Teríamos sido, porventura, situados na gleba do mundo para fugir de colaborar no progresso do mundo, quando o mundo nos provê com todas as possibilidades necessárias ao progresso de nós mesmos?
Muitos companheiros se marginalizam em descanso indébito, junto à seara [do bem], alegando que não suportam os chamados problemas intermináveis do mundo; desejariam a estabilidade e a harmonia por fora, a fim de se mostrarem satisfeitos na Terra, quando a harmonia e a estabilidade devem morar por dentro de nós, de modo a que nossos encargos, à frente do próximo, se façam corretamente cumpridos.
O mundo, em todo tempo, é uma casa em reforma, com a lei da mudança a lhe presidir todos os movimentos através de metamorfoses e dificuldades educativas.
O progresso é um caminho que avança. Daí, o imperativo de contarmos com oposições e obstáculos toda vez que nos engajamos na edificação da felicidade geral.
Omissão, no entanto, é parada significando recuo.
Entendamo-nos na posição de obreiros sob pressão de crises renovadoras.
Todos faceamos permanente renovação, a cada passo da vida.
Nem tudo o que tínhamos ontem por certo, nos quadros exteriores da experiência, continua como sendo certo nas horas de hoje.
Os ideais e objetivos prosseguem os mesmos, a nos definirem aspiração e trabalho, entretanto, modificaram-se instrumentos e condições, estruturas e circunstâncias.
A Terra, porém, nos pede cooperação no levantamento do bem de todos e a ordem não é deserção e sim adaptação. Em suma, estamos chamados à vivência no mundo, a fim de compreender e melhorar a vida em nós e em torno de nós, servindo ao mundo sem deixarmos de ser nós mesmos e buscando a frente, mas sem perder o passo de nossos contemporâneos, para que não venhamos a correr o risco de seguir para a frente demais.
Emmanuel
[1] A presente mensagem, diferindo apenas na palavra marcada e a que está [entre colchetes], foi publicada originalmente em 1970 pela editora CEC e é a 31ª lição do livro: “Paz e Renovação.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.