O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Intercâmbio do bem — Familiares diversos


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André Max Graeser

23 NOVEMBRO 1971 — 03 JULHO 1979

“Sabemos que a nossa separação é temporária; que o trabalho e o amor ao próximo nos mantêm unidos e, temos a convicção que não perdemos o filho tão amado, porque agora, ele está cada vez mais perto de nossos corações.

“Ganhamos uma estrela no céu que, com o seu brilho, ajuda-nos a enxergar melhor quanto Deus é bom, e quanto Ele nos ama.

“Deus lhe abençoe sempre, Chico querido, e que todas as lágrimas que você, através do seu trabalho, enxuga, transformem-se em bênçãos e pontos de luz no seu coração tão amado.”


(Willy e Fátima)


André Max Graeser, Keko, nasceu e desencarnou em São Paulo. Formava, com os pais Willy e D. Nelcy Fátima Graeser, os irmãos Willy Jr. e Ana Paula, a família que tanta alegria e sustentação lhe proporcionou.

Aluno do Colégio Campo Salles, cursava a 2ª série, quando nos deixou, rumo da Vida Maior.




MENSAGEM


1 Querida mãezinha Nelcy e querido papai Willy, estamos juntos.

2 Creio que não precisamos de nenhum ritual para nos reconhecermos à vontade neste reencontro.

3 Papai Willy, o seu espírito prático me entende. Não era possível ficar morando num corpo atormentado de dores e agulhas.

4 Você, pai, e a querida mãezinha Nelcy reconhecerão que já havia peregrinado bastante em leitos de hospitais. Sei que no calendário, os meus dias de tratamento não foram muitos, no entanto, para quem é doente em tratamento intensivo, qual me vi, cercado de papeletas e instruções, com o aumento das dores em horários certos e com o receio permanente de novas fincadas, o tempo é longo demais.

5 Peço para que se alegrem e considerem natural a minha libertação daquele pequeno monte de sofrimentos físicos.

6 Vocês possuem o Júnior e a Ana Paula, aguardando atenção e carinho e não posso furtar-lhes o amor que me cabe dividir com os irmãos queridos.

7 Papai e mamãe, eu lia o meu estado de saúde nos olhares que me endereçavam e compreendi que a transferência de um hospital para outro não me encorajava e nem me proporcionava qualquer otimismo.

8 Conheci a dedicação dos médicos amigos, e se os meus primeiros protetores, no que se refere a tratamento, me remetiam para outro lugar, isso me pareceu um sinal vermelho no caminho. Ainda assim, acomodei-me à situação e procurava não estar chorão e nem fracolejo nos instantes em que, por dentro de mim, suava frio.

9 No dia dois, senti que uma neblina me embaraçava os olhos. Queria ver as pessoas em derredor ou fixar os detalhes do quarto, mas aquela névoa parecia aumentar.

10 Aquilo demorou até dia três, quando, num dado momento, vi um homem de rosto simpático, a remover aquela fumaça branca e sorrir-me. 11 Perguntei sem poder articular qualquer palavra quem era ele e escutei claramente o que ele me dizia:
— Então, Keko, você não conhece o seu avô Emílio? n Pois é. Fique sabendo que para nós já chega desse negócio de agulhas agarrando a sua pele. Vamos embora. Você tem outra casa e terá as melhoras precisas para alegrar aos seus pais!

12 Aquele rosto era assim convidativo e eu sofria tanto que aceitei os braços dele sem pensar. Ele me carregou, auxiliando-me a deitar a cabeça em seus ombros e tive a impressão de que ele me arrebatara a uma grande porção de panos que, naquela hora, me pareceram transmissores de doença e de aflição, porque nos braços do avô descansei, à feição de um pássaro que voara por muito tempo, com sede e fome de repouso sem achar um ninho que me pudesse resguardar.

13 No regaço quente de carinho daquele homem que me declarava ser meu avô, repousei e peguei num sono que respondia em cansaço.

14 Quando despertei, não somente ele me assistia, mas uma senhora ao meu lado mostrou-me o interesse maternal de quem se propunha a cuidar de mim.

15 Perguntei por todos de casa, mas o avô Emílio me esclareceu com brandura, ensinando-me que devia receber a mudança com naturalidade.

16 Confesso, aos pais queridos, que, de momento, quis chorar, entendendo que faceava um problema grave, mas a recordação do corpo enfermo era forte demais para que eu quisesse voltar ao que já fora.

17 Vovô Emílio e a senhora que passou a me proteger e que me solicitou chamá-la por vovó Maria das Dores, n me renovavam a cabeça, dia por dia.

18 E agora com três anos e seis dias de suposta ausência, acredito possuir bastante entendimento para rogar-lhes paz e calma.

19 Tudo passou e estamos bem. Agora é trabalharmos para merecer um futuro feliz.
Papai e mamãe Nelcy, existem tantos kekos por aí, tão tristes e tão desvalidos. Lembre-me neles. Esses meninos sem pouso são também nossos. Em Willy Filho e em Ana Paula estão representados e nos chamam à família maior.

20 Pai querido e querida mãezinha, devo agora atender ao ponto final. É final mas não é finalíssimo, porque os pensamentos também conversam e estaremos unidos por nossos pensamentos entrelaçados.

21 O vovô Emílio deixa-lhes um abraço e envio lembranças para os irmãos inesquecíveis.
Para vocês dois, papai Willy e mamãe Nelcy, todo o amor com as muitas saudades do filho que continua a pertencer-lhes com todo o coração.


Keko

André Max Graeser  

09 de julho de 1982. 


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[1] Emílio Graeser — avô, desencarnado em 29-06-1973.

[2] Maria das Dores de Oliveira — bisavó desencarnada em 1972.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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