O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

A caminho da Luz — Emmanuel


13

O Império Romano e seus Desvios

(Sumário)

1. Os desvios romanos.


1 Reportando-nos ainda às conquistas romanas, antes da chegada do Senhor para as primeiras florações do Cristianismo, devemos lembrar o esforço despendido pelas entidades espirituais, junto das autoridades organizadoras e conservadoras da República,  †  no sentido de orientar-se a atividade geral para um grande movimento de fraternidade e de união de todos os povos do planeta.

2 Os pensadores que hoje sonham a criação dos Estados Unidos do Mundo, sem os movimentos odiosos das guerras fratricidas, podem sondar os desígnios do Plano Invisível naquela época. 3 A Grécia havia perscrutado, na medida do possível, todos os problemas transcendentes da vida. Nas suas lutas expiatórias, transferira as suas experiências e conhecimentos para a família romana, então apta para as grandes tarefas do Estado. 4 À força de educação e de amor, poderia esta última unificar as bandeiras do orbe, criando um novo roteiro à evolução coletiva e estabelecendo as linhas paralelas do progresso físico e moral da Humanidade terrestre. 5 Todos os esforços foram despendidos, nesse particular, pelos emissários do Plano Invisível, e a prova desse grandioso projeto de trabalho unitário é que a obra do Império Romano  †  foi das mais primorosas, em matéria educativa, com vistas à organização das nacionalidades modernas. 6 O próprio instinto democrático da Inglaterra e da França, bem como as suas elevadas obras de socialização, ainda representam frutos da missão educativa do Império, no seio da Humanidade.

7 O caminho dos romanos ficou juncado de sementes e luzes do porvir.

8 A realidade, contudo, é que, se os mensageiros do Cristo conseguiram a realização de muitos planos generosos, no seio da comunidade de então, não podiam interferir na liberdade isolada da grande maioria dos seus membros.


2. Os abusos da autoridade e do poder.


1 Em breve, os abusos da autoridade e do poder embriagavam a cidade valorosa. Toda a sede do governo parecia invadida por uma avalancha de forças perversoras, das mais baixas Esferas dos Planos Invisíveis.

2 A família romana, cujo esplendor espiritual conseguiu atravessar todas as eras, iluminando os agrupamentos da atualidade, parecia atormentada pelos mais tenazes inimigos ocultos, que, aos poucos, lhe minaram as bases mais sólidas, mergulhando-a na corrupção e no extermínio de si mesma, dada a ausência de vigilância de suas sentinelas mais avançadas. 3 Um nevoeiro denso obscurecia todas as consciências, e a sociedade alegre e honesta, rica de sentimentos enobrecedores, foi teatro de crimes humilhantes, de tragédias lúgubres e miserandos assassinatos. 4 As classes afortunadas aproveitavam a pletora de poder, instalando-se no carro da opressão, que deixava atrás de si um rastro incendiado de revolta e de sangue. 5 Os Gracos,  †  filhos da veneranda Cornélia,  †  são quase que os derradeiros traços de uma época caracterizada pela administração enérgica, mas equânime, cheia de honestidade, de sabedoria e de justiça.


3. Os chefes de Roma.


1 Depois de Caio,  †  que foi assassinado no Aventino, embora se fizesse constar tratar-se de um suicídio, instala-se definitivamente um regime de quase completa dissolução das grandes conquistas morais realizadas.

2 Sobe Mário  †  ao poder, depois das vitórias contra Jugurta  †  e contra os germanos, que haviam, por sua vez, invadido o território das Gálias. Mas os antagonismos sociais levam Sila  †  ao poder, travando-se lutas sanguinolentas, como vésperas escuras de sangrentas derrocadas. 3 Em seguida; surgem Pompeu  †  e a revolução de Catilina,  †  muito conseguindo a prudência de Cícero  †  em favor da segurança da cidade. Verifica-se, logo após, o primeiro triunvirato com a política maneirosa de Caio Júlio César,  †  que se alia a Pompeu e a Crasso  †  para as supremas obrigações do governo.

4 As citações históricas, todavia, desviariam os objetivos do nosso esforço. Nossa intenção é mostrar que o determinismo do Mundo Espiritual era o do amor, da solidariedade e do bem, mas os próprios homens, na esfera relativa de suas liberdades, modificaram esse determinismo superior, no curso incessante da civilização.

5 Os generais romanos podiam conquistar a ferro e fogo, desviando-se dos objetivos mais sagrados dos seus deveres e obrigações, levando aos outros povos, pela força das armas, os liames que somente deveriam conduzir com a sua cultura e com a sua experiência da vida; 6 mas seus atos deram causa aos mais amargos frutos de provação e sofrimento para a Humanidade terrestre, e é por isso que, em sua quase totalidade, entraram no Plano Espiritual seguidos de perto pelas suas vítimas numerosas, entre as vozes desesperadas das mais acerbas acusações. 7 Muitos deles, decorridos decênios infindáveis de martírios expiatórios, podiam ser vistos sem as suas armaduras elegantes, arrastando-se como vermes ao longo das margens do Tibre,  †  ou estendendo as mãos asquerosas, como mendigos detestados do Esquilino.  † 


4. O século de Augusto.


1 Terminados os triunviratos,  †  eis que ia cumprir-se a missão do Cristo, depois de instalados os primeiros Césares no Império Romano.

