O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Continuidade — Familiares diversos


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Nelson Rossati Lemes

ESCLARECIMENTOS


Nascimento: 24 de dezembro de 1944. Desencarnação: 13 de junho de 1978. Idade: 34 anos.

Pais: Irineu Lemes e Helena Rossati Lemes — Rua Marechal Floriano, 1057, Ponta Porã — MS.

Esposa — Nilda Leme.

Avô — Cirillo, materno, desencarnado.

Manoel Lemes — paterno, desencarnado.

Helena — Serviçal conhecida e tratada carinhosamente por babá ”negra velha”.

Irmãos — Irineu, Adilson, Paulo e Adilta.

Cáte— filha.


COMENTÁRIOS


Meu filho ficava preso à televisão quando Francisco Cândido Xavier aparecia nos diversos programas e aos quais tinha a oportunidade de assistir.

Cada vez que isto ocorria, ele dizia: “— Mamãe, eu creio de coração nesse homem e logo que eu possa faço questão absoluta de visitá-lo.”

Não houve tempo para completar esse desejo.

Pelo fato de meu marido já ter desencarnado, meu filho era o homem da casa. Cuidava de sua família, esposa e filhos, e de mim com extremoso amor.

Amoroso com todos, não media qualquer sacrifício para atender a quem precisasse.

Delicado, suave no trato com as pessoas, como pôde ele desencarnar por meios tão violentos?

Foi atingido por um tiro de espingarda.

Incompreensível, no círculo de suas amizades, alguém, de repente, sem dar a mínima chance lhe põe termo à vida.

Para um atendimento médico mais eficiente e completo, foi obrigado a seguir para o Rio de Janeiro, onde veio a desencarnar três dias depois.

Fiquei a ponto de enlouquecer.

As minhas atitudes, completamente desordenadas, preocupavam meus familiares.

A cena dessa tragédia em minha vida era uma constante.

Por mais que quisesse, nada havia que me consolasse. Os amigos se acercavam e, na tentativa, com palavras, com gestos de carinho, com preces, esforçavam-se para que eu encontrasse um pouco de paz.

Tão logo me deixavam, tudo se repetia.

Procurava em cada rosto o de meu filho. Não sabia mais o que fazer.

Quase louca fui levada à presença de Francisco Cândido Xavier.

Lembrava-me, então, de meu filho Nelson quando, falava em conhecer Chico Xavier.

Junto dele algo me aconteceu: transformei-me, esperançosa, aguardei o meu momento com fé e confiança plena em Jesus. Suas palavras nesse dia, criaram raízes de esperança, de conforto e fé. Comecei a compreender um pouco mais as razões da vida. Chico me ensinou.

Por mais duas vezes voltei à sua presença em ocasiões diferentes e senti-me feliz e agradecida a Deus por meu querido Nelson ter podido se comunicar.

Depois de sua mensagem parei de chorar conquanto ainda carregue a dor no coração, aguardando o remédio do tempo para cicatrizá-la. Rogo aos corações em sofrimento, fé em Deus, porque hoje eu compreendo que os nossos entes vivem e vivem para nós.

Vamos viver para eles, para que eles continuem sentindo as vibrações de amor e equilíbrio dos nossos corações.

Francisco Cândido Xavier está aí para nos auxiliar com as bênçãos de Jesus, mas precisamos contribuir com a nossa parte.

Deus seja louvado!


MENSAGEM


1 Querida mãezinha Helena, abençoe o seu filho que agradece a Jesus estes momentos de reencontro.

2 Sinceramente, não saberia escrever neste recanto de orações, não fosse a necessidade que tenho de me comunicar com o seu devotamento, a fim de pedir pela tranquilidade de nossa casa e de nossa família.

3 Mãezinha Helena, tudo aconteceu de maneira assim tão rápida que não consigo minudenciar as notícias a meu próprio respeito.

4 Quando o corpo estranho me alcançou, imaginei que houvesse sido vítima de uma pedrada de cujo peso não consegui me desvencilhar.

5 Quis levantar-me e observar o que se passava, no entanto, não tive mais qualquer noção de mim mesmo. Um torpor muito grande me absorveu e não consegui espaço no pensamento para recordar e reconhecer com nitidez o que eu ansiava recompor na imaginação.

6 O seu semblante e o semblante de nossa querida Nilda estavam em minha memória. Não supus fosse a morte o clima em que estava entrando sem perceber. E hoje creio que se tivesse tido o necessário discernimento, seria realmente para as duas, minha mãe e minha esposa, para quem se voltaria o meu olhar nos instantes últimos do corpo. 7 Pouco a pouco um sono compulsivo me dominou e até hoje não sei dizer quanto tempo durou aquele estado de sonambulismo que eu não previa.

