O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


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Cartas curativas

Conhecemos D. Divina Augusta Pereira na cidade de Uberaba, em agosto de 1980, participando, como nós, num fim-de-semana, das reuniões do Grupo Espírita da Prece. Procedente de Goiânia, GO, onde reside, estava na expectativa de receber notícias de seu filho desencarnado, como tantas outras mães que procuram o médium Chico Xavier.

Três meses antes, D. Divina já havia recebido a primeira carta de seu inesquecível Carlos César, porém, com a saúde seriamente abalada, desde a perda do filho, buscava novo alento em novas notícias do Além.

Mostrava-se muito emagrecida, em consequência de grave depressão mental, quase não se alimentando, nem conciliando o sono, apesar de tratamento médico. Ela nos dizia: “Eu não sou assim, como me veem. Nunca fui mulher magra, nem desanimada. A separação de meu filho abalou-me profundamente. Ele era tudo para mim; separada do marido e sendo filho único, somente nós dois constituíamos a família. Era amoroso, responsável e resolvia tudo para mim.”

Naquela mesma noite da nossa entrevista, Carlos César redigiu a segunda carta com palavras veementes, concitando sua mãe a uma reação com base na aceitação da vontade de Deus, e indicando uma instituição de caridade onde pudesse reencontrar-se à luz do amor ao próximo.

Passados dois meses, em novo encontro fraterno na mesma cidade mineira, tivemos a alegria de constatar que a nossa amiga havia atendido ao apelo do filho querido, mostrando-se renovada, bem fortalecida física e espiritualmente. E, naquela noite de 18 de outubro de 1980, voltando a empunhar o lápis do médium, Carlos César assim externou sua alegria pela recuperação materna: “Querida Mãezinha, o seu sorriso agora é uma luz por dentro de mim.”


PRIMEIRA CARTA n


“Não pense na morte para encontrar-me.”

1 Querida mamãe, venho pedir a sua calma e sua fé em Deus para que me sinta abençoado.

2 A sua luta me obscurece o caminho. Tudo, mamãe, obedece às leis de Deus. 3 Meu tempo no mundo seria curto como foi. n Ninguém me prejudicou. O coração parou quando eu queria tanto que ele prosseguisse andando.

4 Peço-lhe voltar ao alimento natural em nossa casa. Não se abandone assim, pois Jesus não nos deixa sozinhos. 5 Não pense na morte para encontrar-me. A saída do corpo tem uma ocasião certa que não podemos buscar sem sofrimentos maiores.

6 Vim até aqui trazido pelos amigos Hermilon n e Henrique n que prometeram ao meu bisavô Basílio n auxiliar-me.

7 Mãezinha, lembre-se, não posso esquecê-la e preciso de sua paz. 8 Retorne à sua fé e procuremos mais força em nós mesmos para aceitar as ocorrências da vida. 9 Estou vivo e só preciso de sua paz, a fim de me fortalecer de maneira a auxiliá-la quanto preciso. 10 Recorde quanto necessito de sua saúde e de sua paz e guarde a certeza do imenso amor de seu filho,


Carlos César. n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografada por F. C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece (GEP), a 19/5/1980, Uberaba, Minas.


2 — Meu tempo no mundo seria curto como foi. Ninguém me prejudicou. — Desencarnou em 11/11/1979, com 15 anos de idade. Na véspera, no início da noite, sentiu-se mal, queixando-se de falta de ar. Foi hospitalizado às 19 hs. e veio a falecer poucas horas depois, às 4:30 hs. da madrugada. O Atestado de Óbito revelou a causa mortis: parada cardíaca. Como ele foi internado sem acompanhante e pelo fato de sempre ter gozado saúde, D. Divina passou a cultivar a ideia de que seu filho teria sido prejudicado por alguma falha médica ou da enfermagem.


3 — Hermilon — Hermilon Pereira Gonçalves, tio, desencarnado em 25/11/1977, vítima de acidente automobilístico. Em 16/8/1980, também pelo médium Chico Xavier, enviou carta à sua progenitora.


4 — Henrique — Henrique Emanuel Gregoris, filho de Augusta e Gastão H. Gregoris, desencarnou em 15/2/1976. É autor de várias cartas mediúnicas publicadas em: Claramente Vivos, Enxugando Lágrimas e Lealdade. (Edições IDE, Araras, SP.)


5 — Bisavô Basílio — Hermenegildo Basílio, desencarnado há tempos.


6 — Carlos César — Carlos César Pereira Basílio nasceu em Goiânia, a 22/12/1963. Em sua terra natal, cursava o último ano de Contabilidade no Colégio Estadual Rui Barbosa e trabalhava na Ótica Visão. Parece que, confirmando suas palavras: “Meu tempo no mundo seria curto como foi”, ele teve premonição do término da existência, apresentando um comportamento bem diferente do habitual, só descoberto, posteriormente, pela sua mãe: na véspera do desenlace, sexta feira, à noite, faltou à Escola para encontrar-se com a namorada; e, no sábado, saiu cedo para trabalhar, mas fez outro programa, visitando vários amigos.


