O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Notáveis reportagens com Chico Xavier reproduzidas do jornal O Globo — Autores diversos


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A Ciência dos Espíritos é a nossa Ciência

Emmanuel deixa de responder uma pergunta em alemão — Nem Euclides nem Humberto de Campos atenderam ao chamado — Mais um soneto de Augusto dos Anjos Uma série de questões em inglês


PEDRO LEOPOLDO,  †  23 (Especial para O GLOBO, por Clementino de Alencar) — Reforçada, pois, a concentração, volta o lápis a correr sobre o papel. Não retoma, porém, a mensagem interrompida.

Quando, mais tarde, finda a sessão, recolhíamos a produção psicografada durante a mesma, pedimos a Chico Xavier que conservasse em seu poder, ainda durante algumas horas, a “mensagem inacabada”, na expectativa de que o “Espírito”, o Amigo do Espaço que a iniciara voltasse para concluí-la.

Isso, porém, não se deu; e, no dia seguinte, Chico no-la entregava, assim como ficara ela, na véspera; interrompida. Tal como, na Terra, emudece o rádio porque, ao longe, numa paragem que não saberíamos fixar, passa, imprevista, a tempestade…


O envelope lacrado


Voltemos, porém, à sessão. Emmanuel cuida de atender às indagações que restam sobre a mesa.

Surge o caso do envelope lacrado e guardado em mãos de pessoas idôneas, na capital mineira.

Escreve a mão do médium:

“Quanto ao consulente de Belo Horizonte, o qual apresenta um envelope fechado contendo um jogo de palavras que, segundo diz ele, representa uma heresia, dispenso-me de semelhante tarefa. A experiência é viável dentro da moderna psicometria; porém, o Xavier não possui faculdade para operar prodígio.”

Acha ainda Emmanuel que o consulente se deve dirigir a um estudante de telepatia.


As invocações e o perigo da autossugestão


A invocação ao Espírito de Euclides da Cunha  †  não surtiu efeito: o estilista dos “Sertões”  †  não desceu para dar àquele “rebanho de humildes sofredores” um sinal de sua existência e de seus pensamentos no Além.

A esse respeito responde o “guia” Emmanuel pela afirmação da existência, no Além, de uma liberdade espiritual: os desencarnados não ficam à disposição do chamado dos “vivos”.

“Torna-se preciso encarecer — observa Emmanuel — a importância que assume tal chamado do mundo espiritual, onde não nos encontramos à revelia de leis que regulam os nossos mínimos atos. Também na evocação individual existem os perigos da autossugestão.”

Segundo nos disseram pouco depois, alguns dentre os presentes iniciados na doutrina, essa autossugestão precisa ser evitada no médium e pode ocorrer quando esse busque o transe levando na mente alguma invocação.


“Não conheço esse idioma”


Conforme dissemos em correspondência anterior, ao entrarmos na casa de José Cândido, para a sessão do dia 22, grafamos, em alemão, uma pergunta que “pouco” depois se ia reunir às outras já amontoadas diante do médium.

Fora a lembrança do caso de Mme. Piper, citado pelo juiz Edmonds,  †  depois presidente do Senado Norte Americano, que despertara em nós a intenção daquele teste.

Mme. Piper não conhecia o grego. O Espírito de George Pelham  †  que ela encarnou [incorporou], certa vez, traduzira, entretanto, uma frase em grego que fora apresentada pelo professor Newbond.

George Pelham conhecia o grego. Infelizmente, Emmanuel não sabe alemão. Foi, pelo menos, o que ele disse ao pé da nossa pergunta:

“Não compreendo a pergunta que, a meus olhos, está constituída como de traços de um hieróglifo, em virtude da minha ignorância a respeito daquilo que traduzem.

“Na minha condição de desencarnado; ainda não atingi a onisciência.”


