O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vivendo sempre — Familiares diversos


14

Cláudio Rogério
(Claudinho)

MENSAGEM


1 Querida mãezinha Terezinha e meu querido papai Raimundo, peço me abençoem.

2 A saudade rompe as sombras, quando nasce da luz do amor que Deus acende em nossos corações.

3 Sou trazido a notícias.
Sinto, quase espantado, lutando comigo mesmo a fim de me adaptar ao ambiente de modo a escrever-lhes com a possível clareza.
Sinceramente, por mim próprio seria difícil empreender a presente iniciativa, no entanto, a vovó Maria julgou conveniente lhes viesse ao encontro, no objetivo de tranquilizá-los.

4 Mãe querida, não me lembre com amargura.
Tudo se harmoniza com as leis que nos regem.
Agradeço todo o esforço de seu carinho, procurando resignar-se com a ocorrência que me separou do corpo físico e estou realmente muito grato a meu pai pela segurança com que buscou aceitar a minha partida.

5 Realmente, a nossa provação foi muito difícil para ser contornada, entretanto, podemos observar que todos os fatores desencadeados antes do acidente de que fui vítima se entrelaçaram nas raízes da lógica.

 6 De tanto ler o noticiário, acerca de violência e de tanto anotar os assaltos que se ampliam por tantas maneiras diferentes, me veio a ideia de entrar na posse de arma em que baseasse a minha defesa pessoal, em circunstâncias perigosas e inesperadas.

7 Comprei o revólver que mais se parecia a uma peça de museu, à vista de minha inexperiência no assunto.
Coloquei a peça em minha pasta de serviço, mais no propósito de recuperá-la, através de rigorosa limpeza, que de usá-la por mim mesmo.

8 A aquisição me passou pela cabeça por assunto banal que não me pedia qualquer consideração especial.
Longe me achava de pensar que o apetrecho se voltaria contra mim, sem o concurso de minhas próprias mãos.

9 Era sexta-feira e imaginava como seria o repouso domingueiro, quando busquei a companhia do nosso Luiz Antonio, a fim de trocarmos opiniões sobre negócios habituais.

10 Tudo seguia com espontaneidade em nosso encontro de escritório, quando a pasta caiu no piso da sala e a disparada se processou, fatal.

11 Lembro-me apenas de que fui atingido pelo projétil que rompera o próprio revestimento da bolsa para alcançar-me e coloquei a mão no peito, experimentando uma dor aguda que, sem demora, se converteu em mim, no assombro que me prostrou. 12 Quis reagir, falar, perguntar, observar com mais clareza o que se passava, no entanto, creio que perdia sangue à medida que adquiria o torpor que me pôs em branco as menores linhas do pensamento…

13 Só mais tarde, entendi que uma força divina me propiciara a bênção do sono que me dominou por vários dias…
Quantos, ainda não sei…

14 Recordo-me, porém, de que despertei na ideia de que seria recuperado.
Tudo à frente se revestia de tanta identificação com o que via na Terra que, de imediato, me supus num hospital de socorro urgente, mas, pouco a pouco, os enfermeiros que me acompanhavam me deram a entender que tudo era diferente…

15 Meu corpo era o mesmo, aos meus olhos, e a região do ferimento trazia tampões adequados, induzindo-me a crer que me achava em nosso Plano de experiências físicas.

16 Tão logo melhorei, trouxeram-me vovó Maria de Freitas para o diálogo.
Não a conheci, de pronto, no entanto, com a paciência que somente as mães conseguem acumular, me notificou o ocorrido…
Senti-me desorientado, aflito…
Bastou que a verdade me invadisse a mente, para que me abrisse aos sentimentos do lar e, então, qual se eu trouxesse um vídeo por dentro de mim, passei a vê-los orando e chorando por minha causa…

17 Mamãe Terezinha, o que sofri, não sei descrever. Foi aquele anseio de regresso que não conseguia coibir…
Entretanto, fui obrigado a vê-los reclamando em pranto a minha ausência e, debalde, buscava eu fazer-me entendido, explicando-lhes que eu vivia.

 18 Sei que a vovó Antonia veio igualmente em meu socorro e, amparado por vários amigos, comecei a retomar-me…
Compreendi, afinal, que para mim o período de obrigações no mundo havia terminado e busquei revisar as lições de coragem e as preces de amor a Deus que eu trazia de casa.

19 A coragem está voltando e a fé está renascendo em mim, mas apresso-me a pedir-lhes paciência e tranquilidade em auxílio a nós todos.

20 Mãezinha, prossiga valorosa e calma.
O filho não morreu.
Estou em outras condições de existência e encontrarei meios de lhes ser útil.

