O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Correio do Além — Familiares diversos


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Gilberto Cuenca Dias

Gilberto Cuencas Dias, paulista, nascido em 20 de dezembro de 1941, era casado com Maria Salete Lemes Coura Dias, com quem teve um filho, Gilberto. Sócio-titular civil do Clube dos Oficiais da Polícia Militar de São Paulo, encontrava-se hospedado com a esposa e filho, então com 12 anos de idade, na Colônia de Férias deste Clube, em Campos do Jordão, quando foi assassinado a golpes de faca por um desconhecido, no dia 28 de outubro de 1979.

Eis o depoimento que Maria Salete nos dá a respeito do ocorrido:


DEPOIMENTO


“De família espírita, muito devo à Doutrina a que pertencemos e que meu marido abraçava com tanto carinho. Nosso sofrimento era asfixiante, mas meu filho e eu sentimos o auxílio do Alto através de encarnados e desencarnados. Foi maravilhoso conhecermos nosso irmão Chico Xavier em Uberaba e reencontrarmos, através de sua psicografia, nosso Gilberto.”


Maria Salete Lemes Coura Dias


PRIMEIRA MENSAGEM


1 Querida Salete. Este é um grande momento.

2 Momento de renovar nossa petição a Deus para que nos abençoe sempre, junto ao nosso querido Gilberto, n o nosso rapaz tão menino nas forças físicas e tão amadurecido para o entendimento da Vida Espiritual.

3 Agradeço à mãezinha Maria n ter vindo com vocês, representando o nosso caro Major. n

4 Pedi com insistência a oportunidade que estou mobilizando, para rogar paciência e fé viva em Jesus, ao seu carinhoso coração de companheira. Lembre-se, querida, de que os irmãos conturbados sempre nos mereciam especial atenção.

5 No íntimo, eu sentia que em outro tempo eu também fora assim, uma pessoa errante, adquirindo responsabilidades e mais responsabilidades. 6 Quase que não foi surpresa para mim aquele assalto rápido num momento de descanso e férias. 7 Naquela hora em que me vi golpeado pelo irmão desconhecido e infeliz que me visava, me veio, às súbitas, a recordação de que eu igualmente me prevalecera de festas para desorientar os meus semelhantes. 8 Graças a Deus fui a vítima, e estou reconfortado por isso.

9 Notei a aflição com que me transportavam para o socorro mas excetuando os meus cuidados e, inquietações por você e por nosso querido filho, incluindo a ligação preciosa com os amigos que me cabia deixar, brilhou em minha consciência a luz invisível da tranquilidade de quem resgata uma dívida ou a última prestação de um longo débito.

10 Venho pedir-lhe fé, muita confiança no Poder Divino que nos governa. Nada de lamentações ou reclamações.

11 Que podia fazer aquele pobre amigo que o excesso de agentes alucinatórios na cabeça fazia desvairar? Não considere ninguém na condição de culpado. Deus não nos faltará.

12 Nosso querido Gilberto está crescendo e crescendo para ser um homem de bem, sem traumas e sem sombras no pensamento.

13 Fui muito amparado, desde os primeiros instantes em que me reconheci fora do corpo. A vovó Ana, n a vovó Francisca n e os bisavós Lemes, n grandes corações, me socorreram. E o nosso admirável Irmão Kamura n me sanou as feridas ensinando-me como apagá-las com as preces da compreensão.

14 Estou quase feliz, não fossem as saudades, mas você e o nosso caro Gilberto me auxiliarão. Serão fortes para que me fortaleça; pacientes para que a paciência igualmente me felicite; unidos para que estejamos sempre juntos e valorosos na confiança em Deus para que me veja, a cada dia, mais equilibrado dentro dos novos sentimentos que preciso construir.

15 Amparem-me com a bênção da paz de que necessito, a fim de complementar a minha própria segurança.

16 Querida Salete, querida esposa, não posso escrever mais por agora; e você, Gilberto, seja para a sua mamãe o tesouro que ela representa em nossas vidas. 17 Nunca odeie a pessoa alguma e viva, meu filho, para cumprir o dever e realizar o bem. 18 A todos os nossos, as minhas muitas lembranças.

19 Agradeço à querida mãezinha Maria n por toda bondade para conosco, e rogo a você, querida esposa, receber todo o meu reconhecimento e toda a minha confiança no abraço de muito amor e de muita esperança do companheiro e esposo agradecido.


Gilberto

Gilberto Cuencas Dias

26 de janeiro de 1980.


SEGUNDA MENSAGEM


1 Querida Salete, Deus nos abençoe.

2 Não tenho outra alternativa senão a de voltar à reunião aqui, de modo a pedir-lhe calma, nestes dias nos quais, segundo tudo indica, teremos um encontro mais positivo com a justiça.

3 Vejo o nosso querido filho, o nosso dedicado Gilberto, n conosco, e peço a ele robustecer a sua paz e a sua fé.

4 Os nossos queridos amigos, o Major n seu pai e amigo, a nossa estimada mamãe Maria, n a nossa Marjose n e tantos outros corações devotados em nossa companhia. Rendo graças a Jesus por vê-la cercada de tantos afetos.

