O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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Roma

(Sumário)

1. O povo etrusco.


1 Reconhecendo as dedicações ao trabalho, por parte de todos os Espíritos que se haviam localizado na Itália primitiva, então dividida em duas partes importantes, que eram a Gália Cisalpina  †  e a Magna Grécia,  †  ao norte e ao sul da península, os prepostos e auxiliares de Jesus projetam a fundação de Roma, que se ergueu rapidamente, coroada de lendas numerosas, para desempenhar tão grande papel na evolução do Mundo.

2 A esse tempo, o Vale do Pó era habitado pelos etruscos,  †  que se viam humilhados pelas constantes invasões dos gauleses.  †  De todos os elementos que formaram os ascendentes da Itália moderna, eram eles dos mais esforçados, operosos e inteligentes. 3 Nas regiões da Toscana,  †  possuíam largas indústrias de metais, marinha notável, destacado progresso no amanho da terra e, sobretudo, sentimentos evolvidos que os faziam diferentes das coletividades mais próximas. 4 Acreditavam na sobrevivência e ofereciam sacrifícios às almas dos mortos, venerando os deuses cujas disposições, em cada dia, presumiam conhecer através dos fenômenos comuns da Natureza. 5 Atormentados e desgostosos em face das lutas reiteradas com os gauleses, os etruscos decidiram tentar uma vida nova e, guiados indiretamente pelos mensageiros do Invisível, grande parte resolveu fixar-se na Roma do porvir, [que,] então, nada mais era que um agrupamento de cabanas humildes e desprotegidas.


2. Primórdios de Roma.


1 Defendida naturalmente pelo adensamento constante de sua população, a cidade mergulhou as suas origens numa corrente profunda de histórias interessantes e maravilhosas, onde as figuras de Eneias,  †  de Reia Sílvia,  †  de Rômulo e Remo  †  tomaram papel saliente e singularíssimo.

2 A verdade, porém, é que os etruscos, em grande maioria, edificaram as primeiras organizações da cidade, fundando escolas de trabalho, transportando para aí as experiências mais valiosas dos outros povos, criando uma nova terra com o seu esforço enérgico e decidido. 3 Lá encontraram eles as tribos latinas Ramnenses, Titienses e Lúceres, congregadas para a edificação comum e das quais assumiram a direção por largos anos, construindo os alicerces das realizações do futuro.

4 Quando Rômulo chegou, seus olhos já contemplaram uma cidade próspera e trabalhadora, onde fez valer a sua enérgica inteligência, mas não faltou à posteridade o gosto de tecer-lhe uma coroa lendária e fantasiosa, chegando-se a afirmar que a sua figura fora arrebatada no carro dos deuses, com destino ao Céu.


3. Influências decisivas.


1 Desnecessária será a autópsia da História nos seus pontos mais divulgados e conhecidos, quando o nosso único propósito é esclarecer o entendimento do leitor, quanto à direção do planeta, que se conserva, de fato, no mundo espiritual, de onde o Cristo vela incessantemente pelo orbe e pelos seus destinos. 2 Todavia, para fundamentarmos a nossa asserção acerca das influências etruscas nos primórdios de Roma, somos levados a recordar a figura de Tarquínio Prisco,  †  filho da Etrúria, que trouxe à cidade grandes reformas e inúmeras inovações em todos os departamentos da sua consolidação e do seu progresso, lembrando, entre as suas muitas renovações, a construção da Cloaca Máxima  †  e do Capitólio.  †  3 Seu sucessor, Sérvio Túlio,  †  era igualmente da sua família. Este, dividiu todo o povo da cidade em classes e centúrias, segundo as possibilidades financeiras de cada um, desgostando os patrícios, a esse tempo já organizados, em virtude de essa reforma apresentar-se dentro de características liberais, não obstante as suas finalidades militares.

4 Onde, porém, mais se evidenciam as influências etruscas, nas organizações romanas, é justamente na alma popular, devotada aos gênios, aos deuses e às superstições de toda a natureza, que, aliás, seriam multiplicadas em seus contatos com a Grécia. 5 Cada família, como cada lar, possuía o seu gênio invisível e amigo, e, na sociedade, alastravam-se as comunidades religiosas, culminando no Colégio dos Pontífices, cuja fundação remonta ao passado longínquo da cidade. Esse Colégio foi depois substituído pelo Pontífice Máximo,  †  chefe supremo das correntes religiosas, do qual os bispos romanos iam extrair, mais tarde, o Vaticano e o Papado dos tempos modernos.

6 Os romanos, ao contrário dos atenienses, não procuravam muitas indagações transcendentes em matéria religiosa ou filosófica, atendendo somente aos problemas do culto externo, sem muitas argumentações com a lógica, e foi por isso que, com a evolução da cidade, o Panteão,  †  seu templo mais aristocrático, chegou a possuir mais de trinta mil deuses.


4. Os patrícios e os plebeus.


1 Depois dos últimos Tarquínios,  †  que procuraram intensificar os poderes militares da realeza, proclama-se a República, que fica governada por dois magistrados patrícios, assistidos pelo Senado. 2 Grandes medidas são executadas para consolidar a supremacia romana, mas as classes pobres, oprimidas pelas mais ricas, que gozavam de todos os direitos, revoltaram-se em face da penosa situação em que as colocavam as possibilidades da ditadura preconizada pelos senadores, em casos especiais com poderes soberanos e amplos em todas as questões da vida e morte de cada um.

