascido em Ubá, Minas Gerais, foi um pioneiro do Espiritismo e do Esperanto, sendo seu divulgador incansável, principalmente entre os pobres. Autodidata, foi guarda-livros, famoso maestro e compositor, poliglota, e vezes sem conta atuou como promotor de Justiça por nomeação dos juízes de Direito de sua cidade natal. No início do século XX, escreveu para os jornais O Cinzel, A Folha do Povo, dentre outros, textos sobre Espiritismo e Esperanto, além de livros sobre esses assuntos, sob o pseudônimo “Discípulo de Jesus”. Da data da recepção da mensagem e sua desencarnação haviam se passado 32 anos.


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