O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier — Mandato de amor — Autores diversos — 4ª Parte


1


Uma entrevista com o outro mundo n

Espírito entrevistado: Emmanuel.


1 — Já está havendo intensificação no selecionamento de Espíritos para reencarnados nestes últimos tempos, dadas as frequentes demonstrações de precocidade?

“A intensificação no trabalho seletivo de valores novos para o mundo regenerado de amanhã, na esfera da reencarnação, vem sendo levada a efeito de modo gradativo, pela Espiritualidade Superior.”


2 — Seria de melhor proveito para os Centros Espíritas o se dedicarem à elucidação das crianças, embora diminuído trabalhos de mediunismo?

“A assistência à mente infanto-juvenil, no campo do Espiritismo Cristão é serviço básico de que não deveríamos descuidar.

A educação é obra de tempo, esforço e paciência e sem que nos voltemos para a sementeira com a dedicação precisa, não alcançaremos a colheita valiosa.

Repetimos que a criança é o futuro, com a preocupação de que os princípios do bem ou do mal que inocularmos na formação do mundo infantil são vantagens ou desvantagens para nós mesmos, de vez que o porvir nos espera, de modo geral, em novas existências.

Cremos, assim, que, se necessário, a redução dos trabalhos do mediunismo, é medida de importância fundamental nas instituições do Espiritismo Evangélico, favorecendo-se maior expansão da obra da socorro espiritual à criança, na execução dos nossos programas doutrinários.”


3 — Será um mal explicar-se à criança as finalidades do mediunismo?

“O conhecimento, em qualquer de suas modalidades, deve ser dosado na distribuição que lhe diga respeito.

Dentro das possibilidades de compreensão, em cada classe de aprendizes da nossa Consoladora Doutrina, os ensinamentos rudimentares, acerca do mediunismo, são sempre úteis, ressalvando-se, porém, a necessidade de evitar-se o excesso em quaisquer atividades, nesse sentido, para não viciarmos a imaginação infantil com inutilidades ou inconveniências que redundariam em prejuízo ou perda de tempo.”


4 — É de boas orientação os encarnados preocuparem-se mais com os seus “semelhantes” do que com os desencarnados, nas sessões práticas, através de estudos metodizados?

“Acreditamos que quando a palavra do Senhor nos induziu ao auxílio ao próximo, (v. Parábola do Samaritano) naturalmente cogitou do “próximo mais próximo de nós”. Admitimos assim, que sem nos interessarmos fraternalmente pelo progresso e pela iluminação das nossos semelhantes, quando encarnados, dificilmente seremos amigos reais ou prestimosos companheiros para os nossos irmãos desencarnados.”


5 — Face ao crescimento das Juventudes e Mocidades Espíritas, onde cada jovem deve ter sua tarefa de serviço, não seria de bom alvitre que todos os Centros Espíritas organizassem as Escolas de Moral Cristã para as crianças?

“A escola de preparação infantil do Evangelho, nos Centros Espíritas, é um impositivo, a que não podemos fugir sem grave dano institucional para as nossas edificações doutrinárias do presente e do futuro.”


6 — À vista do conceito de que “a criança é o futuro” estará sendo eficiente, como cooperadora de JESUS, a diretoria do Centro Espírita que só se aplica em sessões mediúnicas?

“Há Centros de nosso ideal espiritista cristão que naturalmente funcionam à maneira de pronto-socorro para os sofrimentos morais que envolvem encarnados e desencarnados e, quanto a isso, será sempre de bom alvitre ponderar a especialização de cada agrupamento de companheiros da caridade e da luz.

Entretanto, ainda que não seja de solução imediata o problema da educação infantil nos conjuntos que atendem à finalidade a que nos referimos, o assunto não deve ser considerado indevassável ou inútil, a fim de que a escola de formação evangélica da criança se materialize, junto deles, tão logo se ofereça a necessária oportunidade.”


7 — Como encararmos a criança dentro do Espiritismo Cristão?

“Cada criança que surge é nosso companheiro de luta, na mesma experiência e no mesmo plano, enquanto encarnados, cabendo-nos a obrigação de oferecermos a ele condições melhores que aquelas em que fomos recebidos, a fim de que se constitua nosso continuador sobre a Terra melhor a que retornaremos mais tarde.”


8 — Existam responsabilidades para os pais espíritas que se descuidam do encaminhamento de suas crianças no entendimento do Espiritismo com JESUS?

“Os pais são educadores responsáveis e, por isso mesmo, a primeira escola de cada criatura é o lar em que nasceu.

Os dirigentes espíritas do santuário doméstico são convocados a grandes deveres junto dos filhos que recebem, de vez que são detentores de mais amplos conhecimentos de sublimação espiritual diante das Leis divinas.

Em razão disso, precisamos considerar em Doutrina que acima dos menores delinquentes permanecem os pais levianos e voluntariamente irresponsáveis.”


9 — É possível a renovação do mundo em que habitamos, além da reforma interior de cada um para o Bem, sem darmos à criança de hoje o embasamento Evangélico?

“Sem a renovação espiritual da criatura para o bem, jamais chegaríamos ao nível superior que nos compete alcançar.

Ajudar a criança, amparando-lhe o desenvolvimento, sob a luz de Cristo, é cooperar na construção da reforma santificante da Humanidade, na direção do mundo redimido de amanhã.”


