O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 1ª Parte


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Arsênio Palácios


ARTISTA

1 O artista
pára e reflete,
árvore de carne a enodular-se sobre a seiva do sangue…


2 A cabeça esguicha o pensamento
e a onda que se expande alteia-se, de leve,
num turbilhão de força…
Ideias-sentimentos… n
Sentimentos-ideias…


3 De cima,
do super-ultra-som,
desce jorro solar
que recolhe a onda célere,
qual se possuísse mãos e braços,
em lesto movimento
de oficina intangível.


4 Há no grande silêncio
buris que modelam, n
mensagens e vozes,
palavras que soam,
poemas em linha,
rimários andantes,
pincéis coloridos,
esboços e telas,
paletas fulgentes,
orquestras em pauta,
cantatas sublimes,
tecidos de sonho,
lauréis e grinaldas,
pedaços de estrelas,
hinários e luzes…


5 A onda que se elevava
torna ao cérebro vivo,
grávida de beleza…
Cravam-na dedos fluidos
no angusto espaço do crânio
e o artista, embriagado de visões,
exprime as Esferas superiores.
— Médium da vida,
inundado de sol…


ARSÊNIO PALÁCIOS — Poeta, teatrólogo, crítico de arte, filósofo, etc., era Arsênio Palácios um talento fulgurante e um verdadeiro “artífice da Beleza”. Colaborou em grande número de jornais e revistas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, trabalhando por um maior intercâmbio cultural sul-americano. “Sensibilidade fina e esquisita,” — escreveu Mário Júlio Silva, in Ant. Poetas Paul., pág. 7 — “costumava vestir os seus versos com a roupagem inédita da sua alma cheia de doçura.” Foi diretor de Giesta, revista de artes e letras de S. Paulo. Colaborou com Veiga Miranda na revista O Comentário. Realizou grande número de traduções do castelhano. Foi grande amigo de Félix de Carvalho, outro ilustre poeta paulista. Luís Correia de Melo, de cujo Dic. de Aut. Paulistas (página 450) recolhemos alguns desses dados, informa, ainda, que o poeta faleceu tragicamente. (São Paulo, Est. de São Paulo, 30 de Abril de 1899 — São Paulo, SP, 8 de Novembro de 1932.)

BIBLIOGRAFIA: Almas Populares, sainete lírico; Vibrações, versos; A Carta, monólogo; Breve Elogio das Cores; Antologia de Poetas Paulistas, de parceria com Mário Júlio Silva; etc.



[1] “Ideias-sentimentos…/Sentimentos-ideias…”: Epanástrofe — “Nome dado à FIGURA que resulta quando se repete um VERSO ou frase com as palavras na ordem inversa,…” (Geir Campos, Op. cit.)

[2] Observe-se a enumeração, tão praticada pelos modernistas.


(Psicografia de Francisco C. Xavier)


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