O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Jovens no Além — Familiares diversos — 4ª Parte


Wady Abrahão Filho — 5ª Mensagem

— 16 de novembro de 1974 —

1 É isso. Estudando os problemas do sexo nos encontramos. Cremos que unicamente os enfermos são excluídos. O quadro envolve a todos. Nós todos.

2 Achamo-nos aqui e com todo amor saúdo a meus queridos pais, e aos irmãos. Se pudesse, enfileirava os nomes numa lista em que a limitação desaparecesse. Entretanto, é preciso espalhar o coração e prestigiar o tempo.

3 Papai e mamãe, pedimos a Deus pela paz de nossa casa. Paz que nasça do coração. Essa paz com Jesus é semelhante à fonte. A corrente surge limpa e harmoniosa, mas depois aparecem as dificuldades; a visitação dos insetos e o assalto de animais grandes; a intromissão da terra e as mil surpresas desagradáveis que alteram o curso da água. Contudo, é possível a filtragem do líquido e mante-lo com a pureza das horas iniciais. A filtragem no caso da tranquilidade mais nossa há de ser feita no espírito de sacrifício, uns pelos outros. Renúncia que se defina em atos mesmo diminutos, em que a alegria dos que nos cercam se garanta através da nossa disposição de nos aplicarmos a Cristo, Nosso Senhor.

4 Pai, meu querido papai, ajude-nos com a sua calma e paciência. Sabemos: do coração paterno surge a segurança do lar. Paternidade é proteção e bênção. Não se aflija, querido papai. Felizmente, vamos superando os problemas. Tudo vai sendo facilitado, compreendido, vivido e aproveitado com a bênção de Jesus, entre nós. Agora, papai, rogo-lhe, como sempre, o apoio de seu carinho para que o seu carinho seja paz de nós todos.

5 Mãezinha precisa de sua proteção especial nesse sentido e os nossos queridos Wilson e Axima necessitam desse amparo de modo que a nossa paz se processe na base do trabalho que necessitamos desenvolver. E o trabalho, querido papai, é isso aí: luta abençoada em todos os dias pela vitória do bem. Do bem de todos que em seguida se transforma em nosso próprio bem.

6 Aqui, somos muitos. Vários companheiros anseiam falar. É como se tivesse um telefone nas mãos, expressando-me por muitos usuários dele que ainda não conseguem manejá-lo. Isso, porém, acontece, não porque eu seja melhor e sim porque o amor nos obriga à ginástica em que me vejo desde quando escrevi pela primeira vez, pela mediunidade. Alivio saudades e cumpro ordens.

7 O tema da manhã é sexo e amor. E nessa dupla se agiganta hoje no mundo uma guerra que congrega conflitos terríveis. Peçamos a Deus nos auxilie a vencer as sombras que obscurecem os problemas em nós e conosco. Tudo quanto pudermos fazer para que o sexo não nos atormente é obrigação. E o amor nos solicita provas de entendimento e abnegação todos os dias.

8 Realmente, o casamento, a nosso ver, não é apenas a união de duas pessoas, atendendo aos mais nobres fins na experiência Terrestre. Matrimônio é também a conjugação de nossas energias com as luzes das causas nobres que abraçamos. Em suma, estamos todos casados com a Obra do Cristo. n 9 Fidelidade e trabalho constituem as margens da estrada em que nos cabe seguir à frente. Enlacemo-nos todos na condição de irmãos em família, nascidos dessa bendita união entre Jesus e aqueles outros amigos que o aceitaram em suas próprias vidas, tutelando-nos por filhos das tarefas abençoadas de que se encarregaram.

10 Quanto ao estudo do sexo, propriamente considerado, tenhamos bastante força para homenagear o amor na sua mais bela expressão, sublimando as forças que talvez estejamos inclinados a utilizar, fora dos compromissos naturais, convertendo essas forças em bênçãos de serviço aos semelhantes.