8 Acordei num aposento de hospital e julguei que fora vítima de algum acidente. Pedi a presença dos meus, no entanto, era preciso obedecer as disciplinas.

9 Foram meu avô Cirilo e a Mamãe Helena os primeiros que me falaram da realidade. A querida babá de que as suas lembranças nos contavam tantas histórias lindas, ali se achava perto de mim.

10 Não precisava, para identificá-la, senão do retrato falado que as suas recordações sabem transmitir.

11 Ao certificar-me de que fora despojado de tudo, a minha sensação foi a ideia de total desespero, mas as palavras daqueles amigos me sossegaram gradativamente. 12 Depois pude ser abraçado pelo vovô Manoel, pelo mano e pelo papai Irineu e todos me prometiam saúde espiritual e bom ânimo à medida que eu me aceitasse dentro da nova situação.

13 Querida mamãe, foi talvez pelo interesse de merecer revê-los que cedi. A princípio, me sentia na condição de um potro na corda curta, mas as preces de seu coração repletas de lágrimas e consolações me buscavam a dor de Nilda e, às vezes, de meus filhos, chegavam ao meu coração e seria impossível para mim opor resistência a tanto amor.

14 Agora ficou um problema: É que desejo rogar ao seu carinho de mãe, apagar no coração de meus irmãos as ideias de vingança, triste palavra para a qual não encontro outra que a substitua na força violenta com que se destaca diante de mim.

15 Peço ao Nei e a todos cessarem qualquer movimento para uma atitude que não passaria de uma sombra sobre outra, ou de sofrimento incalculável a projetar-se para o futuro sobre o nosso sofrimento que já passou.

16 Por amor a Deus e à família. À nossa Cáte e aos irmãozinhos, peço para que a bênção de Deus seja procurada na conformação com que devemos aceitar as tribulações que merecemos. 17 Não desejo que meus filhos cresçam com a marca do ódio. Jesus nos protegerá para que meus irmãos e nossos queridos familiares procurem esquecer.

18 Não quero dizer para não sofrermos, porque isso seria falsear a nossa condição de criaturas humanas, mas fazer outros sofrerem conscientemente, como se fôssemos donos da vida, seria esquecer a paternidade de Deus que a todos nos criou para o bem.

19 Se um companheiro da Terra foi envolvido de repente por uma ideia infeliz fazendo dessa ideia um ato impensado, cujo golpe recaiu sobre nós, isso não é motivo para que façamos o pior, imaginando de que modo entrar na ilusão do sangue sobre outro sangue.

20 Peço a todos que me poupem nesta vida nova a angústia em que me reconheceria, observando que os meus entes mais queridos não souberam auxiliar a mim, à esposa e aos filhos com a paz de que precisamos, a fim de relegar para trás tudo aquilo que sucedeu e cuja causa ainda desconheço.

21 Mãezinha Helena, ajude-me e peço dizer à Nilda para que ela ore comigo, pedindo a Deus para que as nossas crianças sejam vacinadas contra qualquer sintoma de ódio, através de perseguições que nos fariam aumentar a taxa de sofrimento que já se abateu sobre nós na dose que as Leis da Vida permitiram.

22 Agradeço, querida mamãe, a sua bênção buscando-me a palavra, através da expectativa de que me expressasse sobre o assunto que tanto desejaria sepultar, para sempre, na terra bendita do esquecimento, com a lição de Jesus em nosso íntimo.

23 Creia, mãe querida, que o meu anseio de fazer a paz não me permitiu falar das saudades. 24 Diga à querida Nilda que a falta dela e os meninos é um vazio sem tamanho tanto quanto está vazio o recanto do coração que sempre dediquei à sua presença de mãe e ao carinho dos meus irmãos, entretanto, por agora, é preciso pensar em paz e nessa paz me fixo para rogar, a todos, para que me auxiliem.

25 Faltas humanas não dissolvem faltas humanas, apenas, engrossam a corrente das trevas que já se faz tão grande onde os homens se fazem sentir. 26 Nossos familiares daqui me fazem intérprete das lembranças que trazem a todos e eu, querida mamãe, em sua presença imagino a presença de todos para abraçar a todos com a minha confiança. Rogando a Deus abençoe a nossa querida Nilda e aos nossos garotos, beijo as suas mãos de mãe e amiga, companheira e protetora de todos os dias.

27 O seu filho sempre reconhecido.


Nelson


Rubens S. Germinhasi


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