O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Mensagem do pequeno morto — Carlos por Neio Lúcio


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Familiares

1 Enquanto aguardava o médico, Tia Eunice, em determinado instante, avisou-me de que iria ao interior buscar os familiares, e saiu, deixando-me entregue aos pensamentos novos que me invadiam a cabeça.

2 Decorridos alguns minutos, abriu-se a porta e nossa tia chegou acompanhada por outras pessoas. A princípio, julguei que fossem muitas, mas eram duas apenas — vovó Adélia e primo Antoninho.

3 Vovó prendeu-me a atenção mais fortemente. Não estava trêmula, nem curvada. Pareceu-me muito mais moça, alegre e forte. Seus olhos, serenos e lúcidos, irradiavam aquela mesma bondade de outros tempos.

4 A surpresa de vê-la, junto de mim, enchia-me de encantamento e satisfação. Que alívio!

5 Lembra-se de quando vovó se retirou da residência, muito mal, para a casa de saúde? Desde então, jamais a vimos.

6 Mamãe anunciou-nos então a morte da santa velhinha, sem permitir que a seguíssemos, na grande viagem que levou a efeito para a derradeira visita.

7 Frequentemente, ambos comentávamos as grandes saudades que nos deixara vovó. Ela sempre nos assistira com excessiva ternura. Dominava-nos com amor e bondade. Perdoava-nos todas as faltas. Poderá você avaliar a alegria que senti, vendo-a aproximar-se?

8 Ao lado dela, estava Antoninho, que reconheci, de pronto. Nosso primo havia igualmente “morrido”, em hospital distante de nós. Pousou os olhos afetuosos e doces em mim, tranquilizando-me o coração…

9 Verdadeira torrente de perguntas atravessou-me o cérebro naqueles momentos rápidos.

10 Muitas vezes ouvira dizer, aí na Terra, que após a morte do corpo seríamos conduzidos ao Céu ou ao Inferno. O que eu via, porém, era a continuação da paisagem familiar, querida e confortadora. Vovó, Tia Eunice e Antoninho estavam ali, mais vivos que nunca, diante de mim, desfazendo nosso velho engano de que houvessem desaparecido para sempre na morte.

11 Nossa carinhosa velhinha e o primo abraçaram-me, sorridentes. Vovó chorou de alegria ao beijar-me, aconchegando-me ao colo, como antigamente. Perguntou-me por todos. Lamentou não ter podido acompanhar minha vinda, no que foi substituída por Tia Eunice, e declarou que visitaria mamãe na primeira oportunidade. Indagou, bondosa, se você e eu ainda éramos aqueles mesmos pequenos endiabrados que lhe escondiam os óculos para ganhar brinquedos e merendas.

12 Amparando-me nos braços de vovó, tão carinhosa e tão boa, senti muitas saudades de mamãe e chorei bastante. Nossa querida velhinha, porém, consolou-me, explicando que, um dia, mamãe e vocês virão também para o nosso novo lar.


Carlos

Neio Lúcio


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