11 Nos exercícios de resistência espiritual, à frente do assunto, quando mais jovens aí no mundo recorremos especialmente aos esportes — é o remo, o salto, a bola, a competição digna que, de certo modo, nos exaure as energias, que provavelmente, sem isso, seriam canalizadas para recursos menos felizes. 12 Entretanto, em nosso caso de Evangelho e experiência humana, respeitando o sexo, em sua elevada expressão de vida e estímulo ao trabalho, luz espiritual e entendimento, ser-nos-á possível empregar o excesso de vitalidade que, porventura, nos sobre no esporte da beneficência e da educação.

13 Nas canchas da Terra, o suor das partidas amistosas e construtivas e nos campos da alma, os testemunhos de sacrifício e caridade, de compreensão e serviço ao próximo representam caminhos de sublimação que nos compete trilhar, em nosso próprio favor.

14 Aqueles que receberam as tarefas da união no lar, estão igualmente convocados a muito trabalho e dedicação ao bem, como que taxados no imposto natural da abnegação, transformando ainda as bênçãos do sexo em amor aplicado pela melhoria e amparo, em benefício dos outros.

15 Os que não se casam encontram lutas beneméritas no burilamento próprio e aqueles que se casam surpreendem igualmente dificuldades enormes por superar. 16 E por tudo o que vemos e sabemos que a permanência na Terra é sempre escola, em que os obstáculos do mundo se erguem por lições do cotidiano, saibamos viver com Jesus e Jesus se nos revelará mais intensamente em nós e por nós, elevando a vida em que nos vemos.

17 Mãezinha e querido papai, Axima e Wilson, trabalhemos e sirvamos. O tempo está voando e a Terra é um grande aparelho cósmico que está voando também conosco, a pleno Espaço, transportando-nos no rumo dos Planos Maiores. 18 O serviço do bem é a área em que nos será possível o encontro permanente com a bênção de Deus. O Senhor nos espera nos outros. Esta é a verdade. E esses outros começam em nossas estações domésticas, porque realmente é sempre em casa que nos achamos na melhor e mais complicada carteira de ensino.

19 A nossa irmã Guiomar e todos os amigos presentes recebam nosso afeto e reconhecimento. Ao companheiro querido, hoje no São Judas, o meu coração reconhecido.

20 Em nome de todos aqueles, em nome dos quais uso a oportunidade de falar e de exprimir-me transmito a mensagem maior: irmãos, a Seara do bem é a nossa escola de luz na escola da experiência. Valorizemos as horas, construindo o bem de quantos nos compartilham a vida. Assim, venceremos.

21 Fé em Cristo, mas fé aplicada, no bem e na felicidade dos que nos cercam. Nessa base, as dificuldades desaparecerão e unicamente o Sol do Amor de Jesus brilhará sobre nós.

22 E aqui, a estaca da gratidão, fica em meu caminho, ante a estrada dos amigos queridos.

23 E aquele abraço de sempre, com a prece a Jesus por nossa paz no serviço cristão em qualquer lugar é a mensagem do afeto e da gratidão do companheiro e filho reconhecido,


Wadyzinho


COMENTÁRIOS


Como dissemos no capítulo anterior, a partir desta mensagem o Wadyzinho deslancha em ponderações doutrinárias, trazendo-nos a palavra segura, fortalecida pela ampliação dos horizontes espirituais, em consequência à sua desencarnação. De suas várias palestras aos jovens, quando entre nós, poucas permaneceram gravadas, mas no fim destes comentários reproduziremos uma dessas gravações, para que o leitor observe a essência de suas preocupações — a pregação do Evangelho do Cristo.

A mensagem que o Chico psicografou na manhã de 16 de novembro de 1974, ano e meio após a morte de Wady, traz dois pontos a considerar mais detidamente: as ponderações sobre o sexo e a menção ao companheiro presente, amigo e colega de estudos.

