No capítulo da censura, comumente chega em nossa vida um momento de perplexidade, à frente do qual muitos companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo. Não se trata da ocasião em que somos induzidos a reprovar os outros e nem mesmo daquela em que somos repreendidos, em razão de nossas quedas.
Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por faltas que não perpetramos e por intenções que não nos afloram à mente. ( † )
Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados por falsas aparências, dando lugar a comentários depreciativos em torno de nós mesmos.
Teremos agido no bem de todos e em seguida, analisados sob prisma diferente, qual se estivéssemos diligenciando gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas melhores energias, de modo a que se faça harmonia e eficiência na máquina de ação de que somos peça viva e tivemos nossas palavras ou providências sob interpretação infeliz, atraindo-nos a crítica desapiedada, até mesmo naqueles amigos a quem oferecemos o coração.
Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te permitas o mentiroso descanso no esmorecimento.
Se trazes a consciência tranquila entre os limites naturais de tuas obrigações ante as obrigações alheias, ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue centralizando a atenção no desempenho dos encargos que o Senhor te confiou, de vez que o tempo é o juiz silencioso de cada um de nós.
Ouve a todos, trabalhando e trabalhando.
Responde a tudo, servindo e servindo.
Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao redor de teus passos, converte toda tendência à lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas palavras de autojustificação que desejarias dizer em mais serviço, conversando com os outros através do idioma inarticulado do dever retamente cumprido, porquanto, se em verdade não temos o coração claramente aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a todo instante, a justiça nos segue, e, em toda parte, Deus nos vê.
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas, foi publicado em 1971 pela FEB e é a 11ª lição do livro “Rumo certo.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.