5 Eu também aqui, não dou por menos. A vovó Maria Porter, o avô José Lemes, n o nosso irmão Kamura n e vovó Ana, n com muitos companheiros, me encorajaram. 6 E me encorajaram para pedir a você e aos seus, e nossos queridos pais, não reforçarem acusação alguma contra o irmão doente que me tirou o corpo físico, em nosso passeio na Colônia de Férias em Campos do Jordão.

7 Querida Salete, imagine fosse eu o culpado, se me visse enfermo e repentinamente agredisse a alguém, se perdesse momentaneamente a razão e me catalogasse entre os infelizes que não sabem quanto dói a delinquência…

8 Fosse eu o culpado, repito, e você estaria a defender-me perante as nossas autoridades. Você peregrinaria através de gabinetes e gabinetes, buscando compreensão e simpatia, para o seu velho.

9 Acontece, porém, que não sou eu o acusado e sim um filho de Deus, quanto nós e que deve ser tratado na condição de um irmão nosso necessitado de tratamento.

10 Por isso peço a você e à nossa querida família considerarem que: estar alguém perante a justiça, a fim de responder por atos lamentáveis já é muita carga de provação nos próprios ombros.

11 Em vista do que exponho, rogo para não nos sentirmos superiores ao amigo que me cortou o corpo sem saber o que fazia.

12 Ninguém precisa louvar o mal, porque o mal é uma enfermidade, mas diante do mal devemos sustentar uma atitude de equilíbrio e de oração, como convém, a fim de sermos úteis na extinção das trevas quando as trevas se manifestam.

13 Peço-lhes serenidade e comportamento cristão, na hora de qualquer pronunciamento ou em qualquer reencontro. Bastar-nos-á o silêncio com a prece sem palavras, em auxílio ao nosso irmão doente e infeliz.

14 Meu filho me compreende e saberá interpretar-me. Ele dirá: “Não estamos contra ninguém, porque todos somos filhos de Deus e por isso pedimos a proteção de Deus para nós todos”.

15 E você, querida Salete, se orgulhará, tanto quanto eu mesmo, do nosso menino que está crescendo para o entendimento do bem, como sempre desejamos.

16 A vovó Julia, n a nossa querida benfeitora Julieta, veio em minha companhia e me aprova as petições. Sei que todos os nossos agirão com muito acerto. A vovó Francisca n abençoa mamãe Maria n e pede a Deus por todos nós.

17 E você, querida esposa, não receie o encontro com quem quer que seja; você estará comigo e eu com você e nós dois sentiremos Jesus em nosso pensamento a nos pedir orações por todos aqueles que sofrem a desventura de se haver confiado ao mal.

18 Esteja tranquila e continuemos sem mágoas e sem sombras nesse ou naquele ponto da vida. Agradeço a todos os nossos que se fazem presentes ao nosso lado, em nossa reunião de fraternidade e prece.

19 Jesus recompense a todos. A todos os companheiros de minhas próprias tarefas, rogo calma e compreensão no meu caso pessoal em que, decerto, terei resgatado algum débito que estava à distância esperando por mim.

20 Querida Salete, Deus abençoe a você e ao nosso querido filho, concedendo-nos aos corações a fortaleza precisa para entendermos os problemas do mundo com as soluções que Jesus nos propôs.

21 A todos os familiares queridos, muito reconhecimento e muita confiança.

22 E a você, com o nosso querido Gilberto Filho, todo o amor do esposo e pai, cada vez mais reconhecido.


Gilberto

Gilberto Cuencas Dias

23 de agosto de 1980.


TERCEIRA MENSAGEM


1 Querida Salete, peço a Deus nos abençoe. Estamos nós dois aqui com os mesmos pensamentos.

2 Desejo referir-me à nossa preocupação pelas atitudes do nosso querido Gilberto, n à frente do júri que, talvez, se realize muito em breve, com o tema de minha desencarnação. Até hoje nos achamos surpresos diante da ocorrência. 3 Um passeio para entretenimento familiar, um grupo de amigos, a alegria da união fraterna e um projétil que me alcançou sem que eu pudesse concluir quanto à razão de ser daquele atentado que, decerto, se prende a resgates nossos por débitos no arquivo do passado.

4 Despejado do corpo e despojado de tudo o que me era mais caro sem conhecer os motivos do acontecimento, lutei muitos dias para aceitar a provação que se arrojou sobre nós violentamente.

5 Ainda agora, estudo as causas do incidente, compulsando memórias dos outros e sei, por intuição, que encontrarei o móvel do delito de que fui vítima. 6 Acontece que o nosso irmão será julgado em ocasião que nos parece próxima e não desejo que você e nosso filho participem de qualquer peça condenatória.

7 Por você, sinto-me tranquilo e o nosso caro amigo o Major Coura, n que nos partilha a visita desta noite, me acompanha os pontos de vista.