A ciência deles é a nossa


Ainda a esse respeito procuramos ouvir, depois da sessão, a opinião de iniciados na doutrina e estes nos observaram:

— A resposta de Emmanuel parece-nos lógica. Se, em sua existência terrena ele não conhecia o alemão, não poderá ter aprendido esse idioma no Além. É provável que lá não haja aulas de alemão. Aliás, do conjunto das nossas comunicações com os desencarnados, ressalta isto: no que se refere aos conhecimentos e questões que preocupam aos encarnados, aos chamados vivos, a ciência dos Espíritos estaca no ponto em que se acha a nossa, em seu puro exclusivismo terreno. O aperfeiçoamento deles, no além, verifica-se nos altos Planos da evolução e da purificação espiritual. Apenas se, às vezes, usando desses conhecimentos terrenos, eles nos podem dar conselhos e diretrizes mais esclarecidos do que quando “vivos”, isso, se deve atribuir à sua nova condição de libertos das pesadas contingências terrenas. n


O único “fantasma” dentro do Universo


Dadas as respostas acima, o médium entra a grafar versos.

São sonetos, entre os quais este, de Augusto dos Anjos: n

Fantasma

1 Há no Universo um estranho dinamismo,

Na grandeza de todos os cenários,

Nos aspectos dos orbes multifários,

Cantando o hino triunfal do transformismo.


2 É o sagrado e divino esoterismo

Dos sublimes anseios unitários.

Que vem do macrocosmo aos protozoários

E une o céu ao minúsculo organismo!


3 Tudo é beleza, da Beleza Ignota,

Seguindo a mesma estrada, a mesma rota

Da Luz, fulgor de Deus no éter disperso!


4 E o homem, só, no seu dia miserando,

Solta o “ai” doloroso e formidando

De um fantasma gemendo no Universo!


Augusto dos Anjos


Depois desse, são grafados versos de Hermes Fontes e ainda algumas palavras de Emmanuel sobre o enorme dispêndio de forças neuropsíquicas a que é obrigado o médium para chegar ao fenômeno do transe em sessões públicas e muito concorridas, o que torna difícil a manutenção da “corrente”.


Humberto, ainda desta vez, não


Como se vê, Humberto ainda dessa vez não compareceu. A esse respeito ouvimos do médium algumas declarações que enviaremos depois, juntamente com impressões colhidas junto ao professor Melo Teixeira e outras pessoas presentes à sessão.


Tentemos o inglês


Agora voltemos ainda à pergunta em alemão.

Emmanuel não conhece esse idioma. Ocorreu-nos, porém, esta manhã, a lembrança das mensagens em inglês, assinadas pelo Espírito protetor do médium.

Pouco depois, passamos pela venda de seu “Zé Felizardo” e, sem manifestarmos todo o nosso intento, pedimos para hoje à noite uma ligeira entrevista com Chico Xavier em sua casa.

Ele atendeu-nos prontamente. Estará à nossa disposição, às 21 horas.

— Poderemos obter então uma comunicação com Emmanuel? — indagamos ainda.

E ele:

— É provável que sim. Venha, e a gente tentará…

Assim, daqui a pouco, quando chegar a noite iremos apresentar a Emmanuel uma série de indagações em inglês.


Clementino de Alencar



[1] É perfeitamente possível aprender no Além, qualquer idioma. Aliás, existem os espaços das nações — regiões do Plano Espiritual onde, geralmente, vivem os que desencarnaram nos países correspondentes, comunicando-se, basicamente, com a linguagem articulada através do idioma pátrio. (Evolução em Dois Mundos, André Luiz, F. C. Xavier, W. Vieira, cap. II [Linguagem dos desencarnados] e VII [Vida social dos desencarnados], 2ª P., FEB.) Mas, em Planos mais altos os Espíritos utilizam-se largamente da comunicação telepática e, nessas Esferas, o conhecimento científico é bem mais avançado do que na crosta terrestre. (Nota do Org.)


[2] Esta poesia foi publicada primeiramente em 1938 pela LAKE e é a 27ª do livro “Lira imortal


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