O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pinga-fogo — Emmanuel — Entrevistas


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Umbanda e o tráfico negreiro

1 Reale Jr. — O senhor acha que os espíritos que se manifestam nos terreiros de umbanda, dizendo-se guias de cura, pretos velhos, índios, caboclos, são espíritos evoluídos? Como explica as curas conseguidas por muita gente conhecida, em terreiros? Será que o mal pode apresentar-se através do bem, ou então tomando a sua forma?

Chico Xavier — Nós respeitamos a religião de Umbanda como devemos respeitar todas as religiões. Vamos recorrer aos casos das leis cármicas. Nos séculos passados, nos três, quatro séculos passados, nós — vamos dizer coletivamente — não estamos falando do ponto de vista individual, mas na condição de brasileiros, buscamos no berço onde nasceram milhões de irmãos nossos reencarnados nas plagas africanas, para que eles servissem nas nossas casas, nas nossas famílias, instituições e organizações, na condição de alimárias. Eles se incorporaram, depois de desencarnados, às nossas famílias. Eles renasceram do nosso próprio sangue, nas condições de nossos irmãos, para receberem, de nossa parte, uma compensação que é a compensação chamada de amor, para que eles sejam devidamente educados, encaminhados, tanto quanto nós pretendemos educar-nos e encaminhar-nos para o progresso. Então temos a religião de Umbanda que vem como uma organização dos Espíritos, recentemente, porque quatro séculos significam um tempo curto nos caminhos da eternidade. Recentemente trazidos para o Brasil eles se organizaram agora, seja numa condição ou noutra. Nós no Brasil, não conseguimos pensar em termos de cor. Nós todos somos irmãos. De modo que eles organizaram uma religião sumamente respeitada também. Eles também veneram a Deus, com outros nomes. Veneram os emissários de Deus, com outros nomes. Respeitamos todos e acreditamos que em toda parte onde o nome de Deus é pronunciado, o bem pode se fazer. Agora encontramos na Doutrina Espírita, individualmente e coletivamente, a faixa que nos compete no campo de nossa evolução, para estudos do nosso destino, para estudos da imortalidade. Quanto a problemas de cura, permitimo-nos lembrar uma coisa: às vezes nós pedimos socorro a determinadas organizações para a cura imediata de determinados impedimentos físicos. Essa cura, parece, talvez, forçada por nossas exigências, porque muitas vezes os nossos irmãos, trazidos das plagas africanas, se habituaram, de certo modo, a obedecer-nos quase que cegamente. Eles se afeiçoam a nós com uma afeição terrível, do ponto de vista do egoísmo de que nós todos, por enquanto, principalmente se referindo a mim, somos portadores. Então exigimos uma cura que se faz de imediato no campo físico, mas nos esquecemos de que, às vezes, a cura física é um caminho para encontrarmos, mais adiante, desastres morais de consequências imprevisíveis. Então se as curas demoram no ambiente kardequiano, ou se demoram no campo da medicina, vamos respeitar o problema dessa demora, porque aquilo se verifica em nosso próprio benefício. Porque muitas vezes uma doença física, ou determinada provação em nossa vida doméstica, nos poupa de acidentes afetivos ou acidentes materiais, ou de fenômenos extremamente desagradáveis em nossa vida.


2 Telespectador de Machado, no sul de Minas — Gostaria de saber se Judas foi um traidor ou fazia parte de um programa para salvar Jesus Cristo?

Chico Xavier — Sinceramente eu sou uma formiguinha diante de um processo que teve consequências tão grandes na História da Humanidade. Mas, eu creio que nós podemos nascer ou renascer com as nossas tendências anteriores e, naturalmente, induzidos ao mal, porque nós todos — nós todos não — eu sou portador de tendências inferiores muito pouco recomendáveis. Mas, se eu deixo essas tendências à solta e se vou praticar, com elas, males maiores do que aqueles que eu já cometi em existências passadas, eu sou responsável, conquanto possa ser um instrumento para o resgate de determinadas situações, ou peça na engrenagem da história de grupos ou coletividades, com consequências agradáveis ou desagradáveis para o futuro. Individualmente devemos pensar que nós temos determinadas tendências, tentações, mas devemos resistir às tentações. Creio que Judas poderá ter renascido com tentações muito grandes para se apropriar da autoridade política e exigir que Nosso Senhor Jesus Cristo tomasse as rédeas do poder humano. Acredito. Mas creio que ele não devia ter deixado essas tendências assumirem o caráter que assumiram. É o que eu penso.


Francisco C. Xavier

Emmanuel


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