Meu caro Átila.
O discípulo do Senhor não é chamado tão somente ao curso verbal.
Aprendizado e aplicação constituem a realização.
Não te prendas, desse modo, à indagação que perde o valor do tempo.
Pensa e age ao padrão de idealismo redentor que abraçaste.
As sementes divinas devem frutificar em nossos próprios caminhos, através do esforço perseverante.
Na fase evolutiva que nos é própria, vemos aqueles que possuem a vida e os que são possuídos por ela.
Os primeiros aproveitam o dia, enriquecendo-se de valores permanentes, no rumo das aquisições eternas.
Os segundos são aproveitados pelas forças que orientam as horas, no jogo das circunstâncias fatais.
Uns criam luz e sabedoria.
Outros descansam e sofrem os conflitos da sombra.
Governando com as diretrizes superiores, convertem-se na instrumentalidade dos Celestes Desígnios. Submetendo-se às causas de ordem inferior, perseguem a ociosidade, ainda mesmo quando o regalo inútil se lhes apresente aos olhos mortais com rotulagem fascinante.
Necessário, pois, marcharmos, com desassombro e serenidade, dilatando a capacidade receptiva, à frente da Majestade Criadora.
O fenômeno nos Círculos físicos e espirituais não têm outro objetivo senão acordar a mente para a revelação do Mais Alto.
Provar a divindade em nós — herdeiros das Bênçãos Universais — é muito mais que positivar a sobrevivência, além da morte.
Guardar a bondade e o entendimento na direção do Amor Supremo vale mais que o poder de demonstrar a existência dos anjos.
O Reino do Senhor começará no indivíduo ou jamais se estabelecerá na Terra, porque Deus visita o homem e educa-o através do próprio homem.
O processo de autoaprimoramento, na sublimação do raciocínio e do sentimento, transforma-nos em servos da Lei Soberana e Compassiva, constituindo, em nossa esfera de edificações presentes, o ministério maior.
Espiritualizemo-nos, portanto, meu amigo, no caminho da perfeição e prossigamos com Jesus.
Não importa a incompreensão.
Cada criatura vê o horizonte que os próprios olhos podem abranger.
Quem ama não discute.
Serve em silêncio, semeia o bem à distância da preocupação de recompensa e segue adiante.
O trabalho cristão é a nossa alavanca renovadora.
Busquemos a ciência, realizando a sublimação.
Os dias escoam-se apressados.
As formas refundem-se, incessantemente.
A morte que modifica e seleciona, pune e corrige, atinge os próprios mundos.
Detendo o Tesouro do Conhecimento Divino, elevemos nosso coração aos santuários eternos.
Responsáveis pelas dívidas que criamos no passado, com a falsa aplicação das bênçãos recebidas, somos também candidatos à riqueza imperecível do futuro.
Situados entre os séculos que se foram e os milênios que virão, temos um diamante sublime a lapidar para o Supremo Senhor — nosso próprio coração que dorme ainda no berço de aspirações primárias, bafejado pelos raios de luz celeste.
Aperfeiçoemos o caminho, aperfeiçoando-nos. Trabalha e auxilia sempre, auxiliando a ti mesmo.
Unamo-nos espiritualmente, em derredor do Cristo. Gravitemos, felizes, em torno d’Ele.
O sol comunica-se com o verme, a milhões de quilômetros. O Divino Mestre sustentar-nos-á, igualmente, nas profundezas de nossa humildade, abençoando-nos os propósitos de ascensão, com a luz do seu inextinguível amor.
Agostinho
(Santo Agostinho)
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, dirigida a um irmão e amigo, na noite de 29/6/1948, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.)
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas, foi publicado em 1989 pela editora CEU e é a 3ª lição do livro “Doutrina e aplicação.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.