O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Quem ama uma tarefa

30/11/1949


1 Meus caros filhos, Deus abençoe vocês todos, conferindo-lhes muita saúde e paz, alegria e bom-ânimo no caminho da luta purificadora.

Desejo que as alegrias do 27 se repitam sempre, com plena confiança no espírito de vocês, à frente do futuro. Por maiores que sejam os obstáculos e os dissabores na Terra, há sempre uma aragem sublime que verte da montanha celeste, balsamizando a fronte e amparando o coração.

2 Ainda com referência ao 27, e em face das dificuldades que surgem, estou de pleno acordo com vocês quanto ao lema “o lar é sagrado e honrado seja quem está em seu lar”. Orem ajudando e não conservem qualquer traço de sombra procedente dos conflitos que outros provoquem. Esse é o meu pensamento central na questão que se esboçou de novo, com a leviandade e a inflexão que, por muitas vezes, rodeiam a marcha de quem trabalha na Terra. Que Jesus nos abençoe a todos.

3 Hoje, meu caro Rômulo, permito-me abordar um ponto nevrálgico de suas preocupações nos dias últimos. Quem ama uma tarefa e se devota de coração à sementeira do que é justo, útil e belo naturalmente sofre perante situações obscuras e problemas menos comuns. 4 Desejo, com assentimento de vários amigos nossos, referir-me ao caso do Chico para considerar-lhe os ângulos menos observados. Sei que vocês, quanto nós, na condição de amigos sinceros, se incomodam em lhe vendo os impedimentos físicos imanifestos. Almas tocadas do bom e valioso amor-próprio, que sabe ser mobilizado no serviço proveitoso e edificante, não se abrem assim tão facilmente à frente das outras. Ele, porém, entender-me-á a atitude, utilizando-lhe as mãos para tratar de questão que reputamos importante à nossa paz.

5 Vocês não ignoram que a posição do nosso amigo é a de um escafandrista sob o pesado mar do oxigênio terrestre. Grande tem sido a luta para que não se perca o fio de abastecimento e não julguem que vivamos de nosso lado com absoluta tranquilidade para utilizar a colaboração medianímica sempre que desejamos. Graças a Jesus, vocês conseguiram uma realização que nos honra as esperanças e nos satisfazem a confiança. 6 O tempo não foi perdido e souberam, aliando força e cooperação, boa vontade e constância, devotamento e amor, corresponder à expectativa do Plano superior no sentido de doar-se uma fonte de pensamento espiritualista-cristão às comunidades de origem portuguesa. 7 Não queremos dizer que o trabalho está completo. O sentimento de autossuficiência existe nos verdadeiros servidores do progresso. A insaciabilidade na luz e no bem é o traço característico de quem provirá a inspiração de Jesus. Mas temos a lei do ritmo, conhecemos que todas as formas estão subordinadas ao fluxo e ao refluxo e que nos serviços em que a maioria se concentra na capacidade de um ou de alguns a existência dos que ajudam é como as velas que se consomem pelas duas extremidades.

8 Falando a vocês na condição de pai, desejo igualmente ser o explicador espontâneo na posição de um amigo. Quem justifica, porém, se vale de apontamentos reais.

9 A luta por manter o equilíbrio do companheiro que nos é tão caro [Chico] começou em princípios de 1946, com intensidade grande “em nosso lado”. Na noite de 15 de maio desse ano, vocês receberam os reflexos de nossa campanha de auxílio e, como sempre, ajudaram-nos com todas as energias de que dispunham. O nosso amigo não deve estranhar a lealdade com que cogito de apresentar os acontecimentos, nem deve preocupar-se com o teor de minhas palavras. 10 Naquela ocasião, o nervo ótico do órgão visual que lhe resta relativamente aproveitável tendia ao enfraquecimento integral e, atendendo-se a diferentes solicitações de nossa Esfera, em janeiro de 1947, o nosso companheiro Figner, satisfazendo a inspiração que lhe era sugerida (porque nada acontece casualmente em parte alguma), procurou suavizar-lhe qualquer pressão da luta material de futuro. 11 A providência vinha de Círculos mais elevados, mas o nosso abnegado Emmanuel, na noite de 29 de janeiro de 1947, aqui se comunicou e orou pedindo adiamento de qualquer medida no terreno da cessação da possibilidade visual do companheiro, sugerindo a renúncia ao patrimônio. 12 A espontaneidade com que a determinação amorosa foi atendida conquistou-nos novas intercessões, mas pairando a mesma ameaça sobre a saúde do médium novas medidas foram tomadas e em março o círculo era novamente visitado pela notícia reconfortadora de uma nova doação que se destinaria aos fins em vista. 13 Por essa época o problema surgia tão inquietante que, na noite de 19 de março do mesmo ano, reunidos aqui em homenagem à sua ascensão à posição máxima em sua carreira, enquanto cumprimentávamos a sua merecida e justa vitória depois de luta porfiada e longa, o nosso devotado orientador, em seis páginas da mesma noite festiva e íntima sugeria ao nosso companheiro a formação de um instituto de caridade, de onde o seu espírito pudesse encontrar a família que Pedro Leopoldo não lhe deu. 14 O Chico, entretanto, após muita reflexão, por deliberação própria, renunciou a benefício de nossa organização espiritista da cidade, o que lhe valeu novas intercessões e adiamentos na luta redentora, não só quanto à prova, mas também quanto ao desgaste natural do motor fisiológico excessivamente aproveitado e movimentado em trabalho intensivo. 15 Semelhantes dilações, contudo, não alteraram, no fundo, a lei do ritmo e apesar de toda a nossa colaboração o seu campo visual experimenta dificuldades em vocês todos. Mas o assunto é efetivamente complexo e reclama meditação e tempo. Prossigamos estudando e trabalhando.

16 O nosso irmão receitista indicou à Wanda um preparado de muita virtude em seu caso dos dentes. O ácido ascórbico (vitamina C) é muito bem indicado e espero que a minha neta recolha as melhores vantagens no tratamento dentário, que é muito útil e oportuno.

Boa noite para vocês. Que a paz e a saúde sejam as duas companheiras constantes para nós é o desejo do papai que lhes deixa um afetuoso abraço,


A. Joviano


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