3 Inspirados pelas forças espirituais que os assistiam, os plebeus abandonaram, em massa, a cidade, retirando-se para o Monte Sagrado,  †  mas os patrícios, examinando a gravidade daquela atitude extrema, lhes enviam Menênio Agripa,  †  cuja palavra se desincumbe com felicidade da diligência que lhe fora cometida, contando aos rebeldes o apólogo dos membros e do estômago, que constituem, no mecanismo de sua harmonia, o perfeito organismo de um corpo. 4 A plebe concorda em regressar à cidade, embora impondo condições quase que irrestritamente aceitas. Os tribunos da plebe inauguram, então, um período de belas conquistas dos direitos humanos, culminando com a Lei Canuleia,  †  que permitia o casamento entre patrícios e plebeus e com a Lei Ogúlnia,  †  que conferia a estes últimos as próprias funções sacerdotais.


5. A família romana.


1 Muito poderíamos comentar, à margem da História, mas outros são os nossos fins, considerando-nos no dever de salientar aqui as sagradas virtudes romanas, na instituição do colégio da família, em muitas circunstâncias superior ao da própria Grécia cheia de sabedoria e beleza.

2 A família romana, em suas tradições gloriosas, está constituída no mais sublime respeito às virtudes heroicas da mulher e na perfeita compreensão dos deveres do homem, ante os seus sucessores e os seus antepassados.

3 Lembrando-nos de Roma no seu áureo período de trabalho, enche-se-nos o olhar de lágrimas amargas… 4 Que gênio maldito imiscuiu-se nessa organização sublimada em seus mais íntimos fundamentos, devorando-lhe as esperanças mais nobres, corrompendo-lhe os sentimentos, relaxando-lhe as energias? 5 Que força devastadora derrubou todas as suas estátuas gloriosas de virtude? 6 Debalde, a mão misericordiosa de Jesus desceu sobre a sua fronte, levantando-a de quedas tenebrosas, antes de seus tristes espetáculos de arrasamento. 7 Os abusos de poder e de liberdade dos seus habitantes fizeram do ninho do amor e do trabalho um amontoado de ruinarias, afundado num mar de lodo sanguinolento.


6. As guerras e a maioridade terrestre.


1 Em breve, porém, a família romana, cheia das tradições de generosa beleza, foi dilacerada pelos gênios militares e pelos espíritos guerreiros.

2 O progresso incessante da cidade formava a tendência geral ao expansionismo em todos os domínios.

3 Entretanto, os pródromos do Direito Romano  †  e a organização da família assinalavam o período da maioridade terrestre. O homem, com semelhantes conquistas, estava pronto a desferir o voo para as mais altas Esferas Espirituais.

4 As legiões magnânimas do Cristo aprestam-se para as últimas preparações de seus gloriosos caminhos na face do mundo. O Evangelho deveria chegar como a mensagem eterna do amor, da luz e da verdade para todos os seres.

5 Todavia, a liberdade pessoal e coletiva é respeitada pelo Plano Invisível e Roma não se mostra digna das numerosas dádivas recebidas. 6 Em vez de estender os seus laços pela educação e pela concórdia, deixa prender-se por uma legião de espíritos agressivos e ambiciosos, alargando a sua influência pelo mundo com as balistas  †  e catapultas  †  dos seus guerreiros. 7 Depois das conquistas da Península,  †  empreende a conquista do mundo, com as guerras púnicas,  †  terminando por submeter todo o Oriente, onde também se encontrava a Grécia esgotada e vencida.

8 Os enviados do Cristo harmonizam esses terríveis movimentos no instituto das provações necessárias aos indivíduos e aos seus agrupamentos; todavia, a realidade é que Roma assumia, igualmente, as mais pesadas responsabilidades e os mais penosos débitos, diante da Justiça Divina. 9 Suas águias vitoriosas cruzam, então, todos os mares; o Mediterrâneo é propriedade sua e o Império Romano  †  é o Império do mundo, ouvindo-se a voz diretora de um só homem para quase todas as regiões povoadas da Terra.


7. Nas vésperas do Senhor.


1 As forças do Invisível, porém, não descansaram. Muitas lágrimas foram vertidas, no Alto, em vista de tão nefastos acontecimentos.

2 O Cristo reúne as assembleias de seus emissários. A Terra não podia perder a sua posição espiritual, depois das conquistas da sabedoria ateniense e da família romana.

3 É então que se movimentam as entidades angélicas do sistema, nas proximidades da Terra, adotando providências de vasta e generosa importância. 4 A lição do Salvador deveria, agora, resplandecer para os homens, controlando-lhes a liberdade com a exemplificação perfeita do amor. 5 Todas as providências são levadas a efeito. Escolhem-se os instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos. 6 Uma atividade única regista-se, então, nas Esferas mais próximas do planeta, e, quando reinava Augusto, na sede do governo do mundo, viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas. 7 Harmonias divinas cantavam um hino de sublimadas esperanças no coração dos homens e da Natureza. 8 A manjedoura é o teatro de todas as glorificações da luz e da humildade, e, enquanto alvorecia uma nova era para o globo terrestre, nunca mais se esqueceria o Natal, a “noite silenciosa, noite santa”.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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