O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Instruções psicofônicas — Autores diversos


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Um antigo lidador

Encerrando as nossas atividades socorristas na reunião de 21 de outubro de 1954, fomos reconfortados com a visita do Irmão Ernesto Senra, n antigo lidador dos arraiais espiritistas de Minas Gerais.

Foi ele um dos fundadores do “Centro Espírita Amor e Luz”, a primeira organização doutrinária de Pedro Leopoldo, instalada em 5 de fevereiro de 1903, emprestando, anos mais tarde, sua valiosa colaboração às casas espíritas de Belo Horizonte.

Sua palavra de companheiro esclarecido e perspicaz denota grande conhecimento de nossa vida mental e de nossas necessidades doutrinárias, merecendo, por isso, a nossa justa atenção.


1 Imaginai pequena bandeja de papel sobre um ímã. As partículas de ferro organizar-se-ão, segundo as linhas de força do campo magnético por ele estabelecido.

2 Mentalizemos as radiações gravitantes que arremessamos de nós, em torno do próprio veículo que nos exterioriza. Os órgãos vivos que o constituem reproduzir-lhes-ão o impulso e a natureza, inclinando-nos ao equilíbrio ou ao desequilíbrio, à saúde ou à enfermidade.

3 Nossa mente pode ser comparada a vigorosa usina eletromagnética de emissão e recepção e o nosso corpo espiritual, seja no círculo da carne ou em nosso presente estágio evolutivo fora dela, é um condensador em que os centros de força desempenham a função de baterias e em que os nervos servem por fios condutores, transmitindo-nos as emanações mentais e absorvendo-as, em primeira mão, de conformidade com a lei de correspondência ou de fluxo e refluxo.

4 No exame de quaisquer perturbações, é indispensável o serviço de autoanálise para conhecer a onda vibratória em que nos situamos e a fim de ponderar quanto aos elementos que estamos atraindo.

5 Isso é de fundamental importância no estudo de nossas impressões orgânicas, porque, provocando os eflúvios mórbidos das entidades enfermas que se nos associam ao mundo psíquico, já estamos consumindo esses mesmos eflúvios, originariamente produzidos por nosso próprio pensamento, colocando-nos em ligação indesejável com os habitantes da sombra.

6 Através de nossas radiações, favorecemos a eclosão ou o desenvolvimento de moléstias aflitivas, como sejam a neurastenia e a debilidade, a epilepsia e a loucura, a paralisia e a angina, a tuberculose e o câncer, sem nos reportarmos às doenças menores, catalogadas nos quadros da sintomatologia comum.

7 Referimo-nos, porém, ao assunto, não para pesquisar os raios da treva, de cuja intimidade precisamos distância.

Tangemos a questão, destacando o impositivo de trabalho para os nossos setores doutrinários, no campo do Espiritismo, de modo a cunharmos novos padrões para nossas atitudes e atividades, criando um estado de consciência individual e coletiva, em que preponderem a saúde e a harmonia, a compreensão e a tolerância, a bondade e o otimismo, o altruísmo e a fortaleza moral.

8 A cada passo, somos defrontados por grupos de nossa Doutrina que mais se assemelham a muros de lamentação, repletos de petitórios e necessidades, quando possuímos em nosso movimento toda uma fonte de bênçãos renovadoras e dons divinos, à feição de ricos potenciais, mobilizáveis na concretização de nosso idealismo com Jesus.

9 Compete-nos, dessa forma, acionar as energias ao nosso alcance para que a nossa tarefa não se converta em graciosa colheita de conforto particularista, mas sim numa campanha viva e ativa de valores educacionais, porquanto o Espiritismo envolve em si mesmo o mais vasto empreendimento de espiritualização até agora surgido no mundo.

10 Valioso é o nosso patrimônio doutrinário. Mas, se o tesouro permanece aferrolhado no cofre das teorias inoperantes, em verdade perderemos no século oportunidade das mais preciosas, expressa no ensejo de nossa própria edificação ao sol do Cristianismo redivivo.

11 Em nossa posição de associados de luta, encontramos também doutrinadores sempre ágeis na ministração do ensinamento, com imensa dificuldade de assimilá-los a si mesmos; 12 companheiros que exaltam a paciência, conservando o coração à maneira dum poço de irascibilidade e de orgulho; 13 irmãs que se reportam à humildade, transformando o lar que o Senhor lhes confia em trincheira de guerra contra os próprios familiares, 14 e amigos que glorificam a lição do Mestre, salientando o impositivo da bondade e do perdão, com absoluta incapacidade de suportar os irmãos da retaguarda.

15 Cabe-nos, assim, modelar recursos e iniciativas que aperfeiçoem não apenas os nossos corações, mas também nossas casas de trabalho, a se fundamentarem nas nossas próprias almas.

16 Para esse fim, é indispensável a coragem de aceitar os princípios, incorporando-os à nossa existência.

17 Os velhos homens do mar abandonaram a vela que lhes dificultava a navegação; entretanto, para atingir esse resultado, investigaram o vapor e dispuseram-se a receber-lhe os benefícios.

18 As antigas cidades aboliram o serviço deficiente do gás, contudo, para isso, estudaram a eletricidade e adotaram a lâmpada.

19 Reclamamos um Espiritismo, não somente sentido, crido e ensinado, mas substancialmente vivido, porque amanhã seremos congregados pela Vida Eterna, e o trabalho na Vida Eterna brilhará nas mãos daqueles servidores que, desde agora, procurem realizar a sua própria renovação para o bem.

20 Amigos, cremos não estar usando a palavra de maneira ociosa.

Desejamos fazer em vossa companhia essa mesma cruzada em que empenhais o coração, de vez que nós outros, os vossos companheiros desencarnados, também somos caminheiros da libertação, decididos a estabelecer novos rumos em nós mesmos, a fim de que a nossa fé seja tanto aí, quanto aqui, trabalho vivo e santificante.


Ernesto Senra


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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