Bíblia do Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 2ª parte.

Maria Dolores — A própria


37


Uma luz

  1 Por vezes, tanto empeço na estrada,

  Que indagas, coração, de alma desencantada,

  Por que meios humanos prosseguir…

  Entretanto, ergue a fronte, ao vasto firmamento,

  Da nuvem mais pesada ou do céu mais cinzento

  Uma luz há de vir…


  2 Deus a ninguém esquece… Ante a sombra noturna,

  Sem bússola na selva imóvel e soturna,

  O viajor se detém, sem coragem de agir;

  Pára, pensando em Deus… A névoa se condensa…

  Mas a oração lhe diz, além da sombra imensa:

  Uma luz há de vir…


  3 Abate-se na mina a sinistra barragem,

  Pedras, detrito e lama impedem a passagem,

  Vozes clamam, no fundo, a gemer e a pedir;

  Eis que a prece se eleva e, ao socorro da Altura,

  Gritam vozes de irmãos, promovendo a abertura:

  Uma luz há de vir…


  4 É noite. Sobre o mar, há bulcões em batalha,

  Relâmpagos relembram fogo de metralha

  No trovão a rugir;

  O barco, aos vagalhões, treme, estremece, estala

  Pequena multidão, ora, espera e se cala…

  Uma luz há de vir…


  5 Desse modo, igualmente, alma fraterna,

  Quando a prova por sombra te governa,

  Qual noite que te oculta as visões do porvir,

  Quando tudo pareça escuridão que avança,

  Trabalha, serve, crê e ouve a voz da esperança:

  Uma luz há de vir…


Maria Dolores


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