1 Era a última hora para a cabeça estática
Que pensava, apesar de tudo.
O corpo anestesiado no suor denso e álgido
Não movia sequer leve ponta do dedo.
2 Os olhos haviam parado dentro das órbitas,
Mas no imóvel espelho das pupilas
Aumentara a visão com estranha potência,
Sob a ação de outros raios.
3 Teto, paredes, portas desapareceram como por encanto n
E comecei a ver, pela gaze das lágrimas,
Antigas afeições que imaginava mortas…
4 Velhos amigos meus vinham, prestos, do Além, a enxugarem-me o pranto.
Encontrara o outro mundo! E quis gritar, eufórico,
Mas a garganta seca era apenas silêncio. n |