10 — O conceito de “Espiritismo novo” é o de admitirmos que o campo da Terra nos foi individualmente dedicado e que o “lado de Lá” está afeto aos prepostos de JESUS?

“Certamente o trabalho geral é de cooperação, permuta e solidariedade, salientando-se, porém, que a maior percentagem de serviço dos encarnados está naturalmente concentrada no plano de matéria densa em que se agitam os seus semelhantes.”


11 — É oportuno o desencadeamento de insistente campanha para a transformação do “bom médium” em “médium bom”?

“A transformação do “bom médium” em “médium bom” é serviço precioso, de vez que não vale atender a simples fenômenos, destinados a convicções da curiosidade respeitável, mas nem sempre construtiva, e sim aproveitar os valores da Doutrina e incorporá-los à nossa própria experiência, a fim de que o próximo seja mais feliz e a vida mais elevada e mais digna, ao redor de nós.


12 — O desenvolvimento da mediunidade se processa mais na corrente mediúnica ou nas ações, palavras e pensamentos de todos os minutos do médium?

“O desenvolvimento da sublimação mediúnica permanece na corrente dos pensamentos, palavras e atos do medianeiro da vida espiritual, quando ajustado ao ministério de fraternidade e luz que a sua tarefa implica em si mesma.”


13 — Sendo verdade que o “clima” mental do médium atrai Espíritos condizentes, bons ou maus, como agiremos diante dos médiuns que se dizem inconscientes e que dão comunicações alternadas e seguidas?

“O médium não deve perder de vista a disciplina de si próprio. A ordem é atestado de elevação.”


14 — A tese da mediunidade inconsciente estará sendo estudada e observada COM CONSCIÊNCIA pela totalidade dos médiuns que se apregoam portadores de tal mediunidade? Cabe-nos significar-lhes nossas dúvidas ou aguardar com o tempo?

“Na esfera do mediunismo há realmente incógnita que só o esforço paciente de nossos trabalhos conjugados no tempo conseguirão solucionar.

Incentivemos o estudo e o auxílio, dentro da solidariedade cristã, e, gradativamente, diminuiremos as múltiplas arestas que ainda impedem a nossa sintonia na execução dos serviços a que fomos chamados, porquanto o problema não deve ser examinado unilateralmente, reconhecendo-se que o serviço é de nossa responsabilidade coletiva nos círculos doutrinais.”


15 — É verdade que quando nos reunimos para estudos doutrinários e evangélicos os Guias espirituais trazem para o ambiente, Espíritos necessitados de entendimentos e, por isso, sofredores?

“Sim. Uma simples conversação evangélica pode beneficiar vasta fileira de ouvintes invisíveis.”


16 — O passe mediúnico só é possível através da incorporação ou é viável sob influenciação do Guia?

“O passe é transfusão de forças magnéticas de variado teor e pode ser administrado sob a influenciação dos desencarnados, que se devotam à caridade, sem necessidade absoluta de incorporação total na instrumentação mediúnica.”


17 — A concepção do “ide e pregai” é extensível às atividades do trabalhador que leva aos morros e bairros pobres a ajuda material, entregue com alegria e boas palavras?

“Com os atos e as palavras que traduzam o ensinamento vivo do Cristo, o “ide e pregai” pode ser comparado ao “ide e salvareis”. Conjuguemos o ensino com a realização e estaremos expressando Jesus para a região em que vivemos.”


18 — O médium desenvolvido é aquele que se socorre mais pela inspiração ou o que se orienta exclusivamente pela comunicação?

“Preferimos responder que o médium mais apto ao serviço do bem com os grandes instrutores da vida mais alta será sempre aquele que se orienta, acima de tudo, pela prática viva do Evangelho da Redenção.”


19 — É oferecer “desencanto” às almas das crianças o levá-las em visitas aos lares pobres, quando da distribuição de auxílios?

“Não devemos impor à criança os quadros monstruosos ou infernais criados pela nossa indiferença ou pela nossa ignorância na Terra, mas o cérebro e o coração da infância podem ser singularmente auxiliados pela visão gradativa dos problemas enormes que a aguardam no futuro, na esfera do sofrimento humano.”


20 — Em razão do constante crescimento das hostes espiritistas, o que é visível em superfície, é de boa lógica cuidarmos desde já da 2ª linha — as crianças — para que elas nos substituam, porém, crescidas em profundidade?

“Amparemos a inteligência infantil, a fim de que o coração da Humanidade fulgure com o Cristo, no porvir sublimado do mundo de amanhã. O Espiritismo, como renascença do evangelismo, é a nova aurora da redenção humana. Em suas luzes divinas, a criança pode e deve receber o glorioso roteiro de nossa ascensão para a vida superior.”


Emmanuel

Isaltino da Silveira Filho



(Entrevista concedida em Pedro Leopoldo. Publicada no jornal “Seara Juvenil”, em setembro de 1951. Distribuída pelo Centro Espírita Ivon Costa. Reeditada pelo Instituto Maria, Depto. Editorial, Juiz de Fora, em forma de livreto, em 15 de abril de 1987.)


  [1] Esta entrevista de Isaltino da Silveira Filho ao médium F. C. Xavier, foi publicado em opúsculo pelo CENTRO ESPÍRITA “IVON COSTA”, com o título  “Palpitante entrevista como Outro Mundo” e pela data de edição (09-1951) é historicamente o primeiro da série “OPÚSCULOS” desta compilação.


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