SEGUNDA CARTA n


“E, sinceramente, somente esquecendo-nos no serviço aos necessitados é que conseguiremos refazer a nossa harmonia para com a vida.”

1 Querida mãezinha Divina, sou eu a lhe pedir para que me abençoe.

2 Mamãe, o meu avô Basílio n me trouxe para confirmar ao seu coração querido que estou melhorando. Preciso, porém, de sua maior calma a fim de me encontrar mais em mim mesmo.

3 O Henrique de Dona Augustinha e o Hermilon foram comigo ao Solar Dr. Colombino, n onde se abrigam muitos necessitados e lembrei-me de que a senhora acharia lá muita fortaleza para se restaurar.

4 Mãezinha, fico triste quando a encontro amargurada e, às vezes, querendo morrer para que o nosso reencontro seja apressado. Não acredite nisso. Espere por nossa felicidade no futuro, esperando a vontade de Deus.

5 O trabalho em favor dos necessitados lhe comunicaria muito ânimo e guardo a certeza de que se reconhecerá mais animada em se vendo abençoada por nossos irmãos que lutam na esperança com o corpo fadigado a fim de chegarem, com alegria e tranquilidade, à estação terminal da existência no mundo.

6 Auxilie-me, auxiliando-se. E, sinceramente, somente esquecendo-nos no serviço aos necessitados é que conseguiremos refazer a nossa harmonia para com a vida.

7 Mãezinha, tudo o que somos pertence a Deus. Não chore mais, com a revolta aconselhando ao seu coração medidas mentais que não são as nossas. Os médicos sabem que ninguém me ofendeu e que me desliguei do corpo num desgaste natural que eu mesmo, por enquanto, não sei compreender.

8 Peço-lhe a fé em Deus na frente de todas as nossas ideias, de maneira que estejamos renovados para sermos felizes, tão felizes quanto possível, enquanto a saudade estiver conosco por motivação à esperança e ao trabalho.

9 Mãezinha Divina, o Hermilon está comigo e se sente confortado em minha companhia, ao senti-la melhor e mais forte.

10 Receba o coração com muitos abraços e muitos beijos do seu filho;


Carlos César.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


7 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, MG, 9/8/1980.


8 — Avô Basílio — Hermenegildo Basílio (Filho), avô paterno, desencarnado em 1944.


9 — Solar Dr. Colombino — Lar de amparo aos velhinhos, em Goiânia. Seu nome homenageia o fundador da Irradiação Espírita Cristã, Dr. Colombino A. de Bastos, desencarnado em 1958.


TERCEIRA CARTA n


“Muito me sensibiliza ver a senhora trabalhando em meu nome, como se eu merecesse…”

1 Querida mãezinha Divina, abençoe-me. Estou melhorando com as suas melhoras.

2 O vovô Hermenegildo me assevera que a paz no coração materno é a tranquilidade dos filhos e tenho visto isso conosco.

3 Muito me sensibiliza ver a senhora trabalhando em meu nome, como se eu merecesse…

4 Ouço tudo o que o seu amor declara no íntimo, como que falando a Deus que atenderá aos doentes e socorrerá aos necessitados, que velará pelos infelizes e que suportará qualquer tipo de serviço como preço da paz de seu filho.

5 Mãe, isso tudo me renova. Vejo-a sob novo aspecto e agradeço a Deus e a mãezinha dedicada que tenho em minha proteção e segurança.

6 Ficaremos satisfeitos, o vovô Basílio e eu, com o chá do aniversário entre os meninos, meus companheiros. Sabemos que isso tem sido a sua tarefa, mas não precisa mudar no dia onze n porque estaremos juntos com a maior alegria na continuidade do nosso trabalho.

7 Querida mãezinha Divina, o seu sorriso agora é uma luz por dentro de mim. Estou muito contente e esperançoso, porque tenho o ninho de minha felicidade em seus braços. Esqueçamos as tristezas que ficaram para trás e sigamos para Deus com a nossa confiança um no outro.

8 Querida mamãe, para o seu amor que me ampara e me ilumina a existência, muitos beijos do seu


Carlos César


NOTAS


10 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 18/10/1980.


11 — Não precisa mudar no dia onze — Ultimamente, além de frequentar o Solar Dr. Colombino, D. Divina passou a visitar um Centro de Recuperação de Menores, de Goiânia. Para o dia 11/11/1980, 1º aniversário de desencarnação de Carlos César, ela preocupou-se em conseguir outro local para a promoção de um chá beneficente, nada dizendo a ninguém. Porém, seu filho preferiu “o chá do aniversário entre os meninos” do Centro, o que foi feito.


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