O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho — Humberto de Campos


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Pátria do Evangelho

1 Com a república, atingiu o Brasil a sua maioridade coletiva e as Falanges do Infinito, naturalmente, concentraram as suas possibilidades e esforços no desenvolvimento da obra de Ismael  †  no país do Cruzeiro.

Seus maiores eventos puramente políticos não deixaram, no entanto, de ser acompanhados pelos mensageiros do Bem, objetivando a tranquilidade comum e a evolução geral.

2 Todavia, com o grande feito de 15 de novembro de 1889,  †  terminamos este esforço, à guisa de história.

Outros, por certo, consultando as razões dos fatos relacionados no tempo, poderão apresentar um trabalho mais pormenorizado e melhor, no domínio dos estudos transcendentes do psicólogo e do historiador, onde se emaranham as causas profundas dos menores acontecimentos, englobando as atividades de quantos, ainda encarnados, se encontram em evidência no país e são suscetíveis de apresentar mais amplos esclarecimentos, de futuro.

3 Nosso objetivo, trazendo alguns apontamentos à história espiritual do Brasil, foi tão somente encarecer a excelência da sua missão no planeta, demonstrando, simultaneamente, que, cada nação, como cada indivíduo, tem sua tarefa a desempenhar no concerto dos povos. Todas elas têm seus ascendentes no mundo invisível, de onde recebem a seiva espiritual necessária à sua formação e conservação. E um dos fins principais do nosso esforço é o de examinar, aos olhos de todos, a necessidade da educação pessoal e coletiva, no desdobramento de todos os trabalhos do país. 4 Porque, a realidade é que o Brasil, na sua situação especialíssima e com o seu patrimônio imenso de riquezas, não poderá isolar-se do resto do mundo ou acastelar-se na sua posição de pátria do Evangelho, embora a época seja de autarquias detestáveis, neste período de decadência e transição de todos os sistemas sociais.

5 O maior problema é o da educação nacional, para que os filhos das outras terras, necessários e indispensáveis ao progresso econômico da nação, não se sintam dispostos a reviver, no Brasil, as taras de suas antigas organizações e sim, absorvidos no círculo espiritual do país do Evangelho, possam integrar as suas fileiras de fraternidade e evolução.

6 Apesar da recente filosofia do “bastar-se a si mesmo”, nenhum país do mundo pode viver independente da comunidade internacional. Toda a grandeza material de um povo repousa na regularidade dos fenômenos da troca e todas as guerras, quase sempre, têm origem na desarmonia do comércio entre as nações. No Brasil, a chamada contribuição estrangeira é indispensável, e o único recurso contra a incursão do elemento nocivo ou ameaçador da estabilidade das instituições brasileiras é a educação ampla do povo, em cujos labores sagrados deveriam viver todos os programas do bom nacionalismo.

7 Se muitas escolas existem no Sul, onde somente é ensinado o idioma alemão, em muitos casos, é porque os professores do Brasil não se decidiram a enfrentar as surpresas da região, a fim de zelarem pelo patrimônio intelectual dos novos operários da pátria. Se algumas dezenas de agrônomos vieram diretamente de Tóquio para os riquíssimos vales do Amazonas, é que os agrônomos brasileiros não se animaram a trabalhar no sertão hostil, receosos do sacrifício. 8 Entretanto, não faltariam espíritos abnegados e corajosos, no seio do povo fraterno que floresce no coração geográfico do mundo, ansiosos de contribuirem na grande obra construtiva da organização cultural e econômica da terra em que se desenvolvem, numa grande tarefa de amor, se os ambientes universitários com as suas habilitações oficiais não estivessem abertos somente à aristocracia do ouro. A palavra de um mestre custa uma fortuna, apenas suscetível de ser remunerada pelas famílias mais abastadas e mais favorecidas e, nem sempre, nesses ambientes confortáveis, estacionam as almas apaixonadas da luta pelo progresso comum.

9 Nesta época de confusão e amargura, quando, com as mais justas razões teme-se, por toda parte, a triste organização do homem econômico da filosofia marxista, que vem destruir todo o patrimônio de tradições dos que lutaram e sofreram no pretérito da humanidade, as medidas de repressão e de segurança devem ser mobilizadas a serviço das coletividades e das instituições, a fim de que uma onda inconsciente de destruição e morticínio não elimine o altar de esperanças da pátria. E que o capitalismo visando a própria tranquilidade coletiva, seja chamado pelas administrações ao debate, a incentivar com os seus largos recursos a campanha do livro, do saneamento e do trabalho, em favor da concórdia universal.

10 Não nos deteremos para falar, depois da república, de quantos se encontram, ainda, no cenáculo das atividades e feitos do país, porquanto semelhante ação de nossa parte constituiria uma intervenção indébita nas iniciativas e empreendimentos dos “vivos”.

11 Jesus, que é a suprema personificação de toda a misericórdia e de toda a justiça, auxiliará a cada qual, no desdobramento dos seus esforços para glória da nacionalidade.

O Brasil está cheio de ideologias novas refletindo a paisagem do século e cabe aos bons operários do Evangelho concentrar as suas atividades no esclarecimento das almas e na educação dos espíritos.

12 Todas as fórmulas humanas, dentro das concepções, por mais alevantadas que se afigurem, são perecíveis e transitórias. A política sofrerá, no curso dos séculos, as alternativas do direito da força e da força do direito, até que o planeta possa atingir uma relativa perfeição social, com a cultura generalizada. A Ciência, como a Filosofia e as escolas sectárias, viverá entre dúvidas e vacilações, repousando os seus feitos na areia instável das convenções humanas. 13 Só o legítimo ideal cristão, conhecendo que o Reino de Deus ainda não é deste mundo poderá, com a sua esperança e o seu exemplo, espiritualizar o humano, espalhando com os seus labores e sacrifícios as  sementes produtivas na construção da sociedade do futuro.

Conhecedores dessas grandes verdades, supliquemos a Jesus se digne derramar do orvalho de seu amor sobre os vermes da Terra.

14 Que as falanges de Ismael possam, aliadas a quantos se desvelam pela sua obra divina, reunir o material disperso e a Pátria do Evangelho mais ascenda e avulte no concerto dos povos, irradiando a paz e a fraternidade que alicerçam, indestrutivelmente, todas as tradições e todas as glórias do Brasil.


Humberto de Campos

(Irmão X)

Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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