2 A aproximação e a presença consoladora do Divino Mestre no mundo era motivo para que todos os corações experimentassem uma vida nova, ainda que ignorassem a fonte divina daquelas vibrações confortadoras. 3 Em vista disso, o reinado de Augusto  †  decorreu em grande tranquilidade para Roma e para o resto das sociedades organizadas do planeta. Realizam-se gigantescos esforços edificadores ou reconstrutivos. Belos monumentos são erigidos. 4 O espírito artístico e filantrópico de Atenas revive na pessoa de Mecenas,  †  confidente do imperador, cuja generosidade dispensa a mais carinhosa atenção às inteligências estudiosas e superiores da época, quais Horácio e Vergílio, que assinalam, junto de outras nobres expressões intelectuais do tempo, a passagem do chamado “século de Augusto”, com as suas obras numerosas.


5. Transição de uma época.


1 Depois de Augusto, aparece à barra da História a personalidade disfarçada e cruel de Tibério,  †  seu filho adotivo, que vê terminar a era de paz, de trabalho e concórdia, com o regresso do Cordeiro às regiões sublimadas da Luz.

2 É nesse reinado que a Judeia leva a efeito a tragédia do Gólgota, realizando sinistramente as mais remotas profecias.

3 Não obstante o seu compassivo e desvelado amor, o Divino Mestre é submetido aos martírios da cruz, sob a imposição do judaísmo, que lhe não compreendeu o amor e a humildade. 4 Roma colabora no doloroso acontecimento com a indiferença fria de Pôncio Pilatos,  †  retornando aos seus festins e aos seus prazeres, como se desconhecesse as finalidades mais nobres da vida.

5 Seguindo a mesma estrada escura de Tibério, Calígula  †  inaugura um período longo de sombras, de massacres e de incêndios, de devastação e de sangue.


6. Provações coletivas dos judeus e dos romanos.


1 Os seguidores humildes do Nazareno iniciam, nas regiões da Palestina, as suas predicações e ensinamentos. 2 Raros apóstolos sabiam da missão sublimada daquela doutrina sacrossanta, que mandava fazer o bem pelo mal e instituía o perdão aos próprios inimigos. 3 De perto, seguem-lhes a atividade os emissários solícitos do Senhor, preparando os caminhos da revolução ideológica do Evangelho. 4 Esses mensageiros do Alto iniciam, igualmente e de modo indireto, o esforço de auxílio ao Império nas suas dolorosas provações coletivas.

5 Um perfeito trabalho de seleção se verifica no ambiente espiritual das coletividades romanas. 6 Chovem inspirações do Alto preludiando as dores de Jerusalém e as amarguras da cidade imperial. 7 Vaticínios sinistros pesam sobre todos os espíritos rebeldes e culpados, e a verdade é que, depois do cerco de Jerusalém, quando Tito  †  destruiu a cidade, arrasando-lhe o Templo famoso e dispersando para sempre os israelitas, viu o orgulhoso vencedor mudar-se o curso das dores para a sociedade do Império, atormentada pelas tempestades de fogo e cinza que arrasaram Estábia,  †  Herculânum  †  e Pompeia,  †  destruindo milhares de vidas florescentes e desequilibrando a existência romana para sempre.


7. Fim da vaidade humana.


1 O Império Romano, que poderia ter levado a efeito a fundação de um único Estado na face do mundo, em virtude da maravilhosa unidade a que chegou e mercê do esforço e da proteção do Alto, desapareceu num mar de ruinarias, depois de suas guerras, de seus desvios, de seus circos cheios de feras e gladiadores.

2 Seu imenso organismo apodreceu nas chagas que lhe abriram a incúria e a impiedade dos próprios filhos e, quando não foi mais possível o paliativo da misericórdia dos espíritos abnegados e compassivos, dada a galvanização dos sentimentos gerais na mesa larga dos excessos e dos prazeres terrestres, a dor foi chamada a restabelecer o fundamento da verdade nas almas.

3 Da orgulhosa cidade dos imperadores não restou senão pedras sobre pedras. 4 Sob o látego da expiação e do sofrimento, os Espíritos culpados trocaram a sua indumentária para a evolução e para o resgate no cenário infinito da vida, e, enquanto muitos deles ainda choram nos padecimentos redentores, gemem, sobre as ruínas do Coliseu de Vespasiano,  †  os ventos tristes e lamentosos da noite.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir