O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Na era do Espírito — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Os temas da prece

Chico Xavier


“Em nossa reunião pública dedicada às comemorações do nascimento do nosso benemérito amigo Dr. Bezerra de Menezes, a lição de O Evangelho Segundo o Espiritismo ( † ) trazida a estudo foi o item 22 do capítulo XXVII.

A nossa Instituição recebia, nessa noite, a visita de mais de uma centena de irmãos de várias cidades e os temas da prece animaram vivamente todos os comentários. Quase todas as explanações versaram sobre a maneira de pedir ou de agradecer, sobre o que devemos rogar aos céus e como dialogar com a Espiritualidade Maior.

Encerrando as tarefas da noite, a nossa benfeitora espiritual Maria Dolores, por nosso intermédio, escreveu a página “Petição a Jesus” que nos comoveu muito. Prometi à maioria dos companheiros que faria ao caro Professor a remessa dessa oração de nossa irmã, na ideia de tê-la enriquecida com os seus apontamentos.”


PETIÇÃO A JESUS


Maria Dolores


  1 Senhor!

  Perante os que se vão

  Sob nuvens de pó e rajadas de vento,

  Dá-me o dom de sentir

  No próprio coração

  A chaga e o sofrimento

  Que carregam consigo

  Por fardos de aflição…

  Faze, Divino Amigo,

  Ante a dor que os invade,

  Que eu lhes seja migalha de conforto

  Na travessia da necessidade.


  2 Agradeço-te os olhos: que me deste,

  Espelhos claros com que me permites

  Fitar fontes e flores

  Ante o céu sem limites…

  Mas rogo-te, Senhor,

  Ajuda-me a estender a luz em que me elevas

  Cooperando contigo, embora humildemente,

  No socorro constante aos que jazem nas trevas.


  3 Rendo-te graças pela minha voz

  Que te pode louvar

  E engrandecer-te sem qualquer barreira

  De inibição, de forma, de lugar…

  Entretanto, Jesus, aspiro a estar contigo,

  Em singela tarefa que me dês

  No apostolado com que recuperas

  Nossos irmãos atados à mudez.


  4 Agradeço os ouvidos

  Em que o discernimento se me apura

  Ao escutar o verbo e a música da vida

  Na ascensão à cultura.

  Consente-me, porém, o privilégio

  De repartir o amor com que me assistes

  Revigorando a quantos se fizeram

  Retardados ou tristes.


  5 Agradeço-te as mãos que me cedeste

  Para dar-me ao trabalho que te peço

  Na atividade do cotidiano

  Em demanda ao progresso.

  Aprova-me, no entanto, o propósito ardente

  De partilhar contigo o serviço fecundo

  Com que amparas a todos os enfermos

  Que vivem sob a inércia entre as provas do mundo!


  6 Agradeço-te o lar que me descansa

  No calor da ternura em que me aqueço,

  Meu veludoso ninho de esperança,

  Meu tesouro sem preço…

  Mas deixa-me seguir-te, lado a lado,

  No concurso espontâneo, dia a dia,

  A fim de que haja abrigo a todos os que passam

  Suportando sem teto a chuva e a noite fria!


  7 Rendo-te graças, incessantemente,

  Por tudo o que, em teu nome, o caminho me traz,

  — A compreensão, a luz, o estímulo, o consolo,

  O apoio, a diretriz, a experiência, a paz…

  Não me largues, porém, no exclusivismo vão

  De tudo o que me dês, ajuda-me, Senhor,

  A dividir também com os outros que te esperam

  A mensagem de fé e a presença de amor!


CONDIÇÕES DA PRECE


Irmão Saulo


“As condições da prece foram claramente definidas por Jesus”, escreveu Kardec no capítulo XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo( † ) E para prová-lo transcreveu os trechos dos Evangelhos de Mateus (6:5-8), de Marcos (11:25 e 26) e de Lucas (18:9-14) que a seguir comentou. No item 22 desse capítulo ( † ) inseriu uma comunicação mediúnica do pastor protestante Monod intitulado “Modo de orar”.

Nessa comunicação Monod adverte: “O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar o seu retorno à atividade diária é a prece. Vós orais, quase todos, mas quão poucos sabem realmente orar!” E passa a discorrer sobre a oração e a melhor maneira de faze-la, acentuando: “Pedi, antes de tudo, para vos tornardes melhores e vereis que torrentes de graças e consolações se derramarão sobre vós”.

Nas reuniões com Chico Xavier várias pessoas são convidadas a falar sobre o tema de estudos da noite. Esses temas são escolhidos pelos Espíritos que dirigem os trabalhos, pois o livro é aberto ao acaso e cai sempre um tópico referente às preocupações dominantes no recinto. Lido o texto, passa-se aos comentários e no final o médium recebe uma comunicação psicográfica.

Todas as explicações já haviam sido dadas, todos os comentários já haviam sido feitos quando Maria Dolores trouxe, através do médium, o seu aparte do Além. E preferiu faze-lo em forma de exemplo. Ao invés de dar uma nova explicação, fez a sua prece a Jesus. Essa prece corresponde exatamente às condições definidas por Monod. É um agradecimento espontâneo pelas graças recebidas e um pedido para maior atividade no campo da fraternidade e do amor. As condições da prece e a maneira de faze-la estão bem claras nesse poema em que a inspiração da poetisa confirma, em versos, as lições do Evangelho.


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