 21 Rogo a ambos, pais queridos, conservarem a nossa fé na Bondade de Deus que unicamente nos oferece o melhor.
Não permitam que a dor assuma caráter mais grave em nossos pensamentos.

22 Recordem o Carlos Ronaldo, a Carmen, o Raimundinho e a Patrícia que necessitam de vocês para vencerem a luta.
Os irmãos e nós precisamos do amparo com que nos estimulam a trabalhar e a viver.

23 Tenhamos a certeza de que ninguém teve culpa na ocorrência.
Um tiro desferido de uma pasta de serviço!

24 Eis o quadro em que o Senhor permitiu que eu viesse a sofrer, decerto resgatando dívidas que tenho para trás.
Todos estamos enlaçados em processos de contas que não devem se eternizar e, na essência, cabe-nos render graças a Deus por havermos encontrado o ensejo de renovação e melhoria para nós mesmos.

25 Querida mamãe, nada posso pedir em casa, porque recebi dos pais e dos irmãos queridos as melhores demonstrações de carinho, mas se julgarem que ainda posso rogar algum favor, peço à nossa Carmen Radige nos ajude, renunciando ao desquite em formação.

26 O nosso Luiz Antonio é um homem nobre e digno.
E a filhinha reclama segurança para o amanhã.
Que a nossa querida Radige reconsidere a sua própria atitude.
O cunhado é meu verdadeiro irmão e nutre pela irmã tanto amor que não me pejo de solicitar a ela nos auxilie, na sustentação de nossa paz, encerrando uma questão que nasceu sem que nenhum de nós a justifique.

27 Que a nossa querida Carmen possa me escutar, não que eu mereça atenção alguma, no entanto, fui eu aquele irmão que a morte do corpo transformou de tal modo que não tenho outro recurso senão este, de rogar à irmãzinha permaneça calma e otimista em seus encargos de esposa e mãe. Luiz Antônio entenderá.

28 Ele tem estado sob enorme fadiga…
Pensa em nossa estimada dona Ana, em seu papai Agostinho, em sua prima que me antecedeu na mudança em que me vejo e precisa tanto de nossa Radige que, com a Bênção de Jesus, permanecerá em seus compromissos.

29 Envio meu grande abraço a todos, entretanto, peço ao Raimundinho tomar-me o lugar de colaborador do papai, a fim de que me asserene, pois ainda me reconheço em desajuste psicológico, embora o auxílio constante que recebo.

30 Mãezinha Terezinha e querido papai Raimundo, não posso continuar.
A emoção me sufoca a fonte dos pensamentos e me cria impedimentos que não sei descrever.

31 Termino aqui esta carta, rogando-lhes amparo, o amparo da fortaleza de ânimo que me podem efetivamente doar.
Não chorem tanto, refletindo em mim e sim meditemos nas bênçãos de Deus que recebemos, todos os dias.

32 Papai Raimundo, Deus o abençoe, junto da mamãe Terezinha, infundindo-lhes energias novas para vencermos as atuais tribulações.
Com muito carinho aos irmãos queridos, entrega-lhes o coração saudoso, o filho que lhes pertence com o favor de Deus.

33 Sempre o filho reconhecido,

Claudinho. n




COMENTÁRIOS


Nas mensagens recebidas com o carinho de quem as escreve e o amor de quem as recebe, demonstram cada vez mais o verdadeiro sentido de nossa vida em comum.

É Jesus presente, é Jesus com todos.

É dando que se recebe e amando que se é amado. Nestes ensinamentos e mensagens se entende todo o Evangelho de Jesus:

Ame o teu próximo como a ti mesmo.” ( † )

Não seremos nós, os implicados nesta visão de Jesus, nos momentos de dor e ansiedade?

Reflitamos sobre a mensagem de Cláudio.




PESSOAS E FATOS


Cláudio Rogério Alves do Nascimento.

Nascimento: 22.5.1958.
Desencarnação: 15.2.1980.

Pais: Raimundo Alves do Nascimento e Tereza Alves do Nascimento. Rua Vieira de Almeida, 81, São Paulo - SP.

Irmãos: Carmem Radige, Carlos Ronaldo, Raimundinho e Patrícia.

Avó: Maria Pereira de Freitas, paterna.

Bisavó: Antônia Pereira de Freitas, paterna.

Cunhado: Luís Antônio.

Ana Ferreira Morgado, desencarnada, sogra de Carmem Radige.

Agostinho Ferreira Morgado, sogro de Carmem Radige.


Rubens S. Germinhasi


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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