O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diálogo dos vivos — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Amigos da galhofa

Francisco Cândido Xavier


A página de Albino Teixeira terá nascido de um assunto que muitas vezes nos preocupa no campo das tarefas espirituais.

Num grupo de amigos íntimos, antes da nossa reunião costumeira, falávamos a respeito das pessoas menos responsáveis que procuram os médiuns dedicados à causa espírita, mais no intuito de prejudicar as boas obras ou desmoralizá-las, do que no sadio propósito de colaborar na difusão das realidades e bênçãos da vida espiritual.

O médium está em serviço, ouvindo, por vezes, dezenas e até mesmo centenas de pessoas. Está imbuído da maior boa vontade para servir, sem qualquer ideia de remuneração ou destaque pessoal. Em meio às criaturas sinceras que o procuram, buscando instrução e reconforto, surgem os companheiros interessados em perturbação e ironia o médium está ali — ele mesmo, o médium — evidentemente amparado pela cobertura indireta dos Bons Espíritos, dos Mensageiros da Vida Maior, informando, cooperando, esclarecendo, servindo, enfim.

Os amigos da galhofa surgem dizendo-se necessitados. Inventam nomes supostos de parentes ou amigos, carregam a voz de aflição ou de choro que não sentem. O médium se enternece. Ele mesmo responde com boa intenção, procurando ajudar, seja com uma frase oral ou com um bilhete escrito ao suposto necessitado. No caso, o médium é um trabalhador humano procurando colaborar com os Bons Espíritos e prestar ajuda aos que o buscam, sem pedir-lhes sequer a identidade. Mas tão logo o médium preste o auxílio de que possa dispor, declaram os galhofeiros que tudo não passa de mentira que eles próprios inventaram.

Com essa preocupação fomos às tarefas da noite. Aberto O Evangelho Segundo o Espiritismo tivemos para estudo os itens 1 e 2 do capítulo XXI. ( † ) Ao término da reunião, o devotado missionário do bem, Albino Teixeira, escreveu por nosso intermédio a página que lhe estou enviando.


A MAIOR DIFERENÇA


Albino Teixeira


1 Aquilo que mais te diferencia na Terra, perante a Vida Superior, para efeito de promoção espiritual, não será tanto:

  2 haver renascido em um corpo mutilado ou enfermiço;

  3 trazer graves conflitos psicológicos;

  4 residir num lar difícil;

  5 inquietar-te com familiares-problemas;

  6 aguentar frustrações e contratempos;

  7 experimentar o sarcasmo público;

  8 facear críticas injustas;

  9 tolerar humilhações e pedradas;

  10 suportar injúrias ou acusações descabidas;

  11 conhecer a deserção de colaboradores e companheiros;

  12 lutar incessantemente contra

  13 as próprias tendências inferiores;

  14 observar-te sob constante processo obsessivo; carregar tropeços e desenganos.


15 O que mais te destaca, no Plano Físico, ante a Vida Maior, com vistas à aquisição de melhoria e aperfeiçoamento, no rumo da Espiritualidade Superior, será sofrer na área de semelhantes provações e prosseguir trabalhando e servindo, em auxílio aos outros, na prosperidade do Bem Eterno.


O VALOR DO AUXÍLIO


Irmão Saulo


O valor do auxílio não está na intenção do pedinte, mas na intenção do doador. Quem trabalha no bem deve dar sem olhar a quem. Ante a Vida Maior, como ensina Albino Teixeira, o que vale é o que fazemos em favor do bem. Se os que nos procuram trazem o coração envenenado, a mente cheia de suspeitas injustas e o ardil nos lábios, é evidente que são os mais necessitados. Pois pode haver maior necessidade do que aquela que ignora a si mesma?

Se os Espíritos Superiores não advertem o médium quanto às más intenções do consulente, é porque este deve ser socorrido e o médium precisa aprender a auxiliar até mesmo quando enganado.

O resultado das boas ações é computado pela evolução. O galhofeiro de hoje evoluirá amanhã e acabará por envergonhar-se de si próprio.

Precisamos considerar que a Terra é ainda um reduto da ignorância. O consulente ardiloso ignora a extensão da sua maldade. Tanto assim que busca a verdade através da mentira. Não compreende a importância do ato mediúnico e por isso não pode avaliar o que faz. Age inconscientemente no uso da própria consciência. Pode haver maior alienação do que essa? O médium, pelo contrário, está na plena posse da sua consciência voltada para o bem. Pode haver maior integridade moral no comportamento humano?

Que importa se o consulente alardear que enganou o médium? Acaso o médium não é uma criatura humana e, portanto, falível? Quer o médium gozar da infalibilidade, quer ter algum privilégio na sua condição humana? Mediunidade a serviço do bem é aprendizado como qualquer outro. Se o médium se sentisse infalível, estaria à beira da falência. É melhor falir entre os homens ou perante os homens, por amor, do que falir ante a Espiritualidade Superior por vaidade e orgulho.

A obra mediúnica sincera e nobre não é afetada por alguns episódios de prova. Os benefícios semeados através do trabalho digno não são depreciados pela maledicência e a ignorância. Os que receberam o bem de que necessitavam saberão multiplicá-lo ao seu redor. Porque grande é o clamor dos que sofrem e mesquinho o esgar dos zombeteiros. Prosseguir no bom combate, à maneira de Paulo, é o dever de todos os médiuns a serviço do bem.


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