Quanto ao colega de estudo há curiosa observação a fazer: muitos amigos do Wadyzinho desolados com sua partida deixaram o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, não sabendo os familiares do Wady para que estabelecimento de ensino se transferiram. Um destes rapazes, o Jaime da Silva estava presente em Uberaba, na véspera da recepção desta mensagem. Ficaram surpresos os pais do Wadyzinho, ao dizer o filho: “Ao companheiro querido, hoje no São Judas, o meu coração reconhecido.” Por que — hoje no São Judas? — É que junto de outros amigos o Jaime se transferira para o Colégio São Judas Tadeu na Moóca…

As ponderações sobre o sexo se prendem ao fato de ter sido tema lido e comentado na fase preparatória da reunião daquela manhã em Uberaba. Encontramos nos comentários do jovem oportunos conceitos sobre o significado do sexo e do amor em nossas vidas, particularmente no que se refere à condição dos jovens que se debatem nas vigorosas cargas afetivas condensadas no sexo. Assim, valorizando os exercícios físicos, os esportes, na canalização de palpáveis energias do jovem para além da esfera genésica, à semelhança de conceitos expendidos por estudiosos na Terra, como Allers, em sua Pedagogia Sexual, procura também sublimar o sexo condensando-o em atividades nobres do espírito, nos campos da alma, para nesses campos exercitar os testemunhos de sacrifício e caridade, de compreensão e serviço ao próximo.

Lição objetiva a nos mostrar que o sexo deve ser equilibrado, compreendido qual imenso açude, cujas águas represadas não podem romper os diques em destruição maciça, mas derramar-se com disciplina para acionar geradores de sublimes realizações.

Nos estudiosos da Educação sexual na Terra observa-se a mesma preocupação com relação à energia sexual. Não que devamos ver o sexo pelos extremos de interpretação de Neill, com sua incontida ânsia de liberdade. Mas como uma força importante que não pode ser deixada à mercê de sua própria vontade, devendo ser orientada e canalizada em direção correta, a fim de servir ao indivíduo, ao invés de o dominar, conforme pondera o Dr. Isaac Mielnik em sua Higiene Mental do Comportamento Humano.

O Espírito de Emmanuel no livro Vida e Sexo, psicografado por Chico Xavier, traz à luz do Espiritismo considerações esclarecedoras a respeito do sexo responsável, mostrando ser o sexo, com sua carga erótica, inerente a todos nós, mas ensinando-nos que o devemos disciplinar em nossas permutas afetivas, sublimando-o tanto quanto possível, para as grandes conquistas do Espírito.

Transcrevemos, agora, trecho de palestra do Wady, quando encarnado, extraído de uma de suas fitas gravadas em poder dos familiares:


“Por que você não tenta reconciliar-se com seu colega? Não tenta viver em Cristo?

Veja o que você já fez de errado. Veja, veja bem! Tente reconcertar, sempre há tempo de você pedir perdão a alguém.

Você tem que pedir perdão a Cristo, porque Ele é a salvação. Entenda isso, Ele é a salvação!

Olhe, se cada um de nós pensasse no Cristo, o que seria do Mundo? Se todos pensassem assim, não haveria mais discórdias, não haveria mais guerras, mais nada, só paz, amor!

Mas o negócio não é você levantar o dedo e sair por aí dizendo: — paz e amor, bicho!

Não, não é isso. É você viver a paz e o amor. É você chegar em casa e dar um beijo no seu pai e na sua mãe, pois no lar você começa a viver o amor de Cristo.

Você tem que viver o amor de Cristo, porque Ele é a salvação. Eu vivo, pelo menos tento viver, o amor de Cristo. Não vou dizer que sou perfeito, pois ninguém é perfeito. Só um foi perfeito — o Cristo!

Mas vamos tentar fazer a nossa imagem à Sua semelhança, vamos tentar, não nos igualar a Ele, mas Dele nos aproximar. Quando os homens O puseram na cruz, Ele levantou os olhos e pediu para perdoar. Siga isso, perdoe e será perdoado.

Você tem que também ser um cristo, porque cada um de nós tem um cristo dentro de si. Antes de julgar, olhe para dentro de si mesmo e ache o Cristo dentro de você. Depois você saberá ensinar, não ensinar, e sim, viver o Cristo!”


Caio Ramacciotti



[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.


Texto extraído da 5ª edição desse livro.

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