O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

O Espírito de Cornélio Pires — Cornélio Pires — F. C. Xavier / Waldo Vieira / Elias Barbosa


12 n


(56)

Nhô Manduco

“Recorde sempre: o anônimo da rua é nosso irmão.”


1 Lá se vai arrastando Nhô Manduco.
Um homem passa, rente, e a língua engrola:
— “Foge daqui, cachorro manquitola!”
Outro grita de longe: — “Sai caduco!”


2 É noite… A água da chuva é fino suco.
O barro é o cobertor a que se enrola.
Sente o mendigo o estalo da cachola
E morre feito sapo no tijuco.


3 Acorda Nhô Manduco libertado.
Contempla o próprio corpo, frio, ao lado…
Ergue-se tonto… Nada sabe ao certo…


4 Teme e treme… Mas nisso vê na altura,
A rebrilhar no horror da noite escura,
Um caminho de sol no céu aberto.




57 — “Reencarnação!… Que estopada!…” —
Comentou Nico Peão —
“O corpo é concha pesada
Que a gente arrasta no chão…”


58 “Afeição cega a razão”
Ideia a que não me encaixo.
Cabeça pensa por cima,
Coração fica por baixo.


59 Se o coração está rico
De bondade natural,
Nem a pobreza atropela,
Nem a riqueza faz mal.


60 Provérbio claro e bem-posto,
Sem margem à distorção:
Melhor vergonha no rosto
Que mágoa no coração.


Cornélio Pires


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir