Perdoarás, mas perdoarás compreendendo que o perdão não te coloca na galeria de virtudes especiais, diante daquele a quem hajas brindado com a tua benevolência.
Perdoarás, reconhecendo que poderias estar no lugar dele.
Examinarás todo o acervo de sentimentos e pensamentos, impulsos e ações que te definem a personalidade e perguntarás a ti mesmo, sem qualquer subterfúgio, como agirias na posição do ofensor, no momento psicológico em que ele caiu.
Ouvirás a consciência sem fugir-lhe às anotações e perceberás, para logo, que é forçoso sanar o erro, entretanto, observarás claramente, [que ninguém suprime um erro em definitivo sem o clima da compaixão, e] que ninguém encontra o clima da compaixão sem a luz do entendimento.
À face disso, quando alguém te apedreje, detém-te por alguns instantes, a fim de enxergar o ocorrido. Alguém já disse que de dez partes do ato de ver nove delas se processam fora dos olhos físicos, nas profundezas da mente. Através da meditação, ser-te-á possível verificar o agravo como sendo um espinho de raízes envenenadas, infelicitando muito mais o agressor do que a vítima.
Divisarás, desse modo, naquele que te desconsidera ou injuria o prejuízo da ignorância, a inibição da enfermidade, o complexo da angústia ou a cegueira da obsessão.
Feito isso, destacarás, facilmente, não a tua suposta superioridade, diante dele, mas sim distinguirás tuas vantagens, com as oportunidades de refletir e de auxiliar o que o irmão menos feliz, de muito tempo até agora, não terá conhecido.
Em verdade, nem sempre nas lesões que venham a ocorrer, na esfera do espírito, conseguirás agir a sós, no plano da condescendência absoluta, de vez que existem as postergações de preceito que não se correlacionam apenas contigo mas também com as obrigações da justiça, à frente de todos.
Mesmo nessas circunstâncias, perdoarás de ti próprio, esquecendo todo mal, recordando que carregas contigo as próprias fragilidades.
E ainda quando o agravo se caracterize por feição complexa, separando-te provisoriamente daqueles que te feriram, podes atender à lição de Jesus, auxiliando a cada um deles com a bênção da prece, porque, em nos referindo aos domínios da alma, em qualquer lugar, a oração é a presença do coração.
Emmanuel
[1] Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes], foi publicada originalmente em 1984 pela editora CEU e é a 13ª lição do livro “Hoje.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.