8 Renovada pelos nossos próprios sofrimentos, você sabe compreender e julgar os acontecimentos em profundidade. Sei que você fitará o nosso companheiro infeliz tocada de compaixão, rogando a Deus o restitua à liberdade de cidadão prestimoso e correto.

9 Mas, e o nosso querido filho? Peça a ele ponderação e calma. Um adolescente não encontra facilidades para modificar-se. Rogo, assim, ao nosso Gilberto nos apóie os desejos de ver o nosso irmão desventurado em paz com todos, novamente liberado de quaisquer culpas que, na essência, não existem.

10 Peço ao Gilberto silenciar, em qualquer argumento em que sinta a necessidade de se definir pela censura ao gesto de que fui vítima. Explique, Salete, ao nosso filho que a morte não se resgata com a morte e que a dor não se cura criando novas dores para os que integram a caravana familiar.

11 Em qualquer lance do processo, em que se veja questionado, que o nosso filho saiba encontrar o equilíbrio com que nasceu. Nada de frases de reprovação ou de críticas, nem mesmo através do olhar. Digo isso, porque em horas como as que me refiro, muitas vezes, na Terra, nos desmanchamos em expressões de medo e censura, complicando os problemas ao invés de resolvê-los.

12 Confio em que nosso Gilberto se portará com a dignidade de homem de bem, sabendo que, às vezes, um ato qual esse a ser lembrado, decorre de um delírio da pessoa que cedeu ao impulso das trevas.

13 Querido filho, peço-lhe atender ao seu pai. Em qualquer instante difícil fale nos desígnios de Deus, e na continuação da vida e da experiência que a todos nos testa ao longo da existência na Terra. O nosso amigo Dr. Kamura n promete assisti-lo e inspirá-lo e estou certo de que você saberá assimilar essas correntes mentais de apoio e de misericórdia que são mobilizadas para socorro de nossos irmãos desventurados. Confio em que você e a mamãe Salete procederão à altura do que possuímos de melhor em nossos corações.

14 Compreendo que pela força das circunstâncias não poderão se eximir da presença no tribunal, porquanto estão arrolados entre as testemunhas do fato em si, mas insisto nas desculpas incondicionais ao nosso irmão Benedito, n porque ele é um homem de bem que, em dado instante, se fez o autor de um delito no qual não teria pensado antes.

15 Contando com vocês dois em favor de minha paz, comunico à nossa irmã Maria Ângela n que o nosso Déscio n vai seguindo sempre melhor na recuperação gradativa em que se encontra e que agradece o carinho do Rafael, n com muito reconhecimento a ela própria.

16 Querida Salete, era o que tinha a dizer-lhes. Se não o fiz com palavras belas de literatura, procedi com a sinceridade do companheiro que deseja ser compreensivo e sereno para colocar-se no lugar do nosso irmão Benedito, a ser julgado nos dias próximos.

17 E creiam, querida Salete e querido Gilberto, na amizade de sempre e na fidelidade serena do companheiro e pai que os reúne com muito amor e muita saudade no próprio coração.

18 Jesus nos abençoe.


Gilberto

Gilberto Cuencas Dias

17 de julho de 1982.


NOTAS


1 — Gilberto — Gilberto Cuencas Dias Filho — filho do missivista.

2 — Mãezinha Maria — Maria Rodrigues Lemes Coura, mãe da sua esposa Salete.

3 — Major Coura — Major José Militão Lemes Coura, pai da sua esposa do comunicante.

4 — Vovó Ana — bisavó materna da sua esposa (desencarnada).

5 — Vovó Francisca — Francisca Pereira de Castro Rodrigues, avó da sua esposa (desencarnada).

6 — Bisavós Lemes: Maria Porter e José Lemes — José Lemes Coura e Maria Porter Lemes Coura, bisavós pelo lado paterno da sua esposa, avós do Major Coura (desencarnados).

7 — Irmão Kamura — Entidade Espiritual, patrono da Fraternidade Espírita Irmão Kamura, em São Paulo, Capital.

8 — Marjose — irmã caçula de Salete.

9 — Ana — bisavó de Salete, avó da mamãe Maria, (desencarnada).

10 — Vovó Júlia — avó paterna de Gilberto (desencarnada); seu nome real era Julieta porém era conhecida como Júlia.

11 — Vovó Francisca — avó materna de Salete (desencarnada).

12 — Benedito — Benedito M. Franca, pessoa que causou o falecimento de Gilberto Cuencas Dias, em Campos do Jordão — SP.

13 — Maria Ângela — Maria Ângela de Lima Déscio, esposa do Capitão Djalma Déscio Sobrinho.

14 — Déscio — Capitão Djalma Déscio Sobrinho, falecido em 1º de setembro de 1981.

15 — Rafael — Rafael de Lima Déscio, filho do Capitão Djalma Déscio Sobrinho e Maria Ângela de Lima Déscio.


Beatriz